19 de dezembro de 2024
Esportes

Brasil x Paraguai: Arce vai à casa do inimigo pela redenção

Técnico Arce - Paraguai
Técnico Arce - Paraguai

Nos 17 anos em que jogou futebol como profissional, Francisco Arce foi unanimidade. Um dos maiores laterais direitos de sua geração na América do Sul, participou dos mundiais de 1998 e 2002 pelo Paraguai.
Como técnico, ele está longe de receber os mesmos elogios no seu país. Comandou a seleção por nove meses entre 2011 e 2012. Não deu certo. Foi escolhido novamente para o cargo, de forma surpreendente, no ano passado.

“Arce demonstrou não ter capacidade e recebeu nova chance. Ele não tem dignidade”, criticou José Luis Chilavert, ex-goleiro, ex-companheiro do lateral em duas Copas do Mundo e nome mais famoso do futebol nacional.

Outros ex-atletas, como Roberto Cabañas, atacante do Paraguai na Copa de 1986, também reclamaram da escolha de Arce.

“Não há a menor chance de ele levar o Paraguai para o Mundial da Rússia”, alfinetou o ex-goleador, morto em janeiro deste ano.

Arce mantém como técnico a mesma imagem discreta dos tempos de jogador. Suas entrevistas não são bombásticas e as reações à beira do campo passam longe da fúria de outros técnicos. Sabe que só vai calar os críticos se classificar a seleção para a Copa do Mundo de 2018.

Ele precisa evitar a derrota para o Brasil, nesta terça (28), no Itaquerão.

A vitória sobre o Equador por 2 a 1 na última quinta (23), em Assunção, não fez a equipe entrar na zona de classificação para o Mundial. O Paraguai está em 7º, com 18 pontos. Nem mesmo se derrotar o Brasil pode ter certeza de que entrará.

Os quatro melhores se garantem no torneio. O quinto vai disputar repescagem contra adversário da Oceania. O quarto lugar atualmente é da Colômbia, com 21 pontos.

“O problema da seleção é estar sempre à beira do abismo ou perto da abundância. Precisamos manter um padrão”, disse o treinador apelidado de “Chiqui” (pequeno, em espanhol), apesar de ter 1,79m de altura.

As reclamações aconteceram porque ele foi recontratado para dirigir o Paraguai 11 dias após ter deixado o Olímpia, um dos clubes mais populares do país, por causa dos maus resultados no campeonato local.

Arce não estava acostumado a tantas críticas. Como lateral, era um dos primeiros nomes garantidos entre os 11 titulares. A regularidade em campo e a precisão nas cobranças de falta o tornaram ídolo no Paraguai e no Brasil. Ele foi campeão da Libertadores por Grêmio (1995) e Palmeiras (1999).

NA CASA DO RIVAL

Neste último, eliminou o Corinthians duas vezes no torneio continental, em 1999 e 2000. No primeiro ano, na disputa de pênaltis, fez a primeira cobrança palmeirense. Colocou a bola no ângulo.

“Tenho muita fome de ir ao Brasil. Joguei muito tempo lá e conheço tudo”, completou.

Se o Itaquerão é a casa de Tite, campeão paulista, brasileiro, da Libertadores e Mundial pelo Corinthians, é duplamente território inimigo para Chiqui Arce. Mais por ter sido vencedor pelo Palmeiras do que pela condição de técnico do Paraguai.

Mas nem tudo foram flores para o lateral no futebol brasileiro. Ele era titular no primeiro rebaixamento do Palmeiras no Campeonato Brasileiro, em 2002.

A imagem de Arce como atleta era imaculada porque fez parte da melhor geração da história da seleção paraguaia.

Em 1998, esteve a sete minutos de levar o jogo de oitavas de final contra a França, dona da casa e futura campeã mundial, para os pênaltis. No esquema do técnico brasileiro Paulo César Carpegiani, ele era uma das peças mais importantes.

Quatro anos depois, o Paraguai foi eliminado de novo nas oitavas de final, com um gol no último minuto, diante da Alemanha.

A carreira de Arce como técnico coincidiu com a queda do desempenho da seleção. O último suspiro do país foi o vice-campeonato na Copa América de 2011.

O Paraguai não se classificou para o Mundial do Brasil de 2014, quebrando uma sequência de quatro participações consecutivas.

Francisco Arce, o símbolo da era em que as coisas davam certo, virou uma das imagens do tempo em que tudo começou a não funcionar no futebol do Paraguai. Ele vai tentar mudar isso contra o Brasil, no Itaquerão, território do Corinthians, seu antigo rival.


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