A escalada nas tensões entre Estados Unidos e Coreia do Norte e uma vitória mais apertada que a esperada do partido da chanceler Angela Merkel na Alemanha aumentaram a cautela dos investidores nesta segunda (25) e fizeram a Bolsa cair pelo terceiro dia e o dólar encostar em R$ 3,16.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, fechou em baixa de 1,26%, para 74.443 pontos.
O dólar comercial terminou com alta de 0,95%, para R$ 3,159. O dólar à vista, que fecha mais cedo, se valorizou 0,90%, para R$ 3,155. Ambos estão no maior patamar desde 30 de agosto.
O aumento da aversão a risco por causa do cenário externo contagiou os investidores nesta segunda e se refletiu no dia negativo para o mercado financeiro.
As preocupações com a Coreia do Norte ganharam força neste final de semana. No sábado à noite, o presidente americano, Donald Trump, respondeu a declarações do ministro das Relações Exteriores norte-coreano e afirmou que ele e o líder Kim Jong-Un “não estarão por perto por muito tempo”, com Pyongyang montando um grande evento contra os EUA.
Nesta segunda, o ministro de Relações Exteriores norte-coreano, Ri Yong-ho, afirmou que Trump declarou guerra a Pyongyang e disse que a Coreia do Norte tem direito de tomar as medidas cabíveis contra os EUA, como a de derrubar os bombardeiros que se aproximarem do país asiático, mesmo se eles não estiverem no espaço aéreo norte-coreano.
“A Coreia do Norte impõe um viés de cautela, mas já foram tantos os momentos de tensão que já se provaram desnecessários que eu atribuo esse aumento desta segunda ao Fed (banco central americano)”, afirmou Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.
Na quarta passada (20), o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizou um terceiro aumento de juros nos EUA neste ano, o que causou fortalecimento da moeda americana. “Há um ajuste global, que é gradual, mas é muito dinheiro envolvido. Esse ajuste pelo Fed vai demorar ainda alguns dias, o que acaba se somando à cautela geopolítica”, ressaltou.
A moeda americana se valorizou ante 19 das 31 principais divisas mundiais.
Europa
O mercado acompanhou também o resultado das eleições alemãs, com a vitória da chanceler Angela Merkel, mas com cerca de nove pontos percentuais a menos que na última eleição, em 2013. A ascensão do partido de direita populista AfD (Alternativa para a Alemanha), com 13,2% dos votos, também preocupou os investidores. A legenda chegou ao Parlamento pela primeira vez e como o terceiro maior partido.
No cenário local, os investidores seguiram a leitura da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados, que foi adiada por falta de quorum. Para que houvesse sessão, era necessário que 51 deputados estivessem presentes no Congresso até as 14h30. No entanto, apenas 23 haviam aparecido -somente nove estavam em plenário.
Essa indefinição joga dúvida sobre a votação da reforma da Previdência, que o governo esperava que acontecesse em outubro. “O adiamento da leitura da segunda denúncia do Temer deve atrasar mais o processo da votação, o que atrapalha a reforma. Possivelmente, não vai ser votada em outubro”, afirma Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.
O Banco Central vendeu o lote de 12 mil contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) para rolagem dos contratos que vencem em outubro. O BC até agora já rolou US$ 4,2 bilhões dos US$ 9,975 bilhões que vencem no mês que vem.
O CDS (credit default swap), que mede o risco-país, subiu 1,98%, para 205,3 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam com sinais mistos. O DI para janeiro de 2018 ficou estável em 7,550%. A taxa do contrato com vencimento em janeiro de 2019 subiu de 7,270% para 7,320%.
Ações
Entre as 59 ações do Ibovespa, 53 fecharam em baixa, cinco subiram e uma terminou com o mesmo preço.
A Usiminas despencou 12,45%, acompanhando a queda dos preços do aço no exterior que afetaram também as ações da Metalúrgica Gerdau (-5,07%), da CSN (-3,29%) e da Gerrdau (-3,01%).
A queda dos preços do minério de ferro, pela terceira sessão seguida, também provocou a desvalorização das ações da Vale. Os papéis ordinários da mineradora recuaram 2,57%, para R$ 31,09. As ações preferenciais perderam 2,38%, para R$ 28,77.
As ações da Petrobras destoaram do mau humor do mercado e subiram, sustentadas pela forte alta dos preços do petróleo no exterior e também após a companhia anunciar novo reajuste do preço do gás de cozinha, o segundo no mês.
A alta no exterior se deve à avaliação de grandes produtores de petróleo de que o mercado global está no caminho para o reequilíbrio.
As ações preferenciais da Petrobras subiram 0,96%, para R$ 15,84. Os papéis ordinários avançaram 0,74%, para R$ 16,32.
No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco recuaram 0,99%. Os papéis preferenciais do Bradesco caíram 1,69%, e os ordinários tiveram queda de 1,49%. As ações do Banco do Brasil se desvalorizaram 1,42%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil tiveram baixa de 1,57%. (Folhapress)
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