Foram 9 os casos de fungo Candida auris registrados no Brasil entre novembro de 2021 e novembro de 2022. Apesar do número ser pequeno, a situação já configura o terceiro e maior surto da doença no país, segundo cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Os casos, registrados em um hospital de Recife, capital de Pernambuco, serão publicados na revista científica Frontiers in Cellular and Infection Microbiology. Agora, a situação preocupa, pois o fungo representa uma ameaça grave à saúde pública, já que é resistente aos principais medicamentos antifúngicos. Estudos apontam que até 90% destes fungos são resistentes.
O pior de tudo é que, novas infecções podem ocorrer, aumentando o número de casos e, consequentemente, causas uma epidemia, ou mesmo, pandemia. Além disso, como explica reportagem da CNN, infecções por Candida auris têm surgido em todo o mundo, causando diversas vezes uma alta mortalidade.
No caso do surto no Brasil estavam sete homens e duas mulheres, com idades variando entre 22 e 70 anos. Analisando os casos, o coordenador da pesquisa, Manoel Marques Evangelista Oliveira, do Laboratório de Taxonomia, Bioquímica e Bioprospecção de Fungos do Fiocruz, falou sobre situação.
“O grande foco na pesquisa científica de fungos no Brasil hoje é termos a resposta para os casos suspeitos de infecções fúngicas para ajudar os pacientes. Demonstramos que a presença de Candida auris em pacientes não quer dizer necessariamente que eles vão evoluir para o óbito. O fungo pode colonizar o paciente e ainda há medidas para impedir que essa infecção se dissemine nesse paciente”, afirmou o especialista.
Candida auris: por que preocupa?
De acordo com as pesquisas e informações divulgadas sobre o fungo, o Candida auris causa doenças oportunistas, e teve seu primeiro caso relatado pela no Japão em 2009 e, após 13 anos, todos os continentes já relataram casos do fungo. No Brasil, o primeiro caso foi em novembro de 2020, em um paciente de 59 anos, internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) em Salvador, na Bahia.
Sobre a preocupação, é que, ao contrário da maioria dos fungos ambientais, o Candida auris apresenta tolerância a temperaturas elevadas de 37°C a 42°C. E, para piorar, ele também se adapta fora do corpo humano, em condições favoráveis para infectar outras pessoas.
Dentre os perigos do fungo, ele pode causar infecções que podem ser fatais, principalmente em pacientes imunocomprometidos ou com comorbidades. Além disso, os pacientes podem permanecer colonizados por esse microrganismo, ou seja, com o fungo no corpo, por muito tempo, sem sinais da infecção, permitindo a transmissão para outras pessoas.
Apesar dos riscos, o Brasil possui, desde 2017, documentos com orientações de como os serviços de saúde (hospitais, clínicas, laboratórios, entre outros) devem proceder para prevenir e controlar a disseminação do fungo. Basta saber se isso é o suficiente.