A reunião entre o governador de Goiás Marconi Perillo e o prefeito de Goiânia Paulo Garcia, na terça, 15, é um exemplo de como se constrói um fato. Aliás, uma arte muito praticada pelos lados da assessoria do Palácio das Esmeraldas.
A leitura da notícia divulgada pela assessoria de imprensa do governador, e reproduzida por jornais e rádios, induz a conclusão de que Perillo teria definido um leque de obras para a cidade de Goiânia.
E isso não é verdade.
Vamos aos fatos, listados como situações.
SITUAÇÃO UM:
Partiu do governador Perillo o convite para que Paulo Garcia fosse ao gabinete dele o mais rápido possível. Garcia, com agenda cheia na manhã e na tarde de terça, quis saber o que moveria a agenda e foi informado, simplesmente, que o governador teria “um documento importante” para entregar ao prefeito. E tinha que ser pessoalmente.
Assim, o evento não constava da agenda de nenhum deles e não houve preparação dos dois lados para qualquer reunião para definição de obras na cidade.
Então, o encontro que foi tratado como “definidor de obras”, não durou mais que 30 minutos.
SITUAÇÃO DOIS:
O documento importante era a licença da Secretaria do Meio Ambiente para a construção do BRT no eixo norte-sul. A assessoria do governador divulgou que o prefeito de Goiânia teria agradecido a celeridade. Aliás, a agilidade não foi tão grande assim. O protocolo da licença ambiental foi feito pela prefeitura de Goiânia em 03/08/11. Ou seja, passaram-se 17 meses e meio para que fosse liberado. Quase 1 ano e 6 meses.
SITUAÇÃO TRÊS:
A entrega da licença poderia ter sido feita por protocolo ou “envio de malote”, atendendo à natural burocracia. Mas, não. O ato administrativo foi levado para a sede do governo de Goiás para que fosse feito um ato político. Qual o sentido disso? Está claro que poderia ser produzido um ato que seria o “definidor” de obras de Goiânia. E, assim, foi vendido.
SITUAÇÃO QUATRO:
É um precipitação considerar que um encontro, combinado às pressas, para entrega de um documento de análise técnica, chegue à conclusão de que “obras foram definidas”. Ou, então, que possa dissipar algum mal-estar entre os dois pólos políticos Marconi Perillo e Paulo Garcia representam.
SITUAÇÃO CINCO
A divulgação que a assessoria de imprensa do governador Perillo montou cria uma confusão entre o administrativo e o político. Aliás, isso não é novidade. Além do documento, nada ficou confirmado por que as promessas de investimento do Estado em viadutos não tem estimulado em nada a crença no Paço Municipal de que vá ser cumprido. Basta pegar as declarações do governador sobre o assunto, eram três viadutos, agora, um único que, aliás, talvez haja recursos do tesouro para colaborar com uma licitação já feita. Fato: isso nunca será feito.
Assim, a arte de criar um fato e vender uma versão mais uma vez foi exercitada com maestria pelos assessores do governado. A questão é saber se a opinião pública está envolvida para acreditar neles. Por outro lado, conste-se em ata a dificuldade, ou indisposição, da assessoria do prefeito de Goiânia, e do próprio, em combater ou tentar vender uma outra versão.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .