Ciro Gomes voltou a dar as caras para a imprensa nesta segunda-feira (15/07). Entrevistado pelo Estadão, o ex-ministro, candidato derrotado nas Eleições 2018 e vice-presidente do PDT voltou a defender a expulsão de Tabata Amaral. O ex-governador está “muito magoado” com o voto da jovem parlamentar a favor da Reforma da Previdência, em primeiro turno. “Votei por convicção”, disse Amaral antes de formalizar seu voto na última quarta-feira (10/07). Ciro ainda disparou sobre a possível indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada brasileira nos Estados Unidos: “Um imbecil, com um português muito ruim, o que quer dizer que o inglês também não deve ser muito bom”.
O candidato derrotado acredita que Bolsonaro age procurando criar uma “distração” para desviar o foco do debate da reforma da Previdência. Talvez tenha conseguido: as manchetes dos jornais todas se levantaram para a pauta a respeito de quem assumirá a embaixada norte-americana desde que começou a ser ventilada na última quinta-feira (11/07).
Sem papas na língua e sempre arrojado em suas críticas, Ciro Gomes comparou a indicação de Eduardo à ideia de escalar um “malabarista” que irá conduzir uma cirúrgia. Ele diz que apesar de amar os malabaristas “não entregaria a um deles meu filho para fazer uma cirurgia de apendicite”.
Sobre o cargo, além de dizer que Eduardo tem um inglês e português ruins, pontuou que “ele vai ter que se expressar sobre temas sofisticados por meio de tradutores, ocupando aos 35 anos mais quatro dias o lugar mais complexo, delicado e difícil da diplomacia de qualquer lugar do mundo: a representação junto aos Estados Unidos. Experiência anterior: policial”, complementou.
“Ninguém pode servir a dois senhores”
Ao comentar sobre a atuação de Tabata Amaral nos debates sobre a reforma da Previdência, Ciro disse que tratou em “inúmeras reuniões” o texto reformista com parlamentares do partido, incluindo a deputada e até as vésperas da votação, ninguém manifestou qualquer intenção de sinalizar que iria com o texto do governo Bolsonaro.
Ciro defende a expulsão de Tabata – na realidade, neste primeiro momento ele convidou os parlamentares que votaram a favor da reforma a saírem do do partido, “de forma espontânea” – não pelo passado. Até porque, Ciro já manifestou que tem uma “admiração muito grande” por sua trajetória: “história linda”, pontuou. A defesa da saída da parlamentar “pelo que está por vir”. Como Tabata se comportará no debate da reforma tributária e as privatizações, por exemplo? “Ninguém pode servir a dois senhores”.
Ele relembra que Tabata está vinculada a movimentos de renovação política, como o RenovaBR. Ciro rememora que a deputada tem apenas 25 anos e que “entrou no Brasil nesse negócio que é dupla militância. Ela pertence a alguns movimentos que são financiados pelos miliardários brasileiros e que colocaram a faca no pescoço de todo mundo”, disse.
Então, Ciro? Qual o futuro de Tabata? Ao Estadão ele responde: “Eu acho que o mais digno – não quero particularizar nela, porque foram ela e mais sete – é fazer o que eu fiz. Me filiei e ajudei a fundar o PSDB, que tinha um programa lindo, que tinha uma série de propostas sérias, foi para o governo e fez o posto. Chafurdou na corrupção, nas privatizações, na roubalheira. O que fiz? Saí.”
Nos braços de Dória
Caso sua saída seja consumada, o que deve acontecer em breve, Tabata terá portas abertas em diversos outros partidos. Por meio do twitter, o deputado Alexandre Frota, do PSL, escreveu: “Tabata Amaral, o PSL está de braços abertos para você. Partido não vai faltar. Força aí, PDT”.
Tabata Amaral o Psl está de braços abertos pra vc . @PSL_Nacional partido não vai faltar. Força aí @PDT_Nacional @tabataamaralsp @cirogomes #somostodostabata
— Alexandre Frota 77 PSL (@alefrotabrasil) July 11, 2019
Quinta-feira, assim que a polêmica em torno do seu voto veio a tona, o governador de São Paulo João Dória (PSDB), que já se encontrou com Tabata duas vezes te ano, disse à Folha que ela seria “rosto, alma e coração novo do PSDB”, em entrevista à Folha de São Paulo. Doria que além de comandar São Paulo é presidente nacional do PSDB deve tratá-la como trunfo à juventude do “novo PSDB”. Tabata, que foi catapultada a política abraçada à Ciro Gomes, pode ir aos braços de um dos principais concorrentes do cearense: o paulista João Doria Jr.
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