19 de novembro de 2024
Destaque • atualizado em 24/04/2020 às 18:06

“Moro condicionou troca de Valeixo à indicação para STF”, diz Bolsonaro

(Foto: José Cruz/Ag. Brasil)
(Foto: José Cruz/Ag. Brasil)

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) fez um pronunciamento no Palácio do Planalto, após o ministro Sergio Moro pedir demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Bolsonaro diz que Moro condicionou a saída de Maurício Valeixo à indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente rebateu críticas feitas pelo ex-ministro e declarou que não pode aceitar a autoridade dele confrontada por qualquer ministro.

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STF

O presidente Jair Bolsonaro explicou que o ex-ministro Sérgio Moro condicionou a troca de comando na Polícia Federal à sua indicação ao Supremo Tribunal Federal. “Ele [Sérgio Moro] disse que eu poderia demitir o Valeixo em novembro, depois de eu indicar ele como ministro do STF”, afirmou em coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

O ex-ministro da Justiça deixou o governo nesta sexta-feira (24), após o presidente exonerar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, em publicação no Diário Oficial da União durante a madrugada. Sérgio Moro fez um pronunciamento.

Críticas

O presidente Jair Bolsonaro declarou que uma coisa é admirar uma pessoa, outra coisa é conviver com ela. Bolsonaro disse a aliados que hoje conheceriam uma pessoa que tem compromisso com o ego e com o Brasil.

“Sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa, a outra é conviver com ela, trabalhar com ela. Hoje, pela manhã, tomando café com alguns parlamentares, eu lhes disse: hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem um compromisso consigo próprio, com o seu ego, e não com o Brasil.”

Bolsonaro criticou Moro e disse que ele tem um Brasil a zelar. “Moro disse que tem biografia a zelar. Eu digo que tenho um Brasil a zelar”.

Interferência

Bolsonaro argumentou sobre interferência na Polícia Federal. Ele comparou o caso em que foi vítima de uma facada com o da morte da vereadora Marielle Franco. O procurador-geral da República, Augusto Aras, decidiu pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma investigação após as declarações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que acusou o presidente Jair Bolsonaro de interferência política para obter aceso a informações sigilosas. 

“Falava-se em interferência minha na Polícia Federal. Se eu posso trocar o ministro, por que não posso trocar o diretor da PF? Não tenho que pedir autorização pra ninguém pra trocar o diretor ou qualquer outro que esteja na pirâmide hierárquica do poder Executivo. Será que interferir na PF quase que exigir e implorar que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo”.

O presidente declarou que não interfere em investigações na Polícia Federal. “Sempre falei pra ele: Moro, não tenho informações da PF. Eu tenho que ir todo dia ter um relatório do que aconteceu, em especial nas últimas 24 horas, para decidir o futuro da nação. Nunca pedi o andamento de qualquer processo. Até porque a inteligência, com ele, perdeu espaço na justiça”.

Bolsonaro disse que deu sinal verde, e que 90% dos cargos da Polícia Federal passaram pela mão dele.

“Mais de 90% desses cargos que passaram pela minha mão, eu dei sinal verde, assim foi com o Valeixo. A indicação foi do senhor Sérgio Moro, apesar de a lei de 2014 dizer que a indicação e nomeação é exclusiva do senhor presidente da República. Abri mão disso, porque confiava no Moro e ele trouxe a sua equipe aqui pra Brasília”.

Bolsonaro argumentou que “Autonomia não é sinal de soberania” Ele indagou se os melhores quadros para a Polícia Federal estava em Curitiba.

“Autonomia não é sinal de soberania”. Falei do meu poder de veto nos cargos-chave. Teria que passar pelas minhas mãos e eu daria o sinal verde ou não. Assim foi com o senhor Valeixo. A indicação foi do senhor Sergio Moro, apesar de a lei dizer que a nomeação é exclusiva do presidente da República. Abri mão, porque confiava no senhor Sergio Moro. Ele trouxe a sua equipe aqui para Brasília. Todos os cargos-chave são de Curitiba. Me surpreendeu. Será que todos os melhores quadros da PF estavam em Curitiba? Mas confiei”, disse.

Bolsonaro disse que indagou Moro sobre o motivo de não escolher uma pessoa ligada a ele. “Jamais pecarei por omissão. Falei para ele (Moro) que queria um delegado, que podia não ser o dele ou o meu, mas que eu sinta que possa interagir com ele. Por que não?”


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