20 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 30/04/2014 às 19:55

160 anos de ferrovia no Brasil

 

30 de abril de 1854. Estrada de Ferro Barão de Mauá. Trata-se da primeira estrada de ferro do Brasil. Foi idealizada pelo empresário Irineu Evangelista de Souza, mais tarde conhecido como o Barão de Mauá. Tinha uma extensão inicial de 14,5 km, depois foi prolongada, chegando a 15,19 km.

“Esta estrada deve ser para os brasileiros uma empresa venerada; ela simboliza o alfa de nossa via-férrea; aí sentiu pela primeira vez o solo da pátria o rodar da locomotiva” Estas foram palavras de Irineu Evangelista de Souza, durante inauguração do primeiro trecho ferroviário do nosso país.

Nesta oportunidade, o Imperador Dom Pedro II conferiu a Irineu o título de Barão de Mauá. A Locomotiva que transportou a comitiva imperial recebeu o nome de Baronesa, em homenagem a Maria Joaquina, esposa de Mauá.

Hoje boa parte deste trecho encontra-se completamente abandonado. A partir dos trilhos da primeira ferrovia do Brasil, é possível fazer uma análise sobre o sistema ferroviário nacional.

Dom Pedro II e Barão de Mauá foram alguns dos sonhadores da integração ferroviária. Os dois ajudaram a iniciar um importante processo de interiorização do Brasil. Sem dúvida a ferrovia foi um dos principais instrumentos para que isto ocorresse.

O tempo passou, os trilhos avançaram Brasil a fora. Porém, os problemas começaram a aparecer. As companhias ferroviárias começaram a falir. O governo federal encampou várias delas e em 1957 foi formada a Rede Ferroviária Federal S/A.

A Rede Ferroviária Federal foi uma estrutura enorme. Enorme em linhas, mas com o passar do tempo, enorme em problemas e dívidas. A administração da RFFSA inicialmente promoveu grandes avanços, incluindo modernizações.

No entanto, a corrupção e a má gestão tomou conta das regionais e da administração central da RFFSA. Vários ramais foram erradicados, a estrutura com o passar do tempo foi sucateada. A integração nacional, um desejo do Barão de Mauá, não aconteceu como previsto.

Um exemplo é a Ferrovia Norte Sul. Pensada ainda nos tempos de Dom Pedro II, somente teve a construção iniciada no final da década de 1980. Até hoje a Estrada de Ferro ainda não foi concluída. E está longe de ter obras encerradas e início da operação.

Além disso, as ferrovias já existentes sofrem com a falta de manutenção. Outro problema é o desinteresse da iniciativa privada em reativar e tornar viáveis alguns trechos. Além disso, outro grave atraso e talvez o pior deles, seja a falta de trens de passageiros.

Desconsiderando o transporte voltado para fins turísticos, hoje apenas existem duas linhas regulares. As duas administradas pela empresa Vale. A Estrada de Ferro Vitória Minas e a Estrada de Ferro Carajás.

Neste dia 30 de abril de 2014, a reflexão que vale ser feita é o que falta para o Brasil entrar nos trilhos? Comprovadamente o transporte ferroviário apresenta inúmeras vantagens sobre os outros modais. É preciso que governos e iniciativa privada tenham vontade e capacidade para colocar o “trem para andar”.

Nesta data, se celebra o dia do Ferroviário, em referência a inauguração da Estrada de Ferro Barão de Mauá. Vale aqui ressaltar e valorizar os trabalhadores ferroviários, que ajudaram e ainda ajudam a desenvolver este tão importante sistema de transporte.