Os governadores das unidades da federação que compõem o Movimento Brasil Central (MBrC) vão cobrar do governo federal uma melhor aplicação dos recursos dos fundos constitucionais. Os representantes de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia vão buscar o Ministério da Integração Nacional para tratar sobre o assunto. “Os fundos hoje não estão sendo aplicados e nem explorados de maneira ideal. Eles precisam ter um papel mais estratégico, voltado, de fato, para fomento e desenvolvimento regional”, explicou o titular da Secretaria de Gestão e Planejamento de Goiás (Segplan), Thiago Peixoto. Os governadores participam nessa sexta-feira (2/10), do 4º Fórum dos Governadores do Brasil Central.
O bloco de governadores deve pedir, nos próximos dias, uma audiência com o ministro Gilberto Occhi, de Integração Nacional. As superintendências de desenvolvimento (Sudeco e Sudam) e seus respectivos fundos (FCO e FNO) são ligados à pasta. “O governador Marconi Perillo e seus colegas têm deixado claro que é preciso colocar os estados no centro da definição das políticas de desenvolvimento do Brasil. A ideia não é depender apenas do governo federal. Temos que marcar posição atrás de recursos públicos, mas também buscar outros mecanismos de financiamento, como em instituições privadas”, explicou o secretário.
A proposta de buscar uma melhor aplicação dos fundos (FCO, do Centro-Oeste, e FNO, do Norte) vem aparecendo nas discussões desde o início dos trabalhos do MBrC, em junho. Ontem, durante reunião de secretários de planejamento e assuntos estratégicos em Campo Grande (MS), o assunto voltou à pauta. “Os governadores têm demonstrado intenção de assumir esse protagonismo e mudar o modelo de política regional nacional. Hoje, o modelo é de cima para baixo, do governo federal para os Estados, e a partir de agora o Brasil Central está trabalhando para inverter a lógica”, explica Thiago Peixoto, que é deputado federal licenciado pelo PSD.
O secretário ressaltou que, em outros momentos da história brasileira, os governadores tiveram um papel de mais destaque. “Na redemocratização, na década de 1980, eles foram fundamentais. Mas, aos poucos, perderam um pouco do protagonismo nas decisões nacionais. Agora, no entanto, os governadores do Brasil Central formaram um bloco político e econômico suprapartidário que mostra claramente a retomada da importância deles. Trata-se de um papel mais independente em relação ao governo federal”, destacou Thiago Peixoto.
Parcerias
A quarta reunião dos governadores avança na consolidação do bloco do Brasil Central. Além da aproximação com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), que participa de vários projetos de melhoria da gestão pública no país, estão próximas de serem firmadas parcerias com o Teach For All (entidade que coloca professores recém-formados para trabalhar na rede pública e adquirir experiência, contribuindo para a melhoria do sistema) e com o Vetor Brasil (que seleciona trainees de várias áreas que são integrados ao serviço público por determinado período de tempo, também para adquirir experiência). Os três já foram ou são parceiros de Goiás em projetos diferentes.
A tendência é que os governadores assinem, nessa sexta-feira, acordos de cooperação com o Teach For All e com o Vetor Brasil. Além disso, o Itaú Social, que financia vários projetos educacionais no país, também fez uma apresentação ao grupo de secretários e conversará hoje com os governadores. “Estamos buscando várias parcerias fora do setor público para mostrar que somos capazes de traçar nossos próprios caminhos. No Brasil Central, estamos trabalhando unidos e de forma independente do governo central”, acrescenta Thiago Peixoto. Ele lembra que o apoio do ex-ministro Roberto Mangabeira Unger é importante. “Ele participou desde o início do processo de forma ativa e a equipe que o acompanhou continua presente em nossas reuniões de trabalho”, disse.
Harvard
O Movimento Brasil Central teve seu esboço traçado no final do ano passado, quando Thiago Peixoto se encontrou com o professor Mangabeira Unger na Universidade de Harvard, no Estados Unidos, onde o goiano foi falar sobre o case de sucesso na educação goiana (que saiu das últimas posições para as primeiras no ranking no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb). “Conversamos e descobrimos que tínhamos uma ideia comum: a possibilidade de criar uma agenda regional de desenvolvimento a partir da região central do Brasil”, lembra Thiago.
Em junho deste ano, durante um evento apoiado pelo Governo de Goiás em Goiânia, com a presença de Mangabeira, a pauta foi retomada. Mangabeira sugeriu que caberia ao governador Marconi Perillo liderar um movimento regional. Ele topou o desafio e assim, no início de julho, ocorreu em Goiânia o 1º Fórum dos Governadores do Brasil Central. Depois disso, já ocorreram encontros em Cuiabá, em agosto, e em Palmas, em setembro.
Agora, o fórum chega a Mato Grosso do Sul. Ocorrerão reuniões ainda em Brasília, em novembro, e Porto Velho, em dezembro. Também está programado um seminário de encerramento e avaliação em Goiás, também em dezembro. “Temos marcos importantes até agora. Goiás já aprovou a lei que autoriza o estado a integrar o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central. O bloco está consolidado e terá resultados concretos em muito pouco tempo”, avalia Thiago Peixoto.
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