A Chapecoense decidiu se pronunciar na tarde desta quarta-feira (11) a respeito das ações jurídicas que o clube realizará referente às indenizações das vítimas do acidente em Medellín, no dia 29 de novembro do último ano.
O vice-presidente jurídico do clube, Luiz Antonio Pallaoro, concedeu entrevista e confirmou que a CBF e o clube já pagaram as indenizações cabíveis na lei aos familiares das vítimas. Ele, no entanto, enfatizou que a Chapecoense poderá realizar ações jurídicas contra o governo boliviano e também a empresa LaMia.
“O clube já gastou mais de R$ 1,4 milhões apenas para registrar os novos jogadores nas federações. Estamos tentando um valor mais adequado em função da tragédia, mas esse é o custo que nós tivemos. E se nós temos que pagar isso, alguém tem que nos ressarcir, porque tivemos uma perda dos nossos ativos, nosso patrimônio. Atletas que teriam mais três anos, por exemplo, no futebol, poderiam trazer lucro financeiro no futuro para a Chapecoense. Essa é a situação dos familiares também”. Comentou Luiz.
O vice-presidente do departamento jurídico explica como funcionou o pagamento dos seguros realizados pela CBF e também pelo clube.
“A Chapecoense possuía um seguro que equivalia a 14 salários, na lei está estipulado é 12, mas nós acrescemos o 13º salário e as férias também. E havia uma cláusula de que se houvesse algum acidente, morte trágica, como aconteceu, dobraria o valor. Cada jogador ecebeu 28 salários da Chapecoense e 12 da CBF.
São 40 salários. O salário é o que estava em carteira, o resto é direito de imagem, de arena e afins. Se o camarada ganhava R$ 50 mil, ganhou R$ 2 milhões à vista, já pagos. Neste primeiro momento, mesmo com a dor da tragédia, pelo menos financeiramente já receberam. Não tínhamos atletas que ganhavam R$ 100 mil por mês”.Uma hipótese levantada por Luiz é acionar o governo boliviano e também a empresa LaMia.
“O governo boliviano também é responsável pelo acidente. O plano de voo foi aprovado por um órgão do governo, então, eles são corresponsáveis. Nós iremos analisar todas as possibilidades, inclusive em realizar um processo jurídico nos Estados Unidos, onde as coisas são mais céleres. Tudo isso iremos analisar com cuidado, pois também somo vítimas”.
“A informação que temos é que as seguradoras fazem alguns resseguros, pois se o valor é alto, as seguradoras terceirizam. Neste caso, cerca de US$ 25 milhões – cerca de R$ 90 milhões (em indenizações), mais 15 milhões (de dólares) para o casco da aeronave. Esse dinheiro irá ser pago e será retido para às famílias. Poderá chegar R$ 40 milhões de dólares. Isso não paga as vidas que se foram, porque a vida não tem preço, mas, pelo menos, ajuda um pouco as famílias”.
A Chapecoense também se preocupa com as ações contra a instituição.
“Se disser que não nos preocupamos, não seria verdade. Mas o que podemos fazer? Todo mundo pode entrar com uma ação jurídica contra qualquer um. Para que isso aconteça, existem vários requisitos a serem analisados. Mas contamos com o entendimento e colaboração dos familiares para que se unam à nossa ação contra quem causou o acidente: a companhia e o governo. A Chapecoense não é culpada, ela teve prejuízo tanto quanto todo mundo, com vidas, também, dos dirigentes e amigos. Não fomos nós que transportamos, o avião não era nosso”.
O advogado da Chapecoense também falou a respeito da contratação da empresa pelo clube. Pallaoro negou influência da Conmebol na escolha da LaMia para fazer a viagem.
“Não houve Conmebol, nem ninguém atrás da gente. Informações que temos é que foram três que contrataram: o presidente, o diretor-financeiro e o vice de futebol, eles faleceram. O primeiro deu tudo certo, foram bem tratados, aí rolou a mística do futebol: ‘Não vamos mexer no que estamos ganhando. Vamos pegar o mesmo'”.
“Eles dão até entrevista no dia do embarque, abraçando os comandantes do voo, dizendo que tudo estava certo, seguro. Na verdade, mediante as tabelas dos jogos com os clubes, eles procuram os clubes. Eles tinham know-how, transportavam três seleções, mais de 15 times da América Latina, entre eles Sport Recife, Flamengo e Coritiba. Quem poderia discutir a falta de know-how, ninguém. Já havíamos feito antes e tinha dado certo. Se tem ou não suporte, não é passageiro que vê isso. Ninguém pergunta se tem combustível ou patrimônio na hora que embarca”.
Perguntado sobre a LaMia não ter patrimônio, Luiz Antônio respondeu: “Mesmo que não tenham patrimônio, o governo vai ser responsabilizado. O governo vai ser condenado na mesma proporção. Eles têm participação, porque se autorizou, é corresponsável”.
Leia mais sobre: Esportes