22 de dezembro de 2024
Abençoado seja • atualizado em 01/04/2022 às 20:04

Bolsonaro promove culto evangélico no Palácio do Planalto

Nos últimos meses, o presidente tem reforçado as referências religiosas em seus discursos para manter a base evangélica unida em torno de sua candidatura à reeleição
Durante a cerimônia partidária, um locutor comparou Bolsonaro a Jesus (Foto: Reprodução TV Brasil)
Durante a cerimônia partidária, um locutor comparou Bolsonaro a Jesus (Foto: Reprodução TV Brasil)

Em mais um ato de tom eleitoreiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) promoveu um culto evangélico no Palácio do Planalto nesta sexta-feira, 1º. Devotos da Igreja Evangélica Verbo Vivo, de São José de Bicas (MG), foram à sede do governo para orar pelo chefe do Executivo. Os religiosos, principalmente de denominações protestantes, são uma das principais bases eleitorais de Bolsonaro, que deve disputar a reeleição em outubro. A cerimônia contou ainda com a presença do ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG), que pode concorrer ao Senado.

“A gente faz parte do exército de Deus nesta nação, que apoia o senhor, ora pelo senhor”, disse uma das devotas, antes de começar a cantar. “Entre muitos, Deus te escolheu como nosso capitão, ele confiou em ti porque viu teu coração. Foram tantas as provações, dias difíceis de suportar, mas tu foste forte e lutaste tanto, sem nunca desistir. Pagaste um alto preço e, por tua coragem e decisão, estamos hoje aqui”, dizia um trecho do cântico.

Nos últimos meses, o presidente tem reforçado as referências religiosas em seus discursos para manter a base evangélica unida em torno de sua candidatura à reeleição. No domingo, 27, em um ato político do PL realizado em Brasília, Bolsonaro definiu a eleição deste ano como uma batalha entre o bem e o mal.

Durante a cerimônia partidária, o locutor Andraus Araujo de Lima, conhecido como Cuiabanno Lima, comparou Bolsonaro a Jesus, disse que a trajetória do chefe do Executivo no Palácio do Planalto é uma “batalha espiritual” e associou a esquerda ao “demônio”. O presidente, por sua vez, afirmou que conta com um “exército” de apoiadores.

O cântico entoado hoje pelos evangélicos também pregou a continuidade de Bolsonaro no comando no País. “Ainda há muito o que se fazer, tanto para mudar, mas aquele que começou é fiel para completar. O que Deus pôs em teu coração eu sonho para o Brasil, é o bastante para enfrentar toda oposição hostil. Mentiras vão surgir e as calúnias, prosseguir, mas há um povo forte atrás de ti que não se deixa iludir”, ouvia-se no Planalto

Recentemente, Bolsonaro também aumentou a aproximação com a Frente Parlamentar Evangélica (FPE), que atua no Congresso. O presidente da bancada, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), se filiou ao PL, partido do chefe do Executivo, durante a janela partidária. Ao assumir o comando da FPE, em fevereiro, Sóstenes disse querer se aproximar do Planalto e colocou na cúpula da Frente os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, e Hélio Lopes (PL-RJ), aliado de primeira hora.

Na Esplanada dos Ministérios, os evangélicos estavam contemplados no Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, que era ocupado até ontem por Damares Alves – a agora ex-ministra se desincompatibilizou para disputar as eleições – e no Ministério da Educação, cujo titular foi, até segunda-feira, 28, o pastor presbiteriano Milton Ribeiro. Ele pediu demissão após o Estadão revelar, em uma série de reportagens, um gabinete paralelo de pastores que atuavam na liberação de verbas do MEC para os municípios e cobravam até mesmo propina em ouro.

Ex-ministro do Turismo

Marcelo Álvaro Antônio, que estava presente no culto evangélico promovido hoje no Planalto, foi ministro do Turismo do começo do governo Bolsonaro até dezembro de 2020. Ele foi demitido dias após criticar, em um grupo de WhatsApp, o então ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e acusar o general de conspirar para tirá-lo do cargo. No lugar dele, assumiu Gilson Machado, que deixou ontem o posto para concorrer nas eleições de outubro.

Ainda no primeiro ano do governo, Álvaro Antônio foi acusado de operar um esquema de candidaturas “laranja” para destinar verbas a seu gabinete na Câmara dos Deputados. Na época, Bolsonaro decidiu mantê-lo à frente do Ministério. (Por Iander Porcella/Estadão Conteúdo)


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