28 de dezembro de 2024
Economia

Bolsa cai com aumento de tensão entre China e EUA e com prisão de Lula no radar

O aumento das tensões entre Estados Unidos e China voltou a afetar os principais mercados globais, embora a Bolsa brasileira tenha sido menos impactada que os índices americanos nesta sessão, com os investidores de olho na prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O dólar encostou em R$ 3,37.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, fechou em baixa de 0,46%, para 84.820 pontos. O dólar comercial subiu 0,77%, para R$ 3,368. O dólar à vista avançou 1,18%, para R$ 3,366.

As atenções dos investidores ficaram voltadas ao desenrolar do pedido de prisão do ex-presidente Lula, mas foi o exterior que acabou impactando o mercado brasileiro nesta sessão.

Depois de uma aparente trégua na quinta-feira, com sinalização de que Estados Unidos e China estariam se aproximando para negociar sobre a imposição de tarifas à importação de produtos de cada país, ambos voltaram a aumentar o tom nesta sexta.

O governo chinês afirmou nesta sexta que está totalmente preparado para responder com um “contra-ataque feroz” de novas medidas comerciais caso os Estados Unidos sigam com a ameaça do presidente Donald Trump de impor tarifas sobre outros US$ 100 bilhões em produtos chineses.

A reação chinesa não tardou. Porta-voz do Ministério do Comércio da China disse que a ação dos EUA era “extremamente equivocada” e injustificada. Segundo ele, nenhuma negociação era provável nas atuais circunstâncias.
Ainda assim, analistas avaliam que uma guerra comercial é improvável. “Há uma imposição de tarifas pelos EUA e uma retaliação por parte da china sobre uma pauta limitada de produtos de ambos os lados”, diz Ronaldo Patah, estrategista de investimentos do UBS Wealth Management. 

Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o aumento da tensão pesou nos mercados nesta sexta. “Teve um efeito poderoso lá fora e aqui a gente foi junto. Tomamos um banho de água fria com declaração na temática do protecionismo comercial”, afirma.

Mas o cenário doméstico seguiu no radar dos investidores, com a iminente prisão do ex-presidente Lula. “Há uma indecisão e receio em relação à prisão do ex-presidente que fez com que investidores aliviassem suas posições e trouxe uma pressão de venda ao mercado”, diz Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S.

“O juiz determinou a prisão do Lula, mas ele não foi preso. Os investidores pensam: que país é esse? Como posso montar uma empresa nesse país se o que juízes determinam não é acatado?”, complementa. 

Ações

Dos 64 papéis do Ibovespa, 44 caíram, 19 subiram e um fechou estável.

As ações da Eletrobras lideraram as quedas, depois de Paulo Pedrosa, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, deixar a pasta. Ele era cotado para assumir o cargo de ministro, após a saída de Fernando Coelho Filho, que vai disputar eleições.

Os papéis ordinários da estatal recuaram 9,17%, e os ordinários perderam 8,17%. “A avaliação é que isso pode prejudicar o processo de privatização. É mais uma incerteza em meio a outras, o que implica em dificuldade e uma perspectiva mais negativa para a privatização”, afirma Rafael Passos, analista da Guide Investimentos. 

Já a Ambev recuou 3,25%. 

Na ponta positiva, as ações da Suzano lideraram as altas, com avanço de 4,08%. A Rumo subiu 3,90%, e a Smiles se valorizou 2,68%.

Os papéis da Petrobras subiram, mesmo com a queda de mais de 2% dos preços do petróleo no exterior. As ações mais negociadas da empresa subiram 0,61%, para R$ 21,28. Os papéis ordinários tiveram alta de 1,03%, para R$ 23,58.

A mineradora Vale recuou 1,18%.

Entre os bancos, o Itaú Unibanco subiu 0,49%. Os papéis preferenciais do Bradesco caíram 0,31%, e os ordinários se desvalorizaram 0,76%. O Banco do Brasil teve baixa de 1,31%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil perderam 2,22%.

Câmbio

O aumento da tensão entre Estados Unidos e China fez o dólar se valorizar ante 14 das 31 principais moedas do mundo.

Os investidores acompanharam também declarações do presidente do banco central americano,  Jerome Powell, de que era cedo demais para saber se as crescentes tensões poderiam afetar a economia dos EUA. Ele sinalizou ainda que um aumento gradual de juros ajudaria a atingir as metas estabelecidas pelo Fed.

Nesta sexta, o Departamento do Trabalho americano divulgou que foram criados 103 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em março. Foi o menor número de vagas de trabalho em seis meses.

A taxa de desemprego se manteve estável em 4,1%, e a renda média por hora aumentou 0,3% no mês passado, depois de avançar 0,1% em fevereiro. 

O Banco Central ainda não anunciou intervenção no mercado cambial. Em maio, vencem US$ 2,565 bilhões em swap cambial tradicional (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). 

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve alta de 2,24%, para 166,9 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O DI para julho deste ano ficou estável em 6,295%. O DI para janeiro de 2019 subiu de 6,245% para 6,255%. (Folhapress)


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