Os dias de trégua política e econômica no mercado cambial terminaram nesta terça-feira (25), após preocupações com a meta de deficit fiscal levarem o dólar a quase a R$ 3,17. A Bolsa se manteve apartada desse movimento graças à forte valorização das ações de Petrobras e Vale.
O dólar comercial encerrou o dia com alta de 0,66%, para R$ 3,169. O dólar à vista se valorizou 0,63%, para R$ 3,170. A Bolsa brasileira fechou o pregão com avanço de 0,87%, para 65.667 pontos.
A preocupação com as contas públicas voltou a afetar o mercado cambial nesta sessão. Na semana passada, o governo anunciou aumento de impostos para tentar cumprir a meta de deficit fiscal de R$ 139 bilhões.
Nesta terça, um juiz do Distrito Federal suspendeu os efeitos do decreto que determinou o aumento de PIS/Cofins sobre gasolina e etanol.
O magistrado cita, entre outras ilegalidades, o não cumprimento da “noventena”, prazo de 90 dias entre a edição da norma e sua entrada em vigor.
Também em tentativa de fechar as contas, o governo anunciou na noite de segunda um PDV (Programa de Demissão Voluntária). A equipe econômica estima que a iniciativa poderá reduzir em R$ 1 bilhão por ano as despesas com a folha de pagamento dos servidores do Poder Executivo.
No entanto, nesta mesma terça o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, reconheceu que a expectativa não é de adesão elevada. Ao justificar a expectativa de pelo menos 5.000 adesões, ou 1% do total, disse que “muitas pessoas têm opções de estilo de vida e trabalho diferentes”.
Diante dos revezes, o governo já sinalizou que pode revisar a meta deste ano, algo que conta com a oposição do ministro Henrique Meirelles (Fazenda).
“A preocupação do investidor é que as coisas saiam do controle. Há uma crise política, com um governo extremamente fraco, com popularidade baixa e tendo que se defender no Congresso para se manter no poder. Isso se reflete em preços dos ativos”, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho no Brasil.
“A notícia do aumento do deficit do ano pode desagradar o Meirelles e levar a um desmonte da equipe econômica do governo”, complementa.
O Banco Central manteve sua atuação no mercado cambial e vendeu a oferta de 8.300 contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). O BC vendeu US$ 415 milhões em contratos com vencimento em agosto. Até agora, já rolou US$ 4,98 bilhões dos US$ 6,181 bilhões que vencem no próximo mês.
O aumento da percepção de risco também se refletiu no CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote), que subiu 1,43%, para 216,5 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados, com vencimento em janeiro de 2018, avançaram de 8,520% para 8,525%. Os contratos para janeiro de 2019 se mantiveram estáveis em 8,400%.
Ações
Na Bolsa, o volume financeiro negociado foi de R$ 7,401 bilhões, acima dos últimos pregões -a média do ano é de R$ 8,03 bilhões.
A alta foi impulsionada principalmente pela valorização das ações de Petrobras e da Vale.
No caso da Petrobras, os papéis se beneficiaram da alta de mais de 4% dos preços do petróleo no mercado internacional.
A valorização ocorreu após a produtora de petróleo americana Anadarko dizer que vai reduzir os planos de gastos capitais e depois de a Arábia Saudita se comprometer a reduzir as exportações de petróleo para ajudar a conter o excedente global da commodity.
As ações preferenciais da Petrobras fecharam o dia com alta de 2,64%, para R$ 13,22. Os papéis com direito a voto subiram 2,53%, para R$ 13,77.
O aumento de 2,39% dos preços do minério de ferro levaram a uma forte valorização das ações da Vale. Os papéis mais negociados da mineradora subiram 4,67%, para R$ 28,66. As ações ordinárias tiveram ganho de 5,08%, para R$ 30,61.
No setor financeiro, as ações de bancos fecharam no azul. Os papéis do Itaú Unibanco avançaram 0,24%, as ações preferenciais do Bradesco subiram 1,63% e as ordinárias tiveram alta de 1,65%. O Banco do Brasil se valorizaram 1,65%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil avançaram 1,35%.
“Você tem noticiário politico, mas o que vale é o resultado. Há uma safra de balanço começando a sair agora, e os primeiros resultados estão bons”, avalia o analista de investimentos Pedro Galdi.
“O sentimento está melhorando, até pelos IPOs (oferta inicial de ações), que indicam retomada da confiança. Nesse ambiente, a Bolsa começa a subir já antecipando uma melhora em 2018.” (Folhapress)
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