Principal testemunha arrolada pela defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), no processo a que este responde no Conselho de Ética do Senado, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não deverá comparecer ao depoimento previsto para esta quarta-feira (23). A informação é do advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay, que a ouviu de Marcio Thomáz Bastos, advogado de Cachoeira.
Os dois jantaram na noite de segunda-feira (21) para tratar do processo do Mensalão, já que Kakay defende o publicitário Duda Mendonça.
– O Márcio Thomáz Bastos me disse que o Cachoeira não virá. Ele vai alegar que já compareceu à CPI – relatou Kakai, referindo-se ao interrogatório a que Cachoeira será submetido às 14h desta terça-feira (22) na CPI mista que investiga esquema de jogos ilegais, corrupção e tráfico de influência.
Cachoeira comandava esse esquema, segundo relatórios da Polícia Federal que integram inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a corte onde será julgado o Mensalão. Os mesmos relatórios apontam envolvimento do senador por Goiás com as atividades de Cachoeira, cuja defesa foi adiada do dia 28 para o dia 29 próximos, a pedido do relator do caso, senador Humberto Costa (PT-PE).
– Demóstenes vem. Ao Conselho de Ética, acho que ele tem que vir. Aqui, acho que ele tem que prestar satisfação a seus pares – afirmou Kakai.
Sobre o comparecimento de Demóstenes Torres à CPI, para a qual ele foi convocado a apresentar-se no dia 31 de maio, a orientação do advogado é para que ele se apresente, mas se mantenha em silêncio.
– Minha orientação jurídica é a de que Demóstenes vá à CPI e não fale, mas essa é uma decisão que o próprio senador deve tomar.
De acordo com Humberto Costa, o próprio acusado pediu que seu depoimento, inicialmente marcado para o dia 28, fosse adiado para as 9h30 do próximo dia 29. O conselho aprovou a mudança por unanimidade em reunião na manhã desta terça, à qual o relator compareceu com uma tipoia no braço esquerdo em razão de uma fratura.
Durante a reunião, o presidente do Conselho, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), comunicou aos senadores o recebimento de ofício do advogado Ruy Cruvinel no qual ele informa que não compareceria à audiência por “motivos pessoais”. O advogado foi incluído como testemunha de defesa de Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Valadares explicou que o Conselho não tem a prerrogativa de convocar testemunhas, apenas convidá-las a depor.
– Todos sabem que o conselho pode fazer convites a testemunhas, mas não tem o poder coercitivo de obrigar a uma testemunha a comparecer para prestar depoimento. Nós não temos nem o poder de convocar, mas sim de convidar. A testemunha diz que não comparece porque quer manter sua privacidade – assinalou Valadares. (Agência Senado)
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