27 de dezembro de 2024
Cidades • atualizado em 04/03/2020 às 05:41

“Chegamos no fundo do fundo do poço”, diz promotora sobre transporte público

Foto: Arquivo DG
Foto: Arquivo DG

A promotora Leila Maria Oliveira foi a responsável pela recomendação do Ministério Público para que fosse suspenso o reajuste da tarifa do transporte coletivo em Goiânia até que novos cálculos, excluindo as gratuidades da cobrança, fossem realizados. Em entrevista à Rádio Bandeirantes Goiânia, ela explicou a ação e disse que o sistema chegou ao mais alto nível de precariedade.

“Chegamos no fundo do fundo do poço no transporte coletivo. Precisamos de uma solução”, disse a promotora.

Oliveira conta que ainda aguarda reunião com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Adriano Rocha Lima, para tratar da exclusão das gratuidades no valor da passagem. Embora ainda não tenha conseguido agenda, ela confia que o “Estado virá para a mesa”.

“Não é justo que o usuário do transporte pague pelas gratuidades que é um benefício que o Estado deu a alguns grupos de pessoas. O Estado concede e não paga, põe para o próprio usuário pagar. Isso, além de ilegal, não é justo. Eu já tenho uma ação em 2017 para que o Estado pagasse as gratuidades. Alguma coisa tem que ser feita”, justifica a promotora.

A assessoria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação (Sedi) informou que o secretário Adriano Rocha Lima permanece na Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC) e está em contato com a promotora para agendar a reunião. O encontro não ocorreu ainda, conforme a Sedi, por incompatibilidade de horários.

Cálculo revisado

Segundo Oliveira, o valor justo da passagem seria de R$ 3,25, com a retirada de cobrança sobre vários itens que não são de responsabilidade do usuário. “São cálculos que a CMTC fez. Uma coisa é o cálculo feito com itens como gratuidade, custeio da própria CMTC e terminais, e outra é o custo real”, explicou.

Ela reitera que é “inadmissível que, além do ajuste real, se coloque várias outras coisas que o usuário não tem obrigação de pagar” no cálculo de reajuste da tarifa.

A promotora avalia ainda que, se não houver solução urgente, a tendência é que o número de carros nas ruas cresça cada vez mais e extingua o público do transporte coletivo.

“Vai reduzir até ficar sem. É caro, ineficiente, inseguro. Tem ônibus que chove mais dentro que fora, ônibus pegando fogo, roda saltando, mulheres sendo molestadas em ônibus, furtos. Sem contar que, numa cidade quente como Goiânia, sequer tem ar-condicionado. O trabalhador já chega ao local de trabalho doente e estressado”, critica.


Leia mais sobre: Cidades / Destaque / Política