O governador Ronaldo Caiado recebeu, nesta quinta-feira (28), no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia, uma comitiva da Embaixada do Japão no Brasil para tratar de parcerias estratégicas voltadas à exploração de terras raras no Estado. Ao final da reunião, o embaixador Teiji Hayashi destacou, em tom otimista, que houve “avanço concreto e real” nas negociações.
O encontro reforçou o interesse japonês na exploração e no processamento de óxidos de terras raras (OTR) em Goiás. As reservas goianas representam cerca de 25% da disponibilidade mundial desse tipo de minério, insumo essencial para o desenvolvimento tecnológico e para a transição energética. Ficou definido que a interlocução entre o governo estadual e o Japão será conduzida diretamente pela Embaixada em Brasília.
Parceria além da exportação
Caiado ressaltou que o diálogo prevê não apenas a exploração, mas também a industrialização local. “Chegamos a um entendimento para avançar na cooperação entre Goiás e o governo japonês, não apenas na exploração, mas também no processamento das terras raras”, afirmou o governador.
O chefe do Executivo goiano defendeu que a parceria avance para as fases de separação e refino, hoje concentradas na China. “Goiás não quer ser apenas exportador de matéria-prima. Precisamos da sensibilidade para que essas etapas seguintes sejam implantadas aqui”, reforçou.
O governador ainda citou a sanção da Lei nº 23.597, que institui a Autoridade Estadual de Minerais Críticos, criando governança para todas as etapas da mineração e um fundo de pesquisa. “O governo japonês poderá, com a tecnologia que tem, implantar aqui conosco o refino, a separação dos produtos ou contribuir para esse fundo”, disse.
Interesse japonês
O embaixador Teiji Hayashi frisou que a missão busca fortalecer os laços econômicos entre os dois países. “Veio a equipe completa do governo japonês para discutir e aprofundar nossas colaborações na área de terras raras”, destacou.
A comitiva japonesa visitará nesta sexta-feira (29) a mineradora Serra Verde, em Minaçu, além da planta fabril da Aclara Resources, em Aparecida de Goiânia, e reuniões institucionais.
O diretor do Mineral Resources Division, Manufacturing Industries Bureau, Yuzo Yamaguchi, lembrou que as tratativas começaram em julho, durante a missão de Caiado ao Japão. “Entre todas as nossas procuras, vimos aqui no Brasil, e principalmente em Goiás, essa grande chance de atender à demanda de terras raras pesadas”, avaliou.
Cadeia produtiva em Goiás
O estado já abriga operações importantes no setor:
- Minaçu: a Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM) produz disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr) em escala comercial.
- Nova Roma: investimentos em argilas iônicas devem alcançar R$ 2,8 bilhões, com estimativa de 5,7 mil empregos.
- Aparecida de Goiânia: a multinacional Aclara Resources inaugurou em abril uma planta fabril com aporte inicial de R$ 30 milhões.
Relevância estratégica
As terras raras englobam 17 elementos químicos aplicados em setores de ponta, como turbinas eólicas, veículos elétricos, baterias, equipamentos militares e data centers. Goiás é hoje o único ponto fora da Ásia a produzir em larga escala as primeiras etapas de comercialização do minério.
O secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, reforçou a meta de verticalizar a cadeia produtiva: “Nós queremos desenvolver a cadeia de valor das terras raras aqui dentro do estado e sair da situação atual em que exportamos apenas o concentrado”.
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