10 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 09/09/2017 às 22:12

A guerra do Brasil

Fosse o Brasil um filme, antes de tudo eu ia querer conhecer o roteirista. Pediria autógrafo. Faria selfie e espalharia a foto nas redes sociais. Fã. Muito fã.

Mas fosse mesmo um filme, com certeza o Brasil seria um filme com guerra. Não necessariamente ‘de’ guerra. Mas teria guerra, com certeza. Certamente várias.

E agora estaríamos em um ponto alto. No fim? Talvez. Enfim, em momento culminante, ápice, fundamental. Quem sabe, definitivo. Quem sabe, apocalíptico.

Sim, naqueles minutos em que um bom filme chega à exclamação.

Depois de todo mundo atirar em todo mundo, o inevitável era esperar a poeira baixar, para ver o que restou, quem sobrou para continuar a história. Ou dar cabo de tudo, absolutamente.

Lula resistirá ao disparo do canhão de Antonio Palocci, que falou ao juiz Sérgio Moro de um certo “pacto de sangue” entre a Odebrecht e o PT envolvendo R$ 300 milhões? E que ele, Lula, recebeu pessoalmente R$ 4 milhões em espécie?

Moro ficará vivo, ou morto-vivo, depois das afirmações do advogado Rodrigo Tacla Duran, que, lá da Espanha, envolveu sua mulher, Rosângela Moro, e seu amigo Carlos Zucolotto, sócios em um escritório de advocacia, em caso de suposta cobrança de propina para fechamento de delação com procuradores de Curitiba?

O presidente Michel Temer permanecerá de pé se confirmados os informes vazados da delação do doleiro Lúcio Funaro, operador do PMDB ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha, e caso a PGR apresente nova e fundada denúncia contra ele?

Quantos deputados e senadores – já abalados pelo listão da Odebrecht e outras (des)avenças de construtoras e empresas tais – restarão desta mesma delação de Funaro?

O que será de Rodrigo Janot e da Lava Jato, pós gravações de Joesley Batista que colocam em xeque as delações comandadas pelo seu braço direito e, portanto, as gravações contra Temer?

E o MPF, heim? E a PF-a-lei-é-para-todos, ou quase? E o Aécio Neves, o José Serra, o Geraldo Alckmin? Quê dizer?

E o ministro Gilmar Mendes? E a Justiça Brasileira? Pensar o quê?

A verdade virá à tona? Qual verdade?

Nos últimos dias, o cenário no Brasil é de terra arrasada. Salve-se quem puder.

Não estivéssemos falando em fim de filme, seria o caso de considerar que é o fim do mundo.

Quando a poeira baixar, saberemos: ou todos se mataram, ou todos se salvaram. Se não morrer antes, quem sabe será você a rir por ultimo?

Rir de si mesmo. Por que não?

Vai prevalecer a interpretação. Nos dois sentidos. A dos atores, que participam do filme. E a do povo, que o assiste. E vice-versa, porque a obra é prima. Prima da tragédia.

Se topar, vamos juntos à noite de autógrafos.