A Câmara dos Deputados elegeu na noite desta terça-feira (11) como novo presidente do Conselho de Ética o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), que já assume sob a acusação de que foi escolhido para blindar os alvos da Operação Lava Jato.
O Conselho é o órgão responsável por dar o parecer sobre os eventuais pedidos de cassação do mandato dos parlamentares suspeitos de envolvimento no esquema.
O placar foi apertado. 11 votos para Elmar contra 9 para Sandro Alex (PSD-PR).
“O movimento ocorrido nas últimas horas com essa candidatura posta é o de claramente criar uma blindagem nos próximos dois anos a componentes da Câmara dos Deputados”, Sandro Alex (PSD-PR), que foi vice-presidente do
Conselho nos dois últimos anos, ainda antes da eleição.
O movimento a que ele se refere é a indicação pelo DEM de Elmar no lugar de Marcos Rogério (DEM-RO), até então candidato à presidência do Conselho.
Segundo Alex, o próprio Elmar Nascimento o procurou afirmando que sua candidatura foi resultado de um pedido de deputados para que ele fosse para o Conselho e “resolvesse as coisas” no sentido de proteger colegas.
“A divulgação da lista [do STF] influenciou essa votação e favoreceu o espírito de corpo, incluindo o PT, que votou fechado no Elmar”, disse o deputado Julio Delgado (PSB-MG).
Elmar é correligionário e amigo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos que tiveram o pedido de investigação autorizado pelo ministro Edson Fachin.
Elmar também era um dos deputados que o grupo do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso, dizia contar como aliados. “O deputado Elmar no passado acolheu recurso de Cunha para anular o trabalho do
Conselho que agora preside. Disse pessoalmente a ele que ele vai ter que provar na prática sua independência”, afirmou Chico Alencar (PSOL-RJ).
BÍBLIA
O novo presidente do Conselho de Ética nega a suposta operação de blindagem e diz que sua “bíblia” será a Constituição e o regimento interno da Câmara. “Isso é impossível, não há possibilidade de qualquer tipo de blindagem”, afirmou.
Elmar afirmou, porém, que para abertura de um processo de cassação não é suficiente a citação em uma lista.
“É preciso saber o conteúdo, saber o que tem lá, se tem fundamento”, afirmou antes mesmo do resultado da eleição.
Um dos integrantes do Conselho, Cacá Leão (PP-BA), está na lista de Fachin. O colegiado têm 21 integrantes titulares.
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