29 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 28/12/2012 às 03:25

2014: em Goiás, o jogo está aberto em todas as direções. Ninguém é de ninguém

(Artigo publicado no Diário da Manhã, 28/12/12)


 

O grande fato novo da política goiano é que ninguém é de ninguém.

Há um governador desgastado, com perspectiva de poder abalada para a reeleição, e uma oposição por se estabelecer, e que pode vir de qualquer lado, inclusive de dentro do governo.

Há mais: indefinições por todos os lados, a começar pelo governador, que pode nem ser candidato, o que por si só abre mais uma frente de guerra para saber quem vai substituí-lo.

E ainda: há espaço de sobra para surgir um ‘novo’ e se estabelecer. E ‘novo’ porque hoje nem ‘existe’ nas bolsas de apostas.

Está tão aberto o campo de negociações em Goiás que é difícil arriscar quem vai ficar com quem de forma segura.

Se se partir do pressuposto de que PSDB e PMDB-PT estarão em lados opostos, a partir daí tudo é possível.

Aparentemente, PSD fica com os tucanos no Estado. Mas e se Gilberto Kassab negociar com a presidente Dilma, em Brasília, e isso se estender para os Estados?

O fator Dilma é importante nessa e em todas as outras avaliações porque ela deverá ser candidata à reeleição e terá de construir a base de sua estrutura política e isso terá naturalmente implicações diretas nos Estados.

Em Goiás, Dilma tem PMDB e PT como aliados inevitáveis; e PSD, PTB, PSB, PR etc, como potenciais.

No que se refere ao PSD, ainda assim é razoável acreditar que o PSD goiano ficará com o PSDB do governador Marconi Perillo.

A aposta do presidente local do partido e deputado federal Vilmar Rocha é clara: Senado ou vice de Marconi.

Isto posto, pode ser que tenhamos um PSD dividido, fazendo campanha para Dilma, aliada de PT e PMDB em Goiás, e para Marconi.

Nesse caso, o que o PSD poderá acrescentar ao governador? Tem estrutura partidária sólida no interior para puxar votos? Uma chapa de candidatos a deputado suficiente para fazer a diferença?

Nesse último caso, dá até para dizer que sim, porque o partido tem nomes competitivos – por conta da capacidade de gasto ou de articulação – como Thiago Peixoto, Heuler Cruvinel e Armando Vergílio.

Mas esses nomes são todos verdadeiramente oposição a Dilma para fazer uma campanha absolutamente marconista no Estado?

O que se sabe é que Armando e Heuler, todos hoje deputados federais, se apresentam como da base dilmista. Devem fazer mais uma campanha própria do que para Marconi…

O que só reforça a divisão do PSD.

O PTB de Jovair/Henrique Arantes vai no mesmo caminho. É dilmista e marconista. No fim das contas, vale o interesse partidário, notadamente pessoal do deputado federal Jovair. Pode ser Marconi com convicção; pode não ser. Depende.

O PSB do presidenciável Eduardo Campos – atual governador de Pernambuco – é outra legenda que ninguém sabe para onde vai.

Júnior Friboi se apresenta como candidato a governador e procura se posicionar como oposição a Marconi Perillo. Não convence.

Friboi dá sempre a entender que, se Marconi acenar para uma desistência de candidatura à reeleição, pode virar o candidato marconista.

À parte isso, há o jogo nacional de Campos, que pode ficar ou não com Dilma, e há principalmente os interesses do grupo JBS, ligado ao PT e que pode, de última hora, atender a um pedido da presidente para enviar Júnior a uma missão no exterior. Não seria a primeira vez.

A própria aliança PT-PMDB em Goiás é uma coisa tida como certa, porém… a depender de alguns considerandos.

O candidato a governador será do PMDB ou do PT? O prefeito reeleito de Goiânia, petista Paulo Garcia, será ou não candidato com aval do peemedebista Iris Rezende? Aliás, Iris vai apoiar Paulo ou vai ele mesmo encarar nova disputa?

E o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, do PT, consegue convencer o PMDB de que não fez corpo mole na campanha de Iris, em 2010, e merece, sim, o apoio para ser ele o nome da aliança?

Os dois partidos, PT e PMDB, em se entendendo, são fortes, tem tudo para vencer – como mostraram Iris e Paulo Garcia em Goiânia; mas, em se dividindo, são dois braços sem controle, imprevisíveis, têm tudo para mais uma vez perder.

Outros partidos também falam em lançar candidato a governador. Porém, falam sem mostrar o que têm. Têm?

E tem quem se apresenta na teoria, sem mostrar base prática.

Vanderlan Cardoso tenta se viabilizar para 2014.

Mas sem partido, atritado com PT e PMDB, oscilando em se assumir como oposição ao tucano Marconi Perillo, para onde vai Vanderlan?

Hoje ele vende a ideia de uma nova terceira via que teria como outro aliado o DEM do deputado federal Ronaldo Caiado.

Vanderlan e Caiado juntos como alternativa?

Em que termos?

O DEM está na base de Marconi Perillo, já que o vice-governador – José Éliton – é da legenda, e é oposição nacional a Dilma.

Caiado, no entanto, não tem uma boa relação com Marconi, está em atrito com Éliton e alimenta essa ideia de uma alternativa com Vanderlan.

Alimenta principalmente o desejo de ser candidato a governador ou a senador.

Ou seja: o que fará de fato?

O que virá de José Éliton, que se agrupa com o deputado estadual Helder Valin, presidente eleito da Assembleia Legislativa, e Jardel Sebba, presidente que sai prefeito eleito de Catalão, ambos tucanos mas não tão afinados assim com Marconi Perillo – a não ser quando atendidos nas pressões corriqueiras e escancaradas por nomeações e outras avenças políticas?

O que vem, o que vai na disputa pelo poder em Goiás é uma incógnita que deixa todos de sobreaviso e cheios de devaneios: como ninguém é de ninguém e tudo está aberto, ser candidato e, inevitavelmente, ser eleito é apenas um detalhe.

Daí que, apesar de todos os pesares…

…Friboi vê chance de ter apoio de PT e PMDB…

…Vanderlan acredita que ainda pode aglutinar todos os ‘oposicionistas’

…Iris sonha com mais uma disputa…

…Paulo Garcia e Gomide estão prontos para colocar o chamado time em campo…

…Caiado põe fé em ter com ele candidato a governador até os peemedebistas…

…Marconi Perillo se anima com a reeleição (nada como uma boa negociação, política ou não, para selar uma aliança que passa por cima de desgastes e denúncias)…

…Armando Vergílio e Vilmar Rocha se apresentam para o que der e vier, seja Senado, seja vice, seja governo…

…José Éliton busca formar ou integrar um grupo, como forma de segurar a vice ou, quem sabe, ir além…

…e quem não é nem citado – do governo, fora, lá e cá, dos dois… – vê possibilidades reais de ser o escolhido, de ser o… Eleito!

Goiás é o Estado onde, diante de uma vitória tão provável, a guerra nos bastidores não tem cor partidária, não tem fidelidade canina, muito menos ideologia. Limites, então, nem pensar.

O jogo está aberto para o bem e para o mal.

2014: em Goiás, o jogo está aberto em todas as direções. Ninguém é de ninguém

 

 

 

 

 

O grande fato novo da política goiano é que ninguém é de ninguém.

 

Há um governador desgastado, com perspectiva de poder abalada para a reeleição, e uma oposição por se estabelecer, e que pode vir de qualquer lado, inclusive de dentro do governo.

 

Há mais: indefinições por todos os lados, a começar pelo governador, que pode nem ser candidato, o que por si só abre mais uma frente de guerra para saber quem vai substituí-lo.

 

E ainda: há espaço de sobra para surgir um ‘novo’ e se estabelecer. E ‘novo’ porque hoje nem ‘existe’ nas bolsas de apostas.

 

Está tão aberto o campo de negociações em Goiás que é difícil arriscar quem vai ficar com quem de forma segura.

 

Se se partir do pressuposto de que PSDB e PMDB-PT estarão em lados opostos, a partir daí tudo é possível.

 

Aparentemente, PSD fica com os tucanos no Estado. Mas e se Gilberto Kassab negociar com a presidente Dilma, em Brasília, e isso se estender para os Estados?

 

O fator Dilma é importante nessa e em todas as outras avaliações porque ela deverá ser candidata à reeleição e terá de construir a base de sua estrutura política e isso terá naturalmente implicações diretas nos Estados.

 

Em Goiás, Dilma tem PMDB e PT como aliados inevitáveis; e PSD, PTB, PSB, PR etc, como potenciais.

 

No que se refere ao PSD, ainda assim é razoável acreditar que o PSD goiano ficará com o PSDB do governador Marconi Perillo.

 

A aposta do presidente local do partido e deputado federal Vilmar Rocha é clara: Senado ou vice de Marconi.

 

Isto posto, pode ser que tenhamos um PSD dividido, fazendo campanha para Dilma, aliada de PT e PMDB em Goiás, e para Marconi.

 

Nesse caso, o que o PSD poderá acrescentar ao governador? Tem estrutura partidária sólida no interior para puxar votos? Uma chapa de candidatos a deputado suficiente para fazer a diferença?

 

Nesse último caso, dá até para dizer que sim, porque o partido tem nomes competitivos – por conta da capacidade de gasto ou de articulação – como Thiago Peixoto, Heuler Cruvinel e Armando Vergílio.

 

Mas esses nomes são todos verdadeiramente oposição a Dilma para fazer uma campanha absolutamente marconista no Estado?

 

O que se sabe é que Armando e Heuler, todos hoje deputados federais, se apresentam como da base dilmista. Devem fazer mais uma campanha própria do que para Marconi…

 

O que só reforça a divisão do PSD.

 

O PTB de Jovair/Henrique Arantes vai no mesmo caminho. É dilmista e marconista. No fim das contas, vale o interesse partidário, notadamente pessoal do deputado federal Jovair. Pode ser Marconi com convicção; pode não ser. Depende.

 

O PSB do presidenciável Eduardo Campos – atual governador de Pernambuco – é outra legenda que ninguém sabe para onde vai.

 

Júnior Friboi se apresenta como candidato a governador e procura se posicionar como oposição a Marconi Perillo. Não convence.

 

Friboi dá sempre a entender que, se Marconi acenar para uma desistência de candidatura à reeleição, pode virar o candidato marconista.

 

À parte isso, há o jogo nacional de Campos, que pode ficar ou não com Dilma, e há principalmente os interesses do grupo JBS, ligado ao PT e que pode, de última hora, atender a um pedido da presidente para enviar Júnior a uma missão no exterior. Não seria a primeira vez.

 

A própria aliança PT-PMDB em Goiás é uma coisa tida como certa, porém… a depender de alguns considerandos.

 

O candidato a governador será do PMDB ou do PT? O prefeito reeleito de Goiânia, petista Paulo Garcia, será ou não candidato com aval do peemedebista Iris Rezende? Aliás, Iris vai apoiar Paulo ou vai ele mesmo encarar nova disputa?

 

E o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, do PT, consegue convencer o PMDB de que não fez corpo mole na campanha de Iris, em 2010, e merece, sim, o apoio para ser ele o nome da aliança?

 

Os dois partidos, PT e PMDB, em se entendendo, são fortes, tem tudo para vencer – como mostraram Iris e Paulo Garcia em Goiânia; mas, em se dividindo, são dois braços sem controle, imprevisíveis, têm tudo para mais uma vez perder.

 

Outros partidos também falam em lançar candidato a governador. Porém, falam sem mostrar o que têm. Têm?

 

E tem quem se apresenta na teoria, sem mostrar base prática.

 

Vanderlan Cardoso tenta se viabilizar para 2014.

 

Mas sem partido, atritado com PT e PMDB, oscilando em se assumir como oposição ao tucano Marconi Perillo, para onde vai Vanderlan?

 

Hoje ele vende a ideia de uma nova terceira via que teria como outro aliado o DEM do deputado federal Ronaldo Caiado.

 

Vanderlan e Caiado juntos como alternativa?

 

Em que termos?

 

O DEM está na base de Marconi Perillo, já que o vice-governador – José Éliton – é da legenda, e é oposição nacional a Dilma.

 

Caiado, no entanto, não tem uma boa relação com Marconi, está em atrito com Éliton e alimenta essa ideia de uma alternativa com Vanderlan.

 

Alimenta principalmente o desejo de ser candidato a governador ou a senador.

 

Ou seja: o que fará de fato?

 

O que virá de José Éliton, que se agrupa com o deputado estadual Helder Valin, presidente eleito da Assembleia Legislativa, e Jardel Sebba, presidente que sai prefeito eleito de Catalão, ambos tucanos mas não tão afinados assim com Marconi Perillo – a não ser quando atendidos nas pressões corriqueiras e escancaradas por nomeações e outras avenças políticas?

 

O que vem, o que vai na disputa pelo poder em Goiás é uma incógnita que deixa todos de sobreaviso e cheios de devaneios: como ninguém é de ninguém e tudo está aberto, ser candidato e, inevitavelmente, ser eleito é apenas um detalhe.

 

Daí que, apesar de todos os pesares…

…Friboi vê chance de ter apoio de PT e PMDB…

…Vanderlan acredita que ainda pode aglutinar todos os ‘oposicionistas’

…Iris sonha com mais uma disputa…

…Paulo Garcia e Gomide estão prontos para colocar o chamado time em campo…

…Caiado põe fé em ter com ele candidato a governador até os peemedebistas…

…Marconi Perillo se anima com a reeleição (nada como uma boa negociação, política ou não, para selar uma aliança que passa por cima de desgastes e denúncias)…

…Armando Vergílio e Vilmar Rocha se apresentam para o que der e vier, seja Senado, seja vice, seja governo…

…José Éliton busca formar ou integrar um grupo, como forma de segurar a vice ou, quem sabe, ir além…

…e quem não é nem citado – do governo, fora, lá e cá, dos dois… – vê possibilidades reais de ser o escolhido, de ser o… Eleito!

 

Goiás é o Estado onde, diante de uma vitória tão provável, a guerra nos bastidores não tem cor partidária, não tem fidelidade canina, muito menos ideologia. Limites, então, nem pensar.

 

O jogo está aberto para o bem e para o mal.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).