O presidente da República, Jair Bolsonaro, ligou para o ministro da Justiça, Anderson Torres, na frente de apoiadores nesta segunda-feira, 2, e pediu ao auxiliar para falar com o Ministério da Economia e “resolver” a demanda por mais vagas em concursos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. O chefe do Executivo prometeu aos presentes dobrar, de 500 para 1 mil, a entrada de novos profissionais na corporação.
“Mil para cada um dá? Faz um aditivo e pede mil vagas para cada lado, pode ser? Acabei de falar com o Caio [do Ministério da Economia]. Fala você também para resolver”, afirmou Bolsonaro ao telefone. Pouco antes, também na frente de apoiadores, o presidente ligou para “Caio, da Economia”, mas não deixou claro se tratava do secretário de desburocratização da Pasta, Caio Paes de Andrade.
As ligações para “Caio” e Torres aconteceram após pedidos de apoiadores presentes em frente ao Palácio da Alvorada que não se classificaram nas 500 vagas disponíveis nos concursos da PF e da PRF.
Ao final do encontro com simpatizantes, Bolsonaro disse aos seguranças para organizar a ida de alguns deles ao gabinete presidencial no Palácio do Planalto, mais tarde.
O presidente afirmou que a contratação de mais servidores para a PF e para a PRF é “lucrativa” para o governo pela disponibilidade em fazer mais apreensões e operações de combate à corrupção. Ele ainda aproveitou para trazer o assunto para a seara eleitoral: “Por isso um cara de nove dedos disse que não gosto de gente, só gosto de polícia”, disse, aos risos, em referência ao ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário nas eleições deste ano.
Na semana passada, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Bolsonaro não gostava de gente, só de policial, o que gerou polêmica no mundo político. O petista teve de se desculpar publicamente.
Impasse
O governo está em crise com os policiais após deixar de lado uma promessa de reestruturação e se comprometer apenas com reajuste de 5% para todo o funcionalismo público, o que não atende às demandas da classe, consideradas integrantes da base eleitoral de Bolsonaro.
PF e PRF têm organizado manifestações em todo o País para pressionar o Executivo a entregar a revisão nas carreiras, mas ainda não obtiveram sucesso. (Por Eduardo Gayer/Estadão Conteúdo)
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