20 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:40

‘Cadeia está virada’, diz vice-diretor de Alcaçuz

(Foto: Andressa Anholete)
(Foto: Andressa Anholete)

Um dia após o fim da rebelião que terminou com 26 mortos na penitenciária de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal (RN), um novo motim foi registrado na manhã desta segunda-feira (16).

O vice-diretor do presídio de Alcaçuz, Juciélio Barbosa, afirmou que os detentos estão no telhado da penitenciária. “A cadeia está virada. Tem PCC [Primeiro Comando da Capital] de um lado e Sindicato do Crime do outro. Estão usando tudo: paus, pedras e com bandeiras das facções”, disse Barbosa.

As duas facções lutam pelo domínio do sistema carcerário no Estado, especialmente em Alcaçuz, de acordo com o advogado Gabriel Bulhões, da Comissão de Advogados Criminalistas da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio Grande do Norte. O Sindicato do Crime é uma dissidência do PCC surgida por volta de 2012 da qual todas vítimas faziam parte.

O diretor afirmou que os presos soltos estavam subindo com frequência no teto do presídio. A Polícia Militar já foi acionada e já se desloca para o local. O governo do Estado ainda não divulgou informações sobre o novo motim.

Além de Alcaçuz, o governo do Rio Grande do Norte também registou na madrugada desta segunda (16) uma rebelião no Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato, na capital potiguar. O motim começou às 3h (4h horário de Brasília) e, segundo o governo do Estado, a situação está controlada e não houve fugas nem há informações de feridos.

Na tarde deste domingo (15), o secretário de Estado da Segurança Pública, Caio Bezerra, havia dito que o policiamento na unidade estava reforçado na área externa e guaritas do presídio de Alcaçuz. “A Polícia Militar e a Força Nacional estão patrulhando o perímetro para prevenir fugas. Temos um planejamento e continuaremos colocando em prática para evitar que novos motins aconteçam.”

De acordo com o titular da Sejuc (Secretaria de Justiça e Cidadania), Wallber Virgolino, alguns responsáveis pela rebelião foram identificados. “O monitoramento continua e estamos avaliando. Caso necessário, faremos as transferências dos grupos e líderes que participaram do motim para outras unidades prisionais”, declarou o secretário.

Massacre em Alcaçuz

O motim na penitenciária de Alcaçuz deixou 26 presos mortos neste fim de semana, segundo contagem do governo. A rebelião foi motivada por uma briga nos pavilhões 4 e 5 do presídio envolvendo as facções PCC e Sindicato do Crime. Segundo o governo, todos os mortos são ligados ao Sindicato do Crime. Houve uma invasão de um pavilhão por presos inimigos, o que deu início ao motim.

A matança é mais um capítulo da crise penitenciária no país: é o terceiro massacre em presídios em apenas 15 dias. No total, 134 detentos já foram assassinados somente neste ano, 36% do total do ano passado, quando 372 presos foram mortos.

O trabalho de identificação dos corpos começará nesta segunda e deve seguir por 30 dias, diz o governo -em Roraima, onde um motim deixou 33 mortos no dia 6, o governo demorou pouco mais de um dia para divulgar uma lista com os nomes de 31 vítimas. Dois dos presos mortos no Rio Grande do Norte foram carbonizados e todos os outros foram decapitados.

Segundo o diretor do Itep (Instituto Técnico Científico de Perícia), Marcos Brandão, não há marcas aparentes de perfuração por balas nos corpos, apenas por instrumentos cortantes -ainda é preciso fazer necropsia nos corpos para identificar as causas de morte. Agentes encontraram dentro do presídio uma pistola caseira, de um cano feita manualmente, e granadas não letais, que não foram usadas, segundo o governo.

Folhapress

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