A decisão do americano Donald Trump de demitir Rex Tillerson do cargo de secretário de Estado americano injetou pessimismo nos mercados acionários nesta terça-feira (13). A Bolsa brasileira acompanhou o aumento da aversão a risco no exterior e recuou, enquanto o dólar teve leve alta.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, fechou em baixa de 0,59%, para 86.383 pontos. O volume financeiro negociado na sessão foi de R$ 9,12 bilhões, pouco abaixo da média diária do ano (R$ 10,8 bilhões).
O dólar comercial subiu 0,15%, para R$ 3,263. O dólar à vista, que fecha mais cedo, recuou 0,12%, para R$ 3,259.
A demissão de Tillerson causou preocupação entre os investidores nesta terça. Os principais índices americanos fecharam em baixa. O Dow Jones recuou 0,68%, o S&P 500 teve queda de 0,64%, e o índice da Bolsa Nasdaq se desvalorizou 1,02%.
Na Europa, Londres caiu 1,05%. Paris recuou 0,64%, e Frankfurt se desvalorizou 1,59%. Em Milão, a Bolsa perdeu 0,32%, enquanto em Madri a queda foi de 0,37%. Lisboa caiu 0,23%.
A substituição aconteceu em meio à aproximação de Trump com a Coreia do Norte.
O ex-secretário de Estado, que era presidente da petroleira ExxonMobil, não tinha experiência política ou diplomática antes de entrar para o governo Trump. Ele e o presidente divergiram publicamente diversas vezes, inclusive em relação à Rússia e à Coreia do Norte.
“Acrescenta um cenário ruim. A demissão levanta dúvidas sobre a governabilidade de Trump e se soma ao pedido de demissão de Gary Cohn, seu principal assessor econômico. Trump e Tillerson tinham divergências sobre pontos como Síria e Coreia do Norte”, avalia Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.
O americano também tem até o dia 23 para que o Congresso aprove o novo Orçamento. As negociações vão acontecer durante a semana em que o banco central americano deve elevar os juros pela primeira vez neste ano -a taxa de juros no país está na faixa entre 1,25% e 1,50%.
Nesta terça, o Departamento do Trabalho americano informou que os preços ao consumidor no país desaceleraram em fevereiro, em meio à queda da gasolina e à moderação no custo dos aluguéis.
O índice de preços ao consumidor avançou 0,2% em fevereiro, depois de saltar 0,5% em janeiro. Nos 12 meses até fevereiro, o índice subiu 2,2%. Em janeiro, estava em 2,1%.
Excluindo energia e alimentos, o índice teve alta de 0,2%, após acelerar 0,3% em janeiro. Na base anual, o núcleo de preços ao consumidor se manteve em 1,8% em fevereiro -a meta do Federal Reserve (Fed, banco central americano) é de 2% ao ano.
A inflação é um dos indicadores monitorados pelo Fed na definição de sua política monetária. A expectativa de analistas é que, na próxima quarta, o banco central americano aumente a taxa de juros americana em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 1,5% e 1,75%.
“O Fed deve aumentar a taxa de juros e fazer mais duas altas neste ano, e não quatro. A inflação ainda está baixa, o que reforça a moderação e o gradualismo do banco central americano”, ressalta Suzaki.
Ações
Das 64 ações do Ibovespa, 45 caíram e 19 subiram.
A Cosan teve a maior queda do dia, com desvalorização de 3,31%. A Cemig recuou 3,08%, e a Localiza perdeu 3,03%.
A Estácio registrou a maior valorização (+3,41%). A Suzano subiu 2,89%. A empresa negocia fusão com a Fibria, apesar de a Paper Excellence, dona da Eldorado, ter entrado na negociação e feito proposta pela Fibria. As ações da Fibria recuaram 0,46% nesta terça.
As ações da Petrobras fecharam em baixa nesta terça, em meio à queda dos preços do petróleo por preocupações sobre a crescente produção dos Estados Unidos.
As ações preferenciais da estatal recuaram 0,99%, para R$ 22,11. Os papéis ordinários caíram 0,96%, para R$ 23,67.
A mineradora Vale caiu 0,78%, para R$ 42,13, apesar da alta dos preços do minério de ferro no exterior.
No setor financeiro, o Itaú Unibanco recuou 0,81%. As ações preferenciais do Bradesco tiveram baixa de 1,44%, e as ordinárias perderam 1,42%. O Banco do Brasil teve baixa de 1,45%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil perderam 1,40%.
Câmbio
O dólar perdeu força ante 22 das 31 principais moedas do mundo.
O Banco Central vendeu nesta terça 14 mil contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). O BC está rolando os contratos que vencem em abril. Até agora, a autoridade monetária já rolou US$ 1,4 bilhão dos US$ 9,029 bilhões que vencem no próximo mês.
O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) subiu 0,47%, para 145 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram comportamentos mistos. O DI para abril deste ano caiu de 6,548% para 6,542%. O DI para janeiro de 2019 subiu de 6,450% para 6,470%. (Folhapress)
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