23 de dezembro de 2024
Brasil

Bolsonaro diz que certas coisas não pede, ele manda

(Foto: Lula Marques)
(Foto: Lula Marques)

Repercurte a exoneração do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ricardo Galvão. Neste domingo (04/08), o presidente da República, Jair Bolsonaro sugeriu que ordenou ao ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia a demissão do diretor. “Está a cargo do ministro [a decisão de demissão]. Eu não peço [a demissão], certas coisas eu mando”, falou. As informações são da Folha de São Paulo.

O presidente respondeu as palavras acima após ser questionado se havia pedido a cabeça do diretor. O capitão reformado chegou a dizer que não havia mais clima para a continuidade de Galvão, que fez críticas ao presidente que envolvia os dados de desmatamento divulgados pelo órgão. Bolsonaro colocou em xeque os números expostos.

Em entrevistas, Galvão no entanto, não titubeou em afirmar que o INPE divulgava números cientificamente sólidos em detrimento aos ataques do governo. Ao jornal Estado de São Paulo, por exemplo o agora ex-diretor criticou a fala do presidente afirmando que este fez “acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira”.

Ele teria mais um ano à frente do cargo, mas o regimento do instituto permite que o diretor do órgão poderiam ser substituído pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações caso haja perda de confiança. Na decisão anunciada sexta-feira (02/08), deu a entender que a decisão partiu de comum acordo entre o Pontes e Galvão. A declaração dada por Bolsonaro à Folha hoje, sugere que teve outros contornos. Repetindo: “Tem coisas que eu não peço, eu mando”, disse o capitão.

Dados sobre o desmatamento

A polêmica em torno do assunto começou no último 19 de julho, em um café da manhã com jornalistas internacionais. Naquela sexta-feira, um repórter questionou Bolsonaro sobre os números de desmatamento divulgados pelo Inpe. O presidente ficou irado e sugeriu que os números não eram verdadeiros. “Com toda a devastação de que vocês nos acusam de estar fazendo e ter feito no passado, a Amazônia já teria se extinguido”, disfarçou. Ele também afirmou que o Inpe deveria estar “à serviço de alguma ONG”.

Na sequência, ele disse que falaria pessoalmente com Ricardo Galvão. Voltou atrás na sequência. “Eu não vou falar com ele. Quem vai falar é o Marcos Pontes, talvez o Ricardo Salles”, disse há alguns dias.

Em live transmitida na manhã de ontem (01/08)com participação da imprensa, o ministro do Meio-Ambiente Ricardo Salles, reconheceu que os dados sobre desmatamento são legítimos, “mas que os números eram frutos de gestões passadas”.

Ele quis rebater os números do próprio Instituto que mostravam um aumento de 88% do desmatamento na Amazônia apenas em junho.

 


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