Por Almir Leite
A seleção brasileira continua devendo um bom futebol. Neste domingo, apenas empatou com a Colômbia por 0 a 0, em Barranquilla, em uma partida em que o time de Tite pecou novamente pela falta de intensidade, de um jogo objetivo e mais agressivo. Nada que afete a virtual classificação à Copa do Mundo Catar, pois o Brasil lidera tranquilamente as Eliminatórias Sul-Americanas com seus 28 pontos. Nem o fato de ter perdido os 100% de aproveitamento em sua décima partida preocupa. O que preocupa é o futebol pobre.
Para piorar, Neymar, que voltava ao time após cumprir suspensão, continua mal. Errou quase tudo o que tentou, sobretudo no segundo tempo. Está mal tecnicamente e parece mal fisicamente. Nesta quinta-feira, em Manaus, a seleção encerra a rodada tripla deste mês de outubro enfrentando o Uruguai, às 21h30 (de Brasília), na Arena Amazônia.
Fora de casa, diante de um adversário que tem bom time e sob o forte calor de Barranquilla, Tite preferiu ser mas precavido. Trocou Gerson por Fred, para ter mais poder de marcação no meio de campo, recolocou Alex Sandro, que marca melhor que Guilherme Arana, na lateral esquerda e o jovem Militão no lugar do veterano Thiago Silva. E Everton Ribeiro saiu para s volta de Neymar.
Desta vez, a seleção começou o jogo fazendo o que tem de fazer sempre, buscando se impor. Neymar tinha liberdade para flutuar, participando mais da armação do que de costume. Com isso Paquetá ficava mais pela esquerda e Gabriel Jesus abria na direita. Os laterais também subiam mais do que normalmente. Com isso e a “marcação alta”, como Tite gosta de definir, o time se mostrava superior à Colômbia.
Neymar, em sua primeira jogada, deu trabalho a Ospina, em chute da entrada da área e aos 12 minutos deixou Paquetá na cara do goleiro, mas o chute do camisa 17 saiu torto, à esquerda do gol
A equipe também tinha defeitos. Um deles foi de dar muito espaço para os meias colombianos. E na parte final da etapa, talvez por causa do calor, ficou mais lenta. Além disso, passou a cometer o erro de querer forçar a penetração pelo meio, que estava sempre congestionado. Com isso, não conseguia concluir as jogadas. A equipe carecia de objetividade.
Ainda assim, teve uma grande chance quando Neymar deixou Fred de frente para o gol, na entrada da área, mas o chute do volante foi horroroso.
Após o longo intervalo – de 22 minutos -, o Brasil voltou procurando tocar bastante a bola, mas errava muitos passes e com isso não conseguia levar perigo à defesa colombiana. Tite, então, resolveu mexer. Tirou Gabriel, que praticamente não tocou na bola nos 60 minutos que esteve em campo – não por culpa dele, mas porque a bola não chegava -, e colocou Raphinha. O jogador do Leeds United inglês entrou credenciado pela boa estreia contra a Venezuela, com a missão de explorar sua velocidade e poder de drible. Com isso, Gabriel Jesus passou para o centro do ataque.
Mas nos momentos seguintes quem cresceu foi a Colômbia, que assustou com um chute de Uribe de fora da área que Alisson desviou para escanteio, e em dois chutes perigosos de Quintero – o primeiro deles em jogada que começou com mais um dos muitos erros de passe cometidos por Neymar.
Tite mexeu de novo, colocando Antony no lugar de Gabriel Jesus – Thiago Silva substituiu Eder Militão ao mesmo tempo, mas nesse caso porque o zagueiro do Real Madrid sentiu dores nas costas.
Com Raphinha, a seleção passou a ter boa alternativa ofensiva. Por meio das jogadas individuais do atacante. Ele passou a dar trabalho a Ospina, como em um chute de fora da área ao 30 minutos, depois de limpar dois adversários, que obrigou o goleiro a se esticar todo para colocar a bola a escanteio.
Nessa altura da partida, o Brasil já não tinha jogo coletivo e ainda dava espaços para contra-ataques da Colômbia. Com as equipes cansadas e desordenadas, o confronto ficou franco. E foram os dois novatos que estão ganhando rapidamente espaço na seleção os responsáveis pela jogada mais perigosa da seleção brasileira na parte final da partida. Aos 38 minutos, Raphinha cruzou da direita e Antony entrou pelas costas de Medina e desviou, mas Ospina conseguiu fazer grande defesa, colocando a escanteio.
O Brasil ficou nisso, tomou dois outros sustos, mas os minutos finais foram marcados por uma discussão entre Mina e Neymar, que ao fim do jogo correu para o vestiário sem cumprimentar nenhum adversário. A ele faltou futebol e fair-play.
FICHA TÉCNICA
COLÔMBIA 0 x 0 BRASIL
COLÔMBIA – Ospina; Medina, Mina, Cuesta e Mojica; Barrios, Lerma (Uribe), Quintero (Sinistera) e Luiz Díaz; Roger Martínez (Borré) e Falcao García (Zapata). Técnico: Reinaldo Rueda.
BRASIL – Alisson; Danilo, Eder Militão (Thiago Silva), Marquinhos e Alex Sandro; Fabinho, Fred e Lucas Paquetá; Gabriel Jesus (Antony), Gabriel (Raphinha) e Neymar. Técnico: Tite.
CARTÕES AMARELOS – Lerma e Borre (Colômbia).
ÁRBITRO – Patricio Losteau (Fifa-Argentina).
RENDA E PÚBLICO – Não divulgados.
LOCAL – Estádio Metropolitano Roberto Menéndez, em Barranquilla (Colômbia).
(Conteúdo Estadão)
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