23 de novembro de 2024
Economia

Clima de cautela faz dólar subir para R$ 3,13, mas Bolsa termina em alta

O dólar subiu 0,74% ante o real nesta segunda-feira (27), para R$ 3,1310, na cotação comercial. Os investidores buscaram proteção antes do anúncio sobre o contingenciamento do Orçamento, previsto para esta semana.

Espera-se que o governo federal anuncie o aumento de tributos para cobrir parte do rombo orçamentário de R$ 58,2 bilhões. Segundo analistas, a possível elevação de impostos deve atrasar ainda mais a recuperação da economia.

A moeda americana chegou a atingir a cotação máxima de R$ 3,1410 durante a sessão, mas diminuiu a alta após a notícia, publicada pela Folha de S.Paulo, de que Eduardo Guardia, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, afastou a possibilidade de o governo aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o câmbio, como foi aventado recentemente pelo mercado.

Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor, avalia o movimento de alta do dólar como pontual. “Na sexta-feira, o dólar caiu bem por causa de fluxo; mas agora prevaleceu a cautela em relação ao contingenciamento e também com os Estados Unidos, após o presidente Donald Trump não ter seu projeto para a saúde votado na Câmara”, afirma.

O revés levantou dúvidas no mercado se Trump conseguirá levar adiante seu plano para estimular a economia, com corte de impostos e aumento dos gastos públicos. “Isso fez investidores buscarem proteção em moedas de países desenvolvidos, como o euro, o franco suíço e o iene, que subiram ante o dólar”, diz Alessie. Frente a emergentes, a moeda americana teve comportamento misto.

A queda das commodities no mercado internacional também pressionou o real.

O Banco Central rolou pela manhã mais 10 mil contratos de swap cambial tradicional que vencem em abril. A operação, no montante de US$ 500 milhões, equivale à venda futura de dólares.

Apesar da alta do dólar, os juros futuros negociados na BM&FBovespa recuaram, refletindo o Boletim Focus, do Banco Central. Os economistas consultados passaram a projetar a inflação oficial, o IPCA, em 4,12% no fim do ano, queda de 0,03 ponto percentual abaixo da estimativa da semana anterior.

Com isso, consolidam-se as apostas de corte de 1 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, em abril. A Selic está atualmente em 12,25% ao ano.

No mercado de juros futuros, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos.

Bolsa

O Ibovespa chegou a cair mais de 1% mais cedo, influenciado pelo recuo das Bolsas mundiais e das commodities. Na reta final do pregão, porém, inverteu o sinal e fechou em alta de 0,71%, aos 64.308,39 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,5 bilhões, mais fraco do que nas sessões anteriores, evidenciando a cautela entre investidores.

A alta do índice ocorreu após a virada das ações de Petrobras e Vale, que caíam e passaram a subir. As ações preferenciais da Petrobras subiram 2,15% e as ordinárias ganharam 1,83%.

Já os papéis da Vale avançaram 2,49% (PNA) e 1,34% (ON), com notícias de que Fabio Schvartsman, atual presidente da Klabin, será o novo presidente da mineradora a partir de maio. As units da Klabin encerraram o pregão em queda de 3,71%.

As ações da Usiminas lideraram as altas do Ibovespa, com +8,64%, recuperando-se das quedas recentes. Na ponta negativa, Eletrobras ON caiu 5,42%, com o anúncio de mudanças em seu conselho de administração.

No setor de frigoríficos, BRF ON teve alta de 3,60%; JBS ON, que subiu mais cedo, acabou fechando em queda de 1,73%; e Marfrig ON avançou 1,86%. Fora do Ibovespa, Minerva ON ganhou 6,05%. (Folhapress)

 


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