05 de dezembro de 2025
LUTO • atualizado em 23/05/2025 às 16:22

Brasil e mundo perdem a genialidade e o compromisso do fotógrafo Sebastião Salgado

Mais premiado fotógrafo do Brasil, Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira em Paris; era considerado um gênio da fotografia documental
Morre o mais premiado fotógrafo do país - Foto: reprodução
Morre o mais premiado fotógrafo do país - Foto: reprodução

Morreu nesta sexta-feira (23), o fotógrafo Sebastião Salgado, aos 81 anos, em Paris. O mais premiado fotógrafo brasileiro, que registrou imagens singulares em 120 países, Salgado era um ativista social e ambiental que navegava entre o flagrante e a imagem pensada, retratando pessoas, culturas, animais, lutas, vitórias e perdas.

A morte foi divulgada pelo Instituto Terra, organização não governamental fundada pelo fotógrafo junto com a esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado, 73, arquiteta e ambientalista. Eles eram casados desde 1967.

Serra Pelada, registro icônico do fotógrafo em 1986 – divulgação Sebastão Salgado

“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, divulgou o instituto.

O fotógrafo convivia, desde os anos 1990, com problemas de saúde em decorrência de um tipo raro de malária que contraiu durante uma viagem à Indonésia e que teria evoluído para outra enfermidade grave. Entretanto, a causa da morte ainda não foi divulgada.

Repercussão da morte do fotógrafo Sebastião Salgado

Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do fotógrafo e disse se sentir profundamente triste. “Seu inconformismo com o fato de o mundo ser tão desigual e seu talento obstinado em retratar a realidade dos oprimidos serviu, sempre, como um alerta para a consciência de toda a humanidade”, afirmou.

“Sua obra continuará sendo um clamor pela solidariedade. E o lembrete de que somos todos iguais em nossa diversidade”, completou Lula.

Fotos de Sebastião Salgado chamaram a atenção do mundo – reprodução

O fotógrafo Bob Wolfenson, que fotografou o próprio Sebastião Salgado em alguns dos cenários inusitados por onde ele foi, se disse chocado com a morte, inclusive porque esteve com ele não faz muito tempo e entendeu que o colega estava em ótimas condições físicas.

Nesta sexta, Wolfenson contou em entrevista à GloboNews sobre os momentos interessantes que registrou e a simpatia com que era recebido pelo colega famoso. Falou também sobre a técnica aprimorada e o esforço por registrar questões complexas e importantes para diferentes nações.

Técnica em preto e branco era presente nos registros do fotógrafo – reprodução

Ele classificou a morte de Sebastião Salgado como uma perda não apenas para o Brasil, a cujas causas sociais e ambientais deu dimensão internacional, mas para a humanidade. “Era um humanista por trás das câmeras que inventou um jeito singular de fazer fotografia”, acrescentou.

Entre os prêmios que consagraram sua carreira, Salgado foi agraciado com: Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanitária, Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, Prêmio Unesco para Iniciativas Bem-Sucedidas, Prêmio World Press Photos, Medalha de prata Art Directors Oub nos Estados Unidos, entre outros. Foi também eleito membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciências dos Estados Unidos.


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