No dia sete de agosto de 1942, nascia em Santo Amaro da Purificação, pequena cidade do Recôncavo Baiano, próxima de Salvador, Caetano Emanuel Vianna Telles Velloso.
O artista, que completa 75 anos nesta segunda (7), é o quinto dos sete filhos de José Telles Velloso (1901-1983), o seu Zezinho, funcionário público do Departamento de Correios e Telégrafos, e de Claudionor Vianna Telles Velloso, a Dona Canô (1907-2012).
CASAMENTO E FILHOS
Em 20 de novembro de 1967, Caetano se casou com Dedé Gadelha em uma cerimônia hippie, em Salvador. Na época, os trajes dos noivos chamaram a atenção: ele vestia uma blusa laranja de gola rolê e ela túnica branca curta com capuz forrado em tom rosa. No lugar do buquê, a noiva segurava flores de papel crepom colorido. Juntos, eles tiveram tiveram Moreno (44).
Atualmente, o músico é casado com a produtora Paula Lavigne, 48, com quem tem os filhos Zeca, 25, e Tom, 20. Os dois romperam em 2004, após quase 20 anos de casamento, mas voltaram em 2016.
Quando se separaram, Paula derrubou o portão da garagem do flat para onde Caetano havia se mudado -o porteiro disse que ela não tinha autorização para entrar. “Acelerei. É o meu lado maluco, arrogante. Não acho bacana ter derrubado o portão”, disse à Folha de S.Paulo na época.
Paula e Caetano se conheceram quando ela era adolescente nos bastidores de uma peça de teatro no fim dos anos 80. Quando começaram a se relacionar, Paula tinha 16 anos e Caetano, 43.
TROPICALISMO
Caetano foi um dos percursores do Tropicalismo, movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre 1967 e 1968 junto de Tom Zé, Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes, Torquato Neto, Rogério Duarte, Capinan, Júlio Medaglia e Rogério Duprat. Na época, o grupo procurou universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica.
NOME DA IRMÃ
Inspirado numa música de Nelson Gonçalves, foi Caetano quem escolheu o nome da irmã mais nova, a também cantora Maria Bethânia, que nasceu no dia 18 de junho de 1946. Na época, Gonçalves fazia sucesso com a canção “Maria Betânia”.
MACONHA
Em março de 2017, Caetano viajou ao Uruguai, onde o consumo recreativo de maconha é permitido, e gravou um vídeo defendendo a legalização das drogas.
O registro foi publicado na rede social Instagram de sua mulher, Paula Lavigne. “Tenho horror a maconha. Experimentei nos anos 60 e odiei, detestei. Mas eu sou a favor da liberação e legalização da maconha. Aliás, de todas a drogas”, disse o músico.
BIOGRAFIA
Caetano foi tema de uma biografia não autorizada escrita por Carlos Eduardo Drummond e Marcio Nolasco -embora o artista estivesse ciente o tempo todo de sua feitura.
A obra, fruto de uma pesquisa de 20 anos, que foi engavetada em 2004, foi finalmente lançada em 2017 pelo selo Seo Man, da editora Pensamento. Caetano não se opôs a nenhuma das informações do livro, mas o atacou com uma frase constrangedora aos autores: segundo seu entendimento, ele seria de “baixa qualidade literária”.
ÁLBUNS, LIVROS E FILMES
Ao todo, Caetano lançou 57 discos e escreveu quatro livros (“Alegria, Alegria” e “Verdade Tropical”, ambos de 1997, “Letra Só”, de 2003, e “O Mundo Não é Chato”, de 2005. Em 1986, dirigiu “Cinema Falado”. A obra é, na definição de seu autor, “quase 100% composto de falações ou teóricas ou poéticas ou poético-teóricas, mas ditas em meio a uma ação relativamente indefinida e mais ou menos indiferente ao que o texto está dizendo”.
Caetano também foi tema de dois documentários, “Os Doces Bárbaros” (1997) e “Coração Vagabundo” (2009).
De Jom Tob Azulay, o primeiro é um relato da turnê realizada em 1976 por Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia, quando chegavam a dez anos de carreira.
Já o segundo, dirigido por Fernando Grostein Andrade, “Coração Vagabundo”, foi lançado em 2009 e mostra a intimidade de Caetano durante turnê “A Foreign Sound” pelo Brasil, pelo Japão e pelos EUA. Diante da câmera, ele se prepara nos bastidores e faz confissões.
O cantor afirmou que não palpitou no corte das 57 horas originais de gravação, nem na cena em que aparece nu. Destaque para a participação dos cineastas Pedro Almodóvar e Michelangelo Antonioni.
CRASE, ‘UM ERRO CHATO, QUE EU NÃO GOSTO’
Um vídeo em que que Caetano dá uma bronca na equipe que cuida de suas redes sociais fez sucesso em 2015. O motivo? A gravação mostra o músico dando uma aula de como usar crase.
Na época, em sua página no Facebook, um acento grave foi publicado fora do lugar na expressão “homenagem à Bituca [apelido de Milton Nascimento] (sic)”, erro que irritou o cantor.
“O ‘a’ é apenas a preposição nesse caso. Bituca não é uma mulher, nem um nome em que você pode usar o artigo feminino antes”, explicou. A composição correta seria “homenagem a Bituca”. “Um erro chato, que eu não gosto. Um erro que eu acho idiota. Até os linguistas estimulam, dizendo que não se deve ligar para a crase. Nada disso! Tem que saber português e saber trabalhar bem a língua no Brasil.”
AMIGOS E FACULDADE
Em 1963, Caetano ingressou na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia. Lá, foi apresentado a Gilberto Gil pelo produtor Roberto Santana, e também iniciou amizade com Gal Costa e Tom Zé. Dois anos depois, conheceu João Gilberto.
Abandonou a faculdade e acompanhou sua irmã Bethânia, que fora convidada para ir ao Rio substituir a cantora Nara Leão no show “Opinião”. Em 1998, recebeu o título de doutor Honoris Causa pela mesma.
RECONHECIMENTO
Caetano acumula prêmios e reconhecimento no Brasil e no mundo. Em 2002, foi eleito pelo jornal americano “The New York Times” como um dos maiores compositores do planeta no século XX.
Seis anos depois, em 2008, a revista “Rolling Stone”, o elegeu como o quarto maior artista da música brasileira de todos os tempos -atrás apenas de Tom Jobim, João Gilberto e Chico Buarque.
EXÍLIO
Por causa da ditadura militar, Caetano viveu exilado em Londres, no Reino Unido, de 1969 a 1972. De lá, lançou o disco Caetano Veloso (1971) com canções compostas em inglês.
No repertório, seis canções escritas em inglês -entre elas, “London, London” e “Maria Bethânia”- e uma recriação de “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. retorna ao Brasil em 1972 com o dico “Transa”. (Folhapress)
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