Durante participação no XIII Fórum de Lisboa, nesta quarta-feira (2), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, defendeu uma política de tolerância zero contra facções criminosas como estratégia central para conter o avanço do tráfico de drogas no Brasil. Em sua fala no painel “Política de Drogas: Entre Segurança e Saúde Pública”, Caiado fez críticas à ideia de descriminalização das drogas e alertou para o crescimento do crime organizado em territórios onde o Estado falha em se fazer presente.
“Sou 100% contra a descriminalização das drogas. Não podemos permitir que o tráfico continue dominando territórios e formando novas gerações dentro de uma lógica criminosa”, afirmou o governador, que também é médico. Ele criticou o que classificou como um processo de complacência social com o consumo de entorpecentes, o que, segundo ele, tem alimentado tanto a produção quanto o consumo em escala crescente.
Caiado destacou ainda o cenário alarmante vivido em estados como o Rio de Janeiro e em regiões da Amazônia, além da atuação internacional de facções brasileiras em países da América Latina e da Europa. “Quando o crime toma conta de uma comunidade, o Estado Democrático de Direito deixa de existir. É substituído por uma espécie de Estado paralelo”, alertou.
Ao relatar a experiência de Goiás, o governador ressaltou que o enfrentamento ao narcotráfico não se limita à repressão policial, mas inclui políticas sociais, investimentos em educação e ações integradas de prevenção. Para ele, oferecer alternativas aos jovens é essencial para romper o ciclo da violência: “É a desesperança que leva os jovens a caírem no mundo das drogas.”
A efetividade dessa abordagem, segundo Caiado, já pode ser percebida em números: o número de jovens internados em centros socioeducativos caiu de 1.073 para 178 em seis anos, uma redução de 83%. “Esses jovens estavam sob influência direta do narcotráfico. Mas, quando o Estado assume seu papel, o ciclo da violência é quebrado”, defendeu.
O posicionamento de Caiado foi respaldado pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo, que também participou do painel. Sarrubbo enfatizou que a expansão territorial do tráfico é um dos principais desafios atuais. “Existem regiões inteiras dominadas por traficantes, que muitas vezes eram usuários de drogas cooptados desde cedo para crescer a serviço desse ecossistema criminoso.”
O XIII Fórum de Lisboa é realizado anualmente com o objetivo de promover debates entre especialistas e autoridades do Brasil e de Portugal sobre os desafios jurídicos e institucionais dos dois países. O evento é promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), pelo Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da Universidade de Lisboa e pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A edição de 2025 ocorre entre os dias 2 e 4 de julho, na Cidade Universitária, em Lisboa.
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