28 de novembro de 2024
Economia

Chefe do IBGE confirma impacto de paralisação no PIB, mas evita projeções

Greve de caminhoneiros. (Foto: Marcelo Pinto/A Plateia)
Greve de caminhoneiros. (Foto: Marcelo Pinto/A Plateia)

O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Roberto Olinto, disse nesta segunda (11) não ter dúvida que a paralisação dos caminhoneiros terá reflexos no PIB, mas que ainda não é possível fazer projeções. 

“Sem dúvida nenhuma, vai ter impacto, mas precisamos ter cuidado ao analisar”, disse ele, em café da manhã com jornalistas. Olinto preferiu ter cautela ao comentar projeções do mercado.

Nesta segunda, a pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostrou queda na projeção do PIB de 2018 para 1,94%, ante 2,18% na semana anterior. Pela primeira vez em 18 semanas, o mercado reduziu também a projeção para 2019, de 3% para 2,80%.

“É inegável que houve crise de oferta. Mas o país vive um processo eleitoral, o que gera crise e uma série de projeções que têm outros interesses. Então o cuidado do IBGE tem que ser redobrado”, comentou o presidente do instituto.
Segundo ele, um dos pontos sensíveis é a “destruição de mercadorias perecíveis” durante os dias de paralisação. Já produtos não perecíveis que ficaram presos nas estradas acabaram chegando ao mercado depois do fim da paralisação, ressaltou Olinto.

Os números do PIB do segundo trimestre serão divulgados no dia 31 de agosto. No primeiro trimestre, a economia brasileira cresceu 0,4%, superando projeções de analistas ouvidos pela Bloomberg, que falavam em 0,3%.

O IBGE tenta aprovar no governo concurso para a contratação de até 1.800 empregados, com o objetivo de repor pessoal que está deixando o instituto por tempo de aposentadoria.

Segundo Olinto, esse é o número de pessoas que se aposentaram nos últimos oito anos. Hoje, diz ele, cerca e 10% do quadro de empregados tem abono permanência -ou seja, já cumpriram os requisitos para se aposentar mas continuam trabalhando.

“Temos 536 agências pelo país: 13 agências sem ninguém e 46 com uma única pessoa. Em 60% deles, tem gente com abono permanência”, disse ele. “Em quatro meses em 2018, 220 pessoas se aposentaram.”

O instituto tem hoje cerca de 5,3 mil empregados. Olinto defendeu uma revisão do marco regulatório da estatística no Brasil, criando a obrigação de repor quadros do IBGE periodicamente.

O presidente do IBGE defendeu ainda a definição de prazo obrigatório de cinco anos para a realização de pesquisas cujos resultados são essenciais para a definição de parâmetros para as pesquisas conjunturais, como o censo agropecuário e a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares).

O último censo agropecuário foi divulgado em 2006. No momento, o IBGE está concluindo uma versão 2018, que visitou cerca de sete milhões de domicílios no último ano e deve ter os primeiros resultados divulgados em julho. 

Uma nova POF também está em curso e deve ter resultados em meados de 2019. Essa pesquisa levanta os hábitos de consumo dos brasileiros e é usada para a definição da fórmula de cálculo da inflação -apontando quais gastos têm maior peso no orçamento.

Agora, diz o presidente do IBGE, as negociações giram em torno do orçamento para o censo demográfico de 2020, que o instituto calcula em R$ 3,4 bilhões. Ele disse contar com a realização da pesquisa no prazo estipulado, apesar das dificuldades orçamentárias do governo.

A verba está sendo negociada com o Ministério do Planejamento. Cerca de 70% dos gastos seriam feitos em 2020, com a contratação de 300 mil pesquisadores para visitar os domicílios brasileiros. No censo, o IBGE faz um retrato da população brasileira -o último foi realizado em 2010. (Folhapress)

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