13 de dezembro de 2025
DEZEMBRO VERMELHO

Boletim aponta 29,5 mil infectados com HIV em Goiás e alerta para autonegligência no tratamento e prevenção

5% das pessoas com HIV não fazem acompanhamento e 15% interromperam o tratamento; SES reforça prevenção no Dezembro Vermelho
Secretaria reforça necessidade de testagem e acompanhamento - Foto SESGO
Secretaria reforça necessidade de testagem e acompanhamento - Foto SESGO

Em Goiás, das atuais 29.500 pessoas que são portadoras do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids), 5% não fazem acompanhamento regular e 15% sequer iniciaram ou interromperam o tratamento da doença. Os números estão no Boletim Epidemiologia da Infecção por HIV e Aids em Adultos – 2015 a 2025, e foram apurados pelo Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), referência nesse atendimento.

A Secretaria de Estado da Saúde (SESGO), lançou o boletim atual nessa segunda-feira (1º) em ação alusiva ao Dezembro Vermelho, iniciativa local para alertar sobre a infecção por HIV e Aids em Goiás. Nacionalmente, várias campanhas e mobilizações marcam essa data.

Boletim divulgado na mesma época, em 2024, mostrava que tinham sido notificados 7.896 casos de infecção pelo HIV em pessoas com idade acima de 13 anos, entre janeiro de 2020 e agosto do ano passado. Ou seja, o registro era de um número inferior de casos, mas relativo também a um período com cinco anos a menos que o divulgado agora.

Regiões goianas com mais casos

Distribuição de casos por região - Fonte SESGO

Os dados regionais mostram maior concentração de casos nas regiões Central, Centro Sul, Pirineus, Sudoeste I, Entorno Sul e Sul.

Segundo a SESGO, o boletim mostra que o Estado avançou no diagnóstico oportuno, no tratamento e na redução das mortes, mas os números reforçam também que a prevenção e o cuidado contínuo precisam ser fortalecidos para interromper a transmissão do vírus.

Teste pelo SUS é diferencial positivo

Entre 2015 e 2025, conforme dados da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES, Goiás registrou 25.100 casos de HIV e Aids em adultos. “A boa notícia é que os casos de Aids, que representam a fase avançada da infecção, continuam caindo, assim como o número de óbitos, que teve redução significativa nos últimos anos”, aponta o órgão.

Conforme a SESGO, esse é um reflexo direto do acesso gratuito ao teste e ao tratamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), “que transforma a infecção em uma condição tratável e com qualidade de vida”.

Transmissão ativa entre jovens e adultos

Apesar dos avanços, os dados mostram que a transmissão do HIV ainda está ativa, especialmente entre pessoas jovens e adultas. “O boletim indica que 29.503 pessoas vivem com HIV em Goiás, mas parte desse público ainda não está com acompanhamento regular: 5% não estão vinculados aos serviços de saúde e 15% não iniciaram ou interromperam o tratamento”, confirma a SESGO.

“É o tratamento que impede a transmissão do vírus. Pessoas que utilizam a terapia antirretroviral e atingem carga viral indetectável não transmitem o HIV por via sexual”, alerta a subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.

Ela orienta a população a procurar as unidades de saúde para fazer o teste sempre que houver situação de risco, como relações sexuais sem preservativo, e reforça que o diagnóstico precoce permite iniciar o tratamento rapidamente, evitar complicações e proteger outras pessoas.

Estratégias de prevenção variam

O boletim também destaca que o SUS oferece diferentes estratégias de prevenção.

Saiba quais:

  • Profilaxia pré-exposição (PrEP) – um medicamento diário para quem tem maior risco de exposição ao HIV;
  • Profilaxia pós-exposição (PEP) – usada em até 72 horas após uma situação de risco;
  • Preservativos internos e externos – disponíveis gratuitamente em unidades de saúde;
  • Testagem rápida e sigilosa – pode ser feita rotineiramente.

Combate ao preconceito

A secretaria também chama a atenção para o combate ao preconceito. O estigma ainda afasta muitas pessoas dos serviços e dificulta o diagnóstico precoce.

Sobre isso, a coordenadora da vigilância das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), Aids, HIV e hepatites virais da SES, Luciene Siqueira Tavares destaca: “O HIV é uma condição de saúde como qualquer outra, e toda pessoa merece acolhimento, informação e cuidado, sem julgamentos”.

A SES continuará ampliando ações educativas, fortalecendo a prevenção combinada e orientando municípios para alcançar quem mais precisa. “Estamos avançando, mas é fundamental que cada pessoa conheça as formas de prevenção, faça o teste regularmente e, se necessário, inicie o tratamento o mais rápido possível. Informação e cuidado salvam vidas”, reforça Luciene.


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