26 de agosto de 2024
Política

Caiado nega desconforto com Marina em palanque da terceira via

 

O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) nega que a presença da ex-senadora Marina Silva no PSB – ela se filiou recentemente após não conseguir criar novo partido – cause desconforto em face dos debates acalorados que os dois já protagonizaram, sobretudo na votação do Código Florestal.

 

Em Goiás, a ex-senadora deve ocupar o mesmo palanque que Caiado, já que ele constrói, ao lado de Vanderlan Cardoso (PSB), o projeto da terceira via.

Veja abaixo entrevista concedida pelo democrata ao Blog do Josias e disponível na internet:

— O que achou da aliança firmada entre Eduardo Campos e Marina Silva?

Numa eleição majoritária, é preciso aglutinar os diferentes. O Eduardo Campos está sabendo fazer isso. A democracia pressupõe a convivência das diferenças. O PT prega no Brasil a gestão de cemitério, que não contempla o contraditório. Mas isso não é o desejável. Democracia é o convívio de ideias. Faz-se o livre debate. Prevalece quem maneja melhor os neurônios, quem apresenta as melhores propostas.

— A eventual presença de Marina como vice na chapa de Eduardo Campos lhe causaria desconforto?

A presença de Marina Silva no projeto não me causa nenhum desconforto. Nunca tive nenhum tipo de preconceito. Trago a lição do meu pai: ‘As pessoas só serão boas se tiverem os melhores do seu lado. Não é uma estrela no firmamento. Tem que ter o espírito de constelação, cercando-se dos melhores, tenham a cabeça que tiverem. É preciso dar espaço aos neurônios. Esse é o jogo.

— E quanto aos embates já travados?

Sou apaixonado pelo debate de ideias. Na Câmara dos Deputados, tive vários embates com o Fernando Gabeira. Perdendo ou ganhando, sempre mantive uma excelente convivência com o Gabeira. Essa é a prática dos parlamentos no mundo inteiro. Não há mais espaço no Brasil para a demonização de pessoas. Houve um tempo em que demonizaram os produtores rurais. Agora, o PT sataniza os médicos brasileiros para ganhar a eleição em São Paulo e a Presidência. Isso é populismo barato. Não podemos permitir que o Brasil evolua para isso –fulano vai para o céu e cricrano vai para o inferno. Esse jogo maniqueísta o Eduardo Campos está sabendo evitar.

— Faz algum reparo ao movimento de Eduardo Campos?

Não, pelo contrário. Foi muito acertado. Quando você é candidato à Presidência da República, precisa pensar que, amanhã, terá de zelar pela governabilidade. Para que dê certo, é preciso aglutinar o maior número de tendências diferentes. No processo decisório, ouve todo mundo. Depois, é o presidente quem toma a decisão final, fazendo aquilo que julga melhor para o país. Assim é a democracia. O Eduardo Campos está quebrando paradigmas.

— Como assim?

Hoje, no Brasil, todo mundo acha que é marqueteiro que ganha eleição. O Eduardo Campos está invertendo isso, colocando na frente a boa política. Outra coisa: até aqui, só ganhava eleição quem tivesse partido grande e o mapa do governo para partilhar. O governador Eduardo está se tornando uma alternativa real saindo de um partido pequeno e sem vender ministérios. Isso é diferente.

— Se ele quiser tempo de propaganda na televisão, uma hora terá de se entender com outros partidos, não?

Claro que tem que se entender. Mas esse entendimento se dará em bases republicanas. Ele utiliza outra metodologia. Busca trazer as pessoas que vocalizam, como líderes, posições da sociedade. Está aí a habilidade nesse assunto que envolve a Marina. Tenho que aplaudir essa composição. As ruas e as redes sociais expressavam um sentimento pró-Marina. E o Eduardo soube abrigar esse sentimento no seu projeto. Ficou demonstrado que é possível fazer política sem comercializar a Esplanada dos Ministérios. Cria-se um ambiente que não combina com o leilão antecipado do governo.

— Como pretende se encaixar nesse projeto?

Há muitos meses, em março, eu declarei, como deputado do DEM, apoio ao Eduardo Campos. Fiz isso num ato público. Tenho um acordo com o Vanderlan [Cardoso, ex-deputado estadual que se filiou ao PSB em março]. Ainda nesta segunda-feira fizemos uma reunião para discutir nosso projeto de governo para Goiás. Nosso acordo prevê que, na hora que tivermos de decidir, quem estiver em melhores condições disputará o governo do Estado. O outro comporá a chapa como candidato ao Senado. Estão conosco nesse projeto o PSB, o DEM, o PDT, o Solidariedade, o PSC e o PRP.

— Foi avisado previamente sobre o ingresso de Marina e outros integrantes da Rede Sustentabilidade no PSB? Sim, me ligaram na manhã de sábado os deputados Pedro Valadares [PSB-SE] e Márcio França [PSB-SP]. Disseram que o entendimento tinha evoluído na noite anterior e que seria anunciado à tarde. Eu aplaudi.

 

 


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