O governador Ronaldo Caiado comemorou nesta segunda-feira (6), em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, a permanência de Luiz Henrique Mandetta à frente do Ministério da Saúde. Segundo Caiado, o presidente Jair Bolsonaro acerta ao manter seu amigo e correligionário no comando da pasta. Uma mudança neste momento de crescimento da pandemia da Covid-19, conforme o governador, poderia acarretar muitos prejuízos.
“Estamos entrando agora na fase preocupante da pandemia. Ainda bem que não tivemos nenhuma mudança. Em seus boletins, Mandetta mostra confiança e conhecimento de causa, embasando tudo em critérios científicos, estudos e nos protocolos dos mais modernos que existem. O termos à frente, com sua equipe, que tão bem sabe conduzir, e todo o seu know how, tranquiliza a população”, pontuou.
Outro tom da entrevista de Caiado foi a constante crítica à politização durante a pandemia. O governador teme que os desentendimentos e vaidades políticas possam custar vidas e pede que todas as lideranças se unam e evitem embates inapropriados.
“Politizar um momento de saúde é algo que não podemos admitir. É inaceitável continuar essa queda de braço. É a primeira vez que vejo, em 44 anos como médico, algo assim. Desde 1918, com a gripe espanhola, nunca havíamos visto algo semelhante [a pandemia]. Desta forma, precisamos buscar a pacificação. Não podemos acreditar que tudo depende da decisão de um presidente, um governador. Temos um inimigo invisível e sabemos das sequelas que ele deixou nos países que afetou. Quem entende, neste momento, é o Ministério da Saúde”, enfatizou.
Caiado citou a “força de mobilização ímpar” de Bolsonaro e disse que espera que ele siga a liturgia do cargo. Ele, porém, repetiu críticas que já havia feito quando anunciou o rompimento com o presidente. “Naquela hora, ele estava desautorizando seu aliado. As pessoas ficaram sem saber se deviam acatar a decisão do presidente ou o decreto do governador. Diante disso, proclamei que as decisões não alcançariam Goiás”, reiterou.
Ciência e técnica
Caiado defendeu que uma visão técnica prevaleça frente a qualquer vontade política. “É a tese da ciência. Ou vamos nos ater aos procedimentos, protocolos técnicos; ou vamos incorrer em achismos. O achismo pode funcionar bem no futebol. Na Medicina, de maneira alguma”, asseverou o governador. Ele ainda lembrou dos erros de líderes italianos, admitidos pelos próprios, e citou as mudanças nas posições do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
Segundo o governador, a experiência de quarentena com os brasileiros que vieram de Wuhan e se isolaram na Base Aérea de Anápolis foi de grande valia. “Fui o primeiro a adotar a quarentena, antes mesmo que houvesse um caso sequer da Covid-19 em Goiás”, disse. Ele ainda pontuou que toda a atividade nas últimas semanas é voltada ao combate da doença. “Neste período todo, não fiz nenhuma reunião política; cancelei todas”, afirmou.
Caiado ainda mostrou certo otimismo e disse que o Brasil pode usar como parâmetro protocolos e ações adotadas por países como China e Itália, afetados anteriormente. Não negou que a economia brasileira vai sofrer um forte impacto, porém enxerga principalmente no setor agrícola a grande válvula para futura recuperação.
Teremos momentos difíceis. Mas vejo o Brasil com uma posição privilegiada exatamente na parte de segurança alimentar. Os países terão uma dificuldade muito grande de repor estoques, de voltar a ter uma produção. Enxergo o Brasil podendo dar um passo rápido no sentido de poder ir aos poucos recuperando, não aquela curva ascendente do dia para a noite, mas com muito mais chances em relação aos países que são 100% industrializados e terão uma dificuldade enorme em poder exportar seus produtos”, avaliou.
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