Algumas plantas, para crescerem, precisam, em determinado intervalo de tempo, de vasos maiores. Se plantadas em pouco espaço, definham, murcham. Sem oportunidades para expandirem, morrem. Observando plantas aprendemos muito sobre nós, humanos. Algumas pessoas são como estas árvores, que em vasos pequenos, sem espaço para que as raízes cresçam, acabam por definhar. Sob olhos atentos, à tempo, conseguem novas oportunidades e aí desabrocham, crescem, se desenvolvem, dão frutos.
Já outras, se tornam bonsais. De tanto serem podadas, diminuídas e espremidas em vasos minúsculos, sob técnicas precisas de quem as manipula, se esquecem de que são árvores de verdade e que podem crescer. Se contentam em ser apenas miniaturas, um esboço da grandeza que poderiam ter. Embelezam, encantam, algumas até dão frutos, mas jamais saberão o que é ser sombra em terra fértil. Fadadas a eternamente serem parte de um mini vaso, com potência para alcançarem céus.
Nasci planta frágil, mas tive a sorte de ser regada e podada no tempo certo. Não permaneci em vasos pequenos e nem deixei que me tornassem um bonsai, por mais que tivesse vontade de permanecer ali. Algumas vezes, fui retirada de vasos dos quais gostava muito e que, apesar de apertados, ainda me eram confortáveis. Entretanto, com o tempo, aprendi que quando a vida me retira de determinado lugar é porque naquele recinto já não haveria mais nutrientes e espaço suficientes para mim.
Descobri que a gente cresce na marra. Ser retirada às forças dói um pouco, causa incômodo, mas é importante para que a planta continue crescendo, para que suas raízes se ampliem.
Em outros casos, esse crescimento pode ser limitado pela presença de plantas parasitas, que roubam os nutrientes, sugam as forças e atrapalham a síntese de compostos orgânicos da planta hospedeira. Elas matam aos poucos. Se não há um olhar atento para ceifar a parasita ou retirar a hospedeira do local, uma acaba fazendo com que a outra definhe, perca suas forças diante do roubo de energia constante.
Em ambas as situações, o ponto-chave é saber a hora certa de fazer o transplante de vaso. O tempo da poda, quando acrescentar novos nutrientes, regar, trazer plantas companheiras para aquele vaso solitário. Retirar do vaso e replantar no chão, lá fora, no jardim.
Muitas vezes nós somos nossos próprios jardineiros. Em várias situações, a própria vida faz o papel de poda e troca de vasos forçada. Esse ano me ensinou, com algumas perdas bruscas, que é muito mais difícil resistir do que fincar raízes em outros locais mais férteis. Talvez haja mais beleza e crescimento na impermanência. Afinal de contas, é assim o ciclo da natureza da vida.