O professor de políticas públicas da Universidade da Califórnia, Robert Reich, interpretou o fenômeno Donald Trump na disputa para presidente dos EUA (LEIA aqui) e encontrou um fenômeno que pode replicar no Brasil, nestas e nas próximas eleições: A ascensão da “antipolítica”.
O que é o antipolítico?
Para o professor Robert Reich, “a política antiga depende de discursos cuidadosamente lapidados e propostas calculadas para agradar a certos contingentes de eleitores. Nesse sentido, as propostas e discursos de [Hilary] Clinton são quase impecáveis”. Esse não é o parâmetro da nova política. Trump é um candidato “durão” que não prepara propostas medidas para cada tipo de público.
O professor diz que, na era da antipolítica, “os americanos são céticos em relação a esses discursos bem-acabados e essas propostas detalhadas. Eles preferem autenticidade. Eles querem que seus candidatos não tenham filtros nem sigam roteiros.”
Ele relata que muitos analistas consideravam as declarações ultrajantes do candidato como a base da rejeição dele na disputa presidencial. No entanto, são justamente as características de Trump que são alvos de muitas críticas a principal base da conquista de apoios que ele conseguiu.
O professor relata que as posições duras de Trump contra empresas que exportam empregos para outros países têm ganhando adesão de muitos eleitores americanos. Em outra abordagem, o professor apresenta a declaração de um eleitor que vai votar no empresário porque ele não é político.
Trump aperfeiçoou a arte da antipolítica numa época “em que o público detesta a política tradicional”, opinou o professor e é neste ponto que a conexão com a política brasileira merece atenção e uma análise.
Os candidatos a prefeito de Goiânia, por exemplo, tem falado da dificuldade de diálogo e do distanciamento do eleitor em relação aos politicos. Ou seja, o eleitor goianiense também tenderia a rejeitar o jeito tradicional, sem autenticidade, de “fazer política”.
É bastante provável, então, que o estilo do delegado Waldir Soares tenha conquistado adeptos para uma votação extraordinária para deputado federal e aparecido na liderança das pesquisas para prefeito de Goiânia baseado no mesmo princípio. Ele aparece como um usuário da antipolítica. Ou, pelo menos, aparecia. Nas entrevistas recentes tem mostrado que está com um discurso calculado e preparado.
Então, a antipolítica pode aproximar os candidatos do eleitor? Não é tão simples assim. Mas, o caminho pode ser seguido por alguns candidatos. Do mesmo modo que o professor Robert Reich observa o sucesso da antipolítica há que se ressaltar a importância da autenticidade. De nada adianta o candidato criar uma imagem do que realmente não é. O eleitor percebe: o que é e o que não é autêntico.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .