O otimismo dominou os mercados globais nesta quarta-feira (1º), após discurso do presidente americano Donald Trump ao Congresso, realizado na véspera.
Em tom mais moderado, Trump reiterou que pretende impulsionar a economia dos Estados Unidos com um alívio fiscal “maciço” para a classe média. Ele pediu ainda aos congressistas que aprovem uma legislação que permita investimentos de US$ 1 trilhão em infraestrutura, financiados tanto por recursos públicos quanto por privados, “criando milhões de novos empregos”.
O bom humor dos investidores com o discurso de Trump fez os índices acionários americanos fecharem em forte alta. O índice Dow Jones superou os 21 mil pontos pela primeira vez na história.
O Dow Jones terminou o pregão com valorização de 1,46%, aos 21.115,55 pontos. O índice S&P 500 ganhou 1,36%, aos 2.395,82 pontos, e o índice de tecnologia Nasdaq, +1,35%, com 5.904 pontos.
As Bolsas europeias também encerraram a sessão com ganhos de aproximadamente 2%, com as expectativas de que um maior crescimento econômico americano impulsione o restante do mundo.
Em uma sessão de poucos negócios por causa da volta do feriado de Carnaval, o Ibovespa seguiu o cenário externo e fechou em alta de 0,49%, aos 66.988,88 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,2 bilhões.
O índice foi impulsionado principalmente pelas ações da Petrobras, que ganharam 2,23% (PN) e 2,94% (ON). Os papéis da Vale subiram 1,14% (PNA) e 1,37% (ON).
O setor financeiro teve desempenho misto: Itaú Unibanco PN caiu 0,14%; Bradesco PN, -0,89%; Bradesco ON, -2,23%; Banco do Brasil ON, +1,51%; e Santander unit, +0,40%.
Para o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos, os ganhos do Ibovespa foram limitados pelas preocupações com o cenário político. O empreiteiro Marcelo Odebrecht deporia nesta quarta-feira, em Curitiba, como testemunha na ação de cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.
“A percepção de que a aprovação da reforma da Previdência no Congresso não será tão fácil como se esperava também inibe os negócios”, afirma Suzaki.
Câmbio e juros
O dólar subiu frente à maior parte das moedas, com as apostas de altas dos juros americanos em março depois do discurso de Trump. Contribuíram para o movimento declarações de dirigentes do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) sinalizando o aumento dos juros neste mês.
Porém, a moeda americana acabou cedendo ante o real e voltou a ficar abaixo de R$ 3,10.
O dólar comercial recuou 0,61%, a R$ 3,0950; o dólar à vista, que encerra a sessão mais cedo, fechou em leve alta de 0,06%, a R$ 3,0973.
Durval Correa, diretor da mesa de câmbio da corretora MultiMoney, avalia que a cotação da moeda americana foi influenciada pela baixa liquidez e por uma forte pressão vendedora nesta sessão.
O dólar subiu mais de 1% na sexta-feira, na véspera de feriado de carnaval, e agora devolveu parte desses ganhos.
No mercado de juros futuros, as taxas recuaram, reagindo à perspectiva de queda maior da taxa básica de juros (Selic) e da inflação ao final deste ano.
Conforme o Boletim Focus, do Banco Central, a perspectiva de economistas para a Selic no fim de 2017 foi reduzida de 9,5% para 9,25%.
A projeção de inflação também caiu. Os profissionais consultados pelo BC esperam agora uma alta do IPCA de 4,36% este ano, 0,07 ponto percentual a menos do que no levantamento anterior.
No mercado de juros futuros, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos na BM&FBovespa.
Os investidores aguardam a divulgação, nesta quinta-feira (2), da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, que reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 12,25% ao ano. (Folhapress)
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