28 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 27/03/2016 às 14:20

A maior das crises: política

O professor e presidente da Associação Brasileira de Ciência Política, Leonardo Avritzer, acaba de lançar o livro “Impasses da Democracia no Brasil” e, nele, argumenta que a saída da crise está na política e não na Justiça. A ideia do professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está centrada em muita coerência, em contraposição à onda histérica de que “juízes salvadores ou heróis” vão resolver o problema do pais.

Ele é mais um a reforçar a crítica ao “presidencialismo de coalizão” que rege a estrutura política brasileira, na gestão do Governo Federal, numa entrevista à Carta Capital. Na pesquisa do autor, desde 1994, os presidente eleitos não conseguiram, com seus partidos, ter mais que 20% dos votos no Congresso. Para isso, precisam de alianças com os outros partidos para conseguir administrar. 

O Poder Executivo, recentemente, perdeu poder, cresceu o Poder Judiciário e as estruturas de investigação. No entanto, a politização do sistema judiciário tem afetado a imagem das instituições. Do Legislativo, mais que óbvio, a queda de credibilidade é vertiginosa.

É muito coerente a visão do professor quando afirma que não existe saída judicial para a crise. Assim, qual seria o caminho? Leonardo sugere um que PT, PMDB e PSDB deveriam integrar um acordo para encontrar a saída. Mas, a opinião mais polêmica do professor é a sugestão de limitação da autonomia do Judiciário e da polícia. O debate é, ou a defesa, no entanto, repercute mal, no momento, junto à opinião pública. Afinal, é nestes poderes que os “novos heróis nacionais”. 

No ambiente de pedido de impedimento da presidente Dilma Roussef, com acirramento da luta política, com viés eleitoral, haveria condições para qualquer negociação com a liderança destes partidos? Hipoteticamente, a perspectiva apontada pelo professor somente seria possível num momento pós-conclusão do processo de impedimento e, talvez, aconteça caso a presidente Dilma continue no cargo. 

É importante considerar que o desenrolar das decisões e conflitos tendem à continuidade com o julgamento das contas da presidente no Tribunal Superior Eleitoral e o julgamento das diversas ações judiciais que tentar tirar o mandato da presidente. Os políticos levaram o ambiente e as decisões para o Poder Judiciário e, agora, vão ter que aguentar.

De volta à questão inicial, a saída para a crise política, que contamina radicalmente a crise econômica, só tem um caminho: a negociação política. Negociações, assim, carece de líderes com autoridade e força. Nisso, o Brasil está carente.

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .