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A sobrevivência do presidente Michel Temer (PMDB) ganhou novo reforço desde que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou o relatório que rejeita a segunda denúncia contra ele. Por 39 votos a 26, a base governista saiu vitoriosa e fez sorrir o mandatário da República. De quebra, aliviou também para os ministros Eliseu Padrilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) que foram beneficiados pela mesma decisão, pois os denunciados estão num único processo. Apesar das dificuldades, Temer sobreviverá ao plenário?
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A indicação da CCJ dá uma previsibilidade maior para a rejeição da denúncia, e consequente aprovação do relatório de Bonifácio Andrada (PSDB), com a continuidade do governo de Temer. Os opositores precisarão de 343 votos para derrubar o relatório e inverter o jogo. Não há, hoje, qualquer possibilidade política para que o número seja alcançado, apesar das dissidências, como a do deputado do PSDB de Goiás, Fábio Sousa, que, mesmo que o partido dele integre o governo, votará contra o presidente.
Nos bastidores, Temer agiu. E alguém, em sã consciência, teria a ilusão de que o presidente não utilizasse os poderes e recursos que tem para negociar – e confirmar – a sua permanência no poder? Inocentes estariam esperando que o presidente ficasse estacionado enquanto esperaria o bonde da história passar? Temer fez tudo para permanecer no cargo. Republicamente ou não, agiu como dono do poder que tem.
Uma especialidade do presidente é escrever cartas. Lembra-se daquela que foi escrita para Dilma Roussef e que informava da saída da articulação política? Agora, Temer enviou uma correspondência aos parlamentares anunciando a existência de uma conspiração para derrubá-lo. O conteúdo, antes da reunião da CCJ, serviu para a finalidade a que se destinava: A preservação do mandato. E, funcionou.
“Jamais poderia acreditar que houvesse uma conspiração para me derrubar da presidência da república. Mas os fatos me convenceram. E, são incontestáveis”, disparou o presidente com precisão cirurgica. Até esta data, havia uma percepção de que o mandato estaria escorregando pelas mãos do presidente. Depois, não não mais.
O momento, no entanto, revela uma ironia quando temer reclama da conspiração política contra ele ao passo que o próprio presidente – é fato conhecido – foi ator da derrubada política de Dilma Roussef, junto com vários outros nomes de seu gabinete de governo, atualmente.
Não menospreze o poder da caneta quando ele é exercido por um governante que sabe o que pode ser feito com ela. Assim, Michel Temer sobrevive, apesar de todos os desgastes que sofre na avaliação da opinião pública. De um lado, a caneta e o poder. Do outro, o poder do voto e uma faca. O objeto cortante também sabe como a caneta pode funcionar. Mesmo que sejam muitas facas contra apenas uma poderosa caneta.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .