19 de dezembro de 2024
Esportes

Chapecoense empata em 2 a 2 com Palmeiras em sua volta após tragédia

Jogadores de Chapecoense e Palmeiras. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress)
Jogadores de Chapecoense e Palmeiras. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress)

Não valia nada, mas ao mesmo tempo valia muito. Assim foi o aguardado retorno da Chapecoense aos gramados após quase dois meses do acidente trágico que vitimou 71 pessoas, entre elas o presidente, 19 jogadores e diversas outras pessoas com diferentes vínculos com o clube.

Debaixo de um calor de mais de 30ºC, a Arena Condá esteve em sua melhor forma, apinhada com mais de 14 mil pessoas, e também bandeirões e faixas com imagens dos “heróis da Chape”, como se nesse dia as restrições mais detestadas do Estatuto do Torcedor tivessem ficado obsoletas.

Antes da partida contra o Palmeiras, justamente o último adversário antes da tragédia, os três jogadores sobreviventes se juntaram aos familiares das vítimas para receber as homenagens.

O lateral Alan Ruschel, que hoje pouco acusa a tragédia fisicamente; o zagueiro Neto, que tinha a situação mais crítica entre as vítimas e nesta sexta (20) já começou a se exercitar na bicicleta ergométrica do clube; e o goleiro Jackson Follmann, que teve parte da perna direita amputada e foi conduzido a campo em cadeira de rodas pelo ídolo do clube, Nivaldo, receberam suas medalhas de campeões e levantaram a taça da Copa Sul-Americana -a equipe catarinense foi campeã após o Atlético Nacional, da Colômbia, abrir mão de disputar a final.

Follmann recebeu alta provisória do hospital, onde ficará pelo menos até terça-feira (24), quando deve receber a alta definitiva.

“Para mim, é um pouco duro. Ainda estou internado no hospital. Participar desse evento para mim foi uma emoção muito grande. A gente sempre estava aqui, treinando, jogando. Vir e ter uma homenagem emocionante… Não tem como não ir às lágrimas. Estou feliz e me recuperando bem”, disse Follmann à TV Globo.

O narrador Galvão Bueno, da TV Globo, foi aplaudido pelos torcedores e teve o nome cantado enquanto se encaminhava para a sua cabine de transmissão na Arena Condá. Ele participou da cobertura do acidente em momentos-chave: da salva de palmas no “Jornal Nacional” à chegada dos corpos no Brasil, e fez questão de participar da reestreia da equipe.

Em campo, o “Jogo da Solidariedade” teve momentos mais amistosos, outros mais competitivos e alguns desencontrados, já que os jogadores ainda estão no início da temporada, voltando à forma física e se entrosando.

Do lado palmeirense, as atrações foram as estreias de Felipe Melo e do técnico Eduardo Baptista. O time já começou a mostrar características desejadas pelo treinador, como a formação em 4-1-4-1. A atuação do volante foi discreta. O primeiro gol saiu do estreante Raphael Veiga, ex-Coritiba, logo no início do primeiro tempo.

Na sequência, Douglas Grolli, um dos 23 contratados pela Chapecoense para a nova empreitada, empatou o jogo. Já que o zagueiro é uma das grandes revelações da história de 44 anos das categorias de base do time catarinense, o gol foi revestido de caráter simbólico, reconhecido pelas empolgadas arquibancadas.

No primeiro minuto do segundo tempo, o volante Amaral, de cabeça, virou o jogo. Se o primeiro tento remeteu ao trabalho sério da jovem Chapecoense, o segundo referiu-se à solidariedade, outro pilar da reconstrução: o Palmeiras paga a maior parte do salário de Amaral.

Aos 26 minutos do segundo tempo, a partida foi interrompida para a reprodução nos telões do estádio do conhecido vídeo em que jogadores e comissão técnica comemoram a classificação à final da Copa Sul-Americana. O momento de interrupção refere-se ao número de vítimas do acidente, 71 minutos jogados, e irá se repetir em todos jogos na Arena Condá.Perto do fim, o meia Vitinho fez um belíssimo gol de longa distância e transformou o resultado naquele pelo qual a maioria torcia: um empate, 2 a 2.

CHAPECOENSE

Artur Moraes (Elias); João Pedro (Zeballos), Douglas Grolli (Nathan), Fabricio Bruno (Luiz Otávio) e Reinaldo (Diego Renan); Andrei Girotto (Luiz Antônio), Amaral (Moisés) e Nenén (Dodô) (Martinuccio); Rossi (Arthur), Niltinho (Osman) (Nadson) e Wellington Paulista (Túlio de Melo). T.: Vagner Mancini.

PALMEIRAS

Fernando Prass (Jailson); Jean (Fabiano), Antônio Carlos (Mailton), Thiago Martins e Egídio; Felipe Melo (Thiago Santos); Róger Guedes (Keno), Tchê Tchê (Arouca), Raphael Veiga (Hyoran) e Dudu (Vitinho); Alecsandro (Erik). T.: Eduardo Baptista.

Gols: Douglas Grolli, aos 14min, e Raphael Veiga, aos 11min do 1º tempo; Amaral, aos 2min, e Vitinho, aos 33min do 2º tempo

Cartões Amarelos: Wellington Paulista (C); Róger Guedes (P)

Estádio: Arena Condá, em Chapecó (SC)

Árbitro: Heber Roberto Lopes (SC)


Leia mais sobre: Esportes