A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump a partir de 1º de agosto de 2025, acende um alerta vermelho para setores-chave da economia de Goiás. Segundo dados exclusivos da Secretaria de Indústria e Comércio, obtidos pelo Diário de Goiás, o Estado exportou mais de US$ 337 milhões em produtos aos EUA apenas no primeiro semestre deste ano, com destaque para carnes, ferro e aço, açúcar e couro, que agora estão diretamente sob risco de retração.
O impacto é expressivo, considerando que os EUA são o segundo maior destino das exportações goianas, atrás apenas da China. Os setores de proteína animal, mineração e produtos agrícolas lideram a lista dos que mais venderam ao mercado norte-americano e também são os que devem sentir os primeiros efeitos negativos da medida protecionista imposta.
Exportações de Goiás para os EUA em 2025 (em milhões de dólares FOB)
| Produto Exportado | Valor (US$ milhões) |
|---|---|
| Carnes e miudezas comestíveis | 208,7 |
| Ferro fundido, ferro e aço | 37,6 |
| Açúcares e produtos de confeitaria | 32,4 |
| Peles e couros (exceto com pelo) | 12,3 |
| Pedras preciosas, metais preciosos, bijuterias e similares | 9,4 |
| Gorduras e óleos animais ou vegetais | 9,3 |
| Café, chá, mate e especiarias | 7,8 |
| Bebidas alcoólicas e vinagres | 2,8 |
| Produtos químicos orgânicos | 2,3 |
| Amidos modificados, enzimas e colas | 2,2 |
Com a nova tarifa, o setor de carnes, responsável por mais de 60% das exportações goianas aos EUA, pode enfrentar perdas de dezenas de milhões de dólares. O mesmo vale para o açúcar, que sozinho movimentou mais de US$ 32 milhões no período. A cadeia do couro, do café e das bebidas alcoólicas também pode perder competitividade frente a outros mercados sem barreiras comerciais elevadas.
Importações de Goiás dos EUA em 2025 (em milhões de dólares FOB)
| Produto Importado | Valor (US$ milhões) |
|---|---|
| Máquinas, reatores e instrumentos mecânicos | 111,0 |
| Produtos farmacêuticos | 84,1 |
| Equipamentos elétricos, de som e imagem | 17,9 |
| Fertilizantes | 17,9 |
| Instrumentos ópticos, médicos e cirúrgicos | 10,8 |
| Aeronaves e peças | 9,3 |
| Produtos químicos orgânicos | 8,7 |
| Obras de ferro ou aço | 4,0 |
| Plásticos e derivados | 3,6 |
| Gesso, cal e cimento | 3,1 |
No sentido contrário, Goiás importou quase US$ 290 milhões dos Estados Unidos em 2025, com destaque para máquinas industriais, fármacos, tecnologia e aeronaves, setores que, segundo o banco BTG Pactual, não devem ser afetados pela nova tarifa, já que ela não é cumulativa com as taxas de 25% sobre automóveis nem com os 50% sobre aço e alumínio.
Produtos sob investigação da Seção 232, como semicondutores, minerais críticos e produtos farmacêuticos, também permanecem isentos da taxação adicional, conforme esclareceu o BTG.
Efeitos esperados
A expectativa de analistas é de que a tarifa provoque uma queda bilionária nas exportações brasileiras para os EUA, com reflexos diretos em Goiás, especialmente em cadeias produtivas que dependem da demanda norte-americana. “Essa tarifa vai punir justamente os setores em que o Brasil e Goiás são mais competitivos no mundo”, avalia um técnico da Secretaria de Indústria e Comércio.
Embora o cenário seja preocupante, ainda há possibilidade de negociação setorial por meio do Itamaraty e de organismos multilaterais. Mas, até que haja sinalização de flexibilização por parte do governo norte-americano, os setores produtivos devem se preparar para um período de retração no comércio bilateral.
Exportações totais de Goiás em 2025:
- China: US$ 3,36 bilhões
- EUA: US$ 337,4 milhões
- Tailândia, Canadá e Índia completam o top 5 destinos.
Importações totais de Goiás em 2025:
- China: US$ 548 milhões
- Alemanha: US$ 395 milhões
- EUA: US$ 289,7 milhões
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