O comitê executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional) reconheceu nesta segunda (11), durante a sessão da entidade em Lima, no Peru, que eleições recentes para definir cidades-sedes dos Jogos Olímpicos podem ter sido fraudadas com compra de votos de seus membros.
Em nota, ele afirmou estar “totalmente comprometido em proteger a integridade do esporte” e que vai agir contra quaisquer transgressores.
A entidade também disse que sua comissão de ética pediu a advogados que fizessem contato com autoridades brasileiras sobre a investigação da compra de votos em 2009, ano em que o Rio foi escolhido sede da Olimpíada de 2016. “A comissão de ética do COI tem acompanhado essa questão. Quando houver provas, vamos agir”, disse o COI.
O posicionamento ocorre na semana seguinte à Operação Unfair Play (“Jogo Sujo”), da Polícia Federal, que intimou Carlos Arthur Nuzman, 75, presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do Comitê Rio-2016, a depor sob suspeita de agir como elo na suposta compra de votos.
O esquema envolveria Nuzman, o senegalês Lamine Diack, ex-mandatário da IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo), o filho dele, Papa Diack, e o empresário Arthur César de Menezes Soares.
A investigação começou na França. Autoridades locais apuraram corrupção dos Diack e pediram ajuda às brasileiras quando chegaram ao nome de Nuzman.
Lamine Diack, que foi membro do COI entre 1999 e 2013, seria um influenciador dos votos africanos nas eleições. No caso da eleição do Rio para os Jogos de 2016, ele teria recebido suposto pagamento de US$ 2 milhões.
“No que diz respeito a votos de cidades-sede dos Jogos Olímpicos no passado, o COI tomou ações imediatas. O comitê juntou-se à investigação como parte cível há mais de um ano. Logo que provas foram exibidas contra Lamine Diack, ele perdeu sua condição de membro honorário do COI, em novembro de 2015”, continuou a nota do comitê.
Também pesam sobre os africanos suspeitas em relação à escolha de Tóquio como sede dos Jogos de 2020.
Atualmente, Nuzman também é membro honorário do COI -sem direito a voto em eleições de cidades-sede- e integra o comitê de coordenação dos Jogos de Tóquio.
ELO DE LIGAÇÃO
O cartola brasileiro, que está à frente do COB há 22 anos, é investigado sob suspeita de ter participado como “ponte” entre o esquema de corrupção com os membros do COI, que teriam envolvimento de Sérgio Cabral, governador do Rio em 2009 e hoje preso.
Na operação realizada terça (5), a PF encontrou na casa dele R$ 480 mil em notas de dólares, libras, reais e euros. Também foi apreendido passaporte russo dele.
Como a PF apreendeu os passaportes, Nuzman foi impedido de participar da sessão em Lima, que deve homologar Paris como sede da Olimpíada de 2024 e Los Angeles como sede da de 2028.
Em sua petição para realizar a operação, a procuradoria afirma que “há fortes indícios de que Carlos Arthur Nuzman teve participação direta nos atos de compra de votos para membros do COI na escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e no repasse da vantagem indevida (propina) destinada a Sérgio Cabral e em enviada diretamente a Papa Massata Diack, por meio de Arthur Soares”.
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