30 de novembro de 2024
Brasil

Clã Sarney tenta retomar poder e diz que desgaste no MA diminuiu

Deputado federal Sarney Filho. (Foto: Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados)
Deputado federal Sarney Filho. (Foto: Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados)

THAIS BILENKY – SÃO LUÍS, MA (FOLHAPRESS) – Herdeiros do ex-presidente José Sarney (MDB), 88, vão enfrentar as urnas em um ano marcado pela rejeição à classe política e envolvimento na Lava Jato reconhecendo as dificuldades impostas pelo sobrenome.

“O mais importante agora vão ser as pessoas, não os partidos e não os sobrenomes. A história política que vai contar”, afirma o deputado federal Sarney Filho (PV), o Zequinha, filho do ex-presidente, que pretende disputar uma vaga no Senado.

Em busca de se reeleger deputado estadual, seu filho Adriano Sarney (PV), 37, afirmou que “gosta de ver o lado positivo, daqueles que apoiam [a família], mas há o negativo, daqueles que têm esse preconceito muito grande”.

Em 2014, quando o governador Flávio Dino (PC do B) se elegeu, interrompendo um ciclo de quase 50 anos de influência de Sarney na política maranhense, a onda por renovação, como apelidou Adriano, o prejudicou.

“Na última eleição, posso te dizer que essa balança estava pendente para o lado negativo, foi mais difícil para mim. Nessa próxima, acho que vai ser melhor ter esse sobrenome do que não ter”, afirmou Adriano.

Filha do ex-presidente e ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (MDB) garante que tentará voltar ao Palácio dos Leões, mas as especulações sobre sua disposição não cessam em meio ao cenário adverso.

“Não sei dizer sinceramente [se ela vai até o fim], porque é uma decisão muito dela, não sei o que o seu coração está falando”, disse o sobrinho.
Consenso entre os familiares é que ela não queria, mas se viu obrigada a salvar o legado do pai.

“Tiraram o pijama de Roseana. Disseram: vai se vestir e vamos embora para a luta. Ela está aceitando ser candidata, não está se lançando”, afirmou o irmão Sarney Filho.

Em entrevista à rádio do Grupo Mirante, de propriedade da família, há alguns dias, Roseana tentou minimizar a impressão de que está indisposta a disputar uma nova eleição.

“Eu vou ao supermercado, eu vou à farmácia, eu ando de sandália japonesa. Eu sou humana, eu sofro, eu choro, tenho os meus momentos tristes, mas tenho meus momentos alegres, tenho meus momentos corajosos, mas também tenho minhas fraquezas”, reconheceu. “Mas quando eu entro é para valer.”

Em fevereiro, José Sarney transferiu o domicílio eleitoral de volta ao Maranhão depois de quase 30 anos votando e se elegendo no Amapá, onde foi senador.
A mudança criou expectativa sobre sua atuação na campanha de 2018.

Segundo a família, foi pressão da ex-primeira-dama, Marly.

“A mudança de domicílio de papai tem muito mais a ver com mamãe do que com outra coisa qualquer. Estavam forçando a barra para ele ser candidato ao Senado lá [no Amapá] e mamãe estava muito apavorada. Praticamente fez uma chantagem emocional para ele votar nos seus filhos”, afirmou Zequinha.

Mas a incisividade que José Sarney passou a adotar em sua coluna semanal no jornal da família, O Estado do Maranhão, mostrou ao oponente Flavio Dino que o patriarca tinha vontade de derrotá-lo.

Embarcando no discurso de que o governador promove uma perseguição de caráter stalinista, depois de tirar o Sarney do nome de cem edifícios públicos, entre outras medidas, o ex-presidente carregou a tinta.

“Disseram-me até que estavam tentando organizar um Bloco dos Perseguidos, mas chegaram à conclusão de que eram tantos que não caberiam em um só bloco, mas ocupariam todo o estado”, escreveu o ex-presidente.

Um ofício expedido pela Polícia Militar mandando a corporação monitorar adversários políticos de Dino alimentou a narrativa.

O governador diz que foi “ou um erro, uma imbecilidade, ou armação”. Instaurou sindicância e, enquanto ela corre, afastou três militares de seus postos.

Em outra frente, o cenário nacional desafia o clã.

Investigado na Lava Jato, Sarney abriu canal de interlocução com o presidente Michel Temer (MDB).

Os dois lados calculam que Roseana tenha um terço do eleitorado, mas desta vez dificilmente terá um apoio decisivo na campanha, o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com a prisão do petista e a impopularidade de Temer, o plano nacional é outro elemento a desfavorecer os Sarney.

“Ao casarem com Temer, com comunhão de bens, eles perderam de vez a identidade com o lulismo. Só não sei se é um casamento feliz”, disse Dino.

Pré-candidatos a governador do Maranhão

  • Roseana Sarney (MDB) – incentivada pelo pai, tentará colocar o clã Sarney de volta no poder no estado
  • Flávio Dino (PC do B) – com base ampla, ele tenta a reeleição polarizando com a família Sarney
  • Eduardo Braide (PMN) – deputado estadual, foi bem votado na eleição para a prefeitura em 2016
  • Roberto Rocha (PSDB) – senador assumiu o PSDB no estado após intervenção da executiva nacional e se lança para dar palanque ao pré-candidato tucano Geraldo Alckmin
  • Maura Jorge (PSL) – fará palanque ao pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL)
  • Ricardo Murad (PRP) – cunhado de Roseana Sarney, lançou-se candidato sem articular com Sarney

(Folhapress) 

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