04 de dezembro de 2025
Eleições 2026 • atualizado em 17/10/2025 às 10:01

Caiado endurece críticas a Lula e diz que presidente “não tem estatura moral para governar o país”

Foto: Secom.
Foto: Secom.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), voltou a elevar o tom contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista publicada nesta sexta-feira (17) pela Revista Veja. O goiano, que lançou em abril sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026, afirmou que o petista “não tem credibilidade moral para governar o país” e previu que Lula será derrotado nas próximas eleições.

“O problema com Lula é um só: ele não tem estatura moral para sentar naquela cadeira. O Brasil tem perdido espaço no cenário internacional exatamente pela ausência de um governante que tenha a condição de não ficar administrando pelo discurso”, declarou Caiado.

A entrevista foi divulgada um dia após o cancelamento da vinda de Lula a Goiânia, onde o presidente participaria da inauguração da ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Goiânia, ao lado do governador. O evento, mantido pelo governo estadual, simbolizaria um raro encontro institucional entre os dois, adversários políticos de longa data.

Críticas à gestão petista

Caiado acusou o governo federal de “dar calote na população” e de “viver de narrativas”. Para ele, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é “um café requentado” e as promessas econômicas de Lula não se concretizaram.

“Tudo o que ele prometeu não aconteceu. Não tem cerveja com picanha. Os juros estão altos e está cada vez mais difícil comprar a cesta básica. Portanto, Lula será derrotado, desde que tenhamos a habilidade de ter vários candidatos defendendo a centro-direita”, afirmou.

O governador também criticou o que chamou de política de divisão social promovida pelo presidente. “Nunca vi governar dividindo o país, criando confronto entre classes sociais. Isso mostra a fragilidade e a falta de credibilidade dele”, pontuou.

Pré-candidato e isolado dentro do União Brasil

Mesmo enfrentando resistências internas, Caiado reafirmou sua disposição em disputar o Planalto e disse que o União Brasil não aceitará interferência do senador Ciro Nogueira (PP-PI), com quem mantém embate público desde o anúncio da possível federação entre as duas siglas.

“Ciro tenta a todo momento ignorar a nossa pré-candidatura. É uma posição de final de carreira, de quem quer achar uma garupa para continuar na vida política. No União Brasil, não recebemos e não receberemos nenhuma ordem de Ciro Nogueira”, disparou.

O governador também afirmou que, caso a federação com o Progressistas não se concretize, o União Brasil deve seguir “seu próprio rumo” nas eleições de 2026. Ele não descarta conversas com outras legendas, como o Solidariedade e o Podemos, para ampliar a base da centro-direita.

Rivalidade com Lula e aposta na pulverização da direita

Caiado avaliou que a única chance de vitória de Lula em 2026 seria uma união precoce da oposição em torno de um único nome. Ele defendeu que a presença de vários candidatos da centro-direita, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG), fortalece o campo oposicionista e garante o segundo turno.

“Há hoje uma pulverização na direita que querem colocar como sinal de fragilidade, mas com quatro ou cinco pré-candidatos compondo a nossa área, dá segundo turno em todas as simulações. E o Lula não ganha uma eleição no segundo turno”, disse.

Distância do bolsonarismo e pauta econômica

Sem negar a influência do ex-presidente Jair Bolsonaro, Caiado adotou tom pragmático. Disse reconhecer a “capacidade de mobilização” do ex-chefe do Executivo, mas defendeu que o debate político de 2026 precisa se concentrar em propostas concretas de governo.

“Posso garantir o que disse em relação à influência dele, mas vai haver o debate da campanha. Cada candidato vai se colocar. O mais relevante hoje é discutir o que temos que trazer para a pauta”, afirmou.

Caiado prometeu defender uma agenda voltada à responsabilidade fiscal e ao controle da dívida pública, criticando o que chama de “irresponsabilidade” do atual governo. Segundo ele, o país está “asfixiado por um governo que só sabe enfiar a mão no bolso do brasileiro”.

“O governo recebeu uma dívida-PIB de 72% e pode fechar o ano ultrapassando os 90%. É um país desacreditado, que não enxerga medidas sérias para tirar o Brasil da inflação e da taxa de juros estratosférica”, avaliou.

Contexto político

Com 88% de aprovação, segundo ele próprio destacou, Caiado tenta se posicionar como um nome de centro-direita capaz de unir o campo conservador sem depender diretamente do bolsonarismo. A entrevista reforça o tom combativo do governador e sinaliza o início de uma estratégia para se projetar nacionalmente, mesmo em um cenário em que o presidente Lula ainda mantém índices relevantes de popularidade.


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