A indefinição do PSDB sobre o que fazer com o presidente Michel Temer (PMDB), se mantém ou não o apoio, pode ser sentida no discurso do governador goiano Marconi Perillo neste final de semana.
Primeiro, o sinal da ponderação:
“Algumas pessoas do PSDB defendem o desembarque, outras acham que é preciso ver o que fazer para que a gente não desencaminhe o que já está bem encaminhado na economia”, disse.
Em seguida, a angústia da encruzilhada:
“Enfim, é uma situação delicada e, mais do que nunca nós temos que conversar muito e pensar no que é melhor para a nação.”
Caso os tucanos desembarquem do governo, o destino de Temer estará selado. Os tucanos são os maiores fiadores do preemedebista. Sem eles, o presidente estará definitivamente sozinho.
Ato seguinte ao anúncio do PSDB pela saída do governo, caso ocorra, virá a precipitação da queda de Temer. Tudo andará mais rápido.
O ex-presidente FHC tem alternado entre pedir a renúncia de Michel Temer e confortá-lo. FHC mostra que está mais do que nunca é em busca de uma saída ao pós-Temer. Baratinado no presidente, ele tenta encontrar rumo no futuro.
A estratégia de todos, e não apenas do presidente, é ganhar tempo. Temer quer tempo para ver se fica. Os demais, para ver como é que fica.
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Michel Temer vai fazer o que puder pra ficar. Vai jogar o tudo ou nada.
Em caso de eleição indireta, é preciso escolher um nome desde já. Quem? Henrique Meirelles? Nelson Jobim? Rodrigo Maia? Nenhuma das alternativas?
É preciso escolher desde já para que ele vá com eleição garantida na disputa no Congresso. Isso daria estabilidade a todos na transição: mercado financeiro e mercado político.
Este nome parece ser o principal ponto a arrastar a indefinição geral no mundo político, à frente o PSDB. Quando ele estiver escolhido, tudo deve andar mais rápido.
Nesse meio tempo, as gavetas vão sendo arrumadas.
O porém é o povo.
É pequena, por enquanto, a adesão nas ruas às Diretas Já. Mas o assunto domina todos os ambientes, em Brasília e nas esquinas de Goiânia.
Diretas imediatamente não é uma solução fácil. Precisaria contrariar a Constituição. Mas…
Também os defensores das Diretas correm com o tempo. Aceleram as articulações, enquanto contam com o aumento da indefinição nos rumos para alimentar a pauta.
Para o Brasil, o tempo nunca foi tão senhor da razão.
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