A presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos, afirmou que “não está descartado” que o banco devolva ao governo mais do que os R$ 100 bilhões de títulos públicos previstos para os próximos três anos.
De acordo com ela, para que o valor seja maior que o já acordado entre o banco e o Ministério da Fazenda (R$ 40 bilhões este ano e R$ 30 bilhões nos próximos dois anos), teriam que ser criadas condições para garantir ao BNDES recursos para seus compromissos.
“Não é algo que deve ser descartado, mas deve vir num conjunto de medidas que tornem o banco blindado em relação ao futuro”, disse Bastos quando perguntada se o banco poderia aumentar o valor.
Para iniciar a operação, o banco aguarda uma palavra final do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a legalidade da operação.
Em votação no mês passado, a maioria dos ministros do órgão já se posicionou favorável a considerar que a operação é legal, desde que os recursos sejam usados exclusivamente para reduzir a dívida pública, hoje em R$ 3,1 trilhões.
Mas a decisão ainda não é oficial porque um do ministros, Vital do Rego, pediu vista do processo que só será votado quando Vital apresentá-los ao plenário.
Histórico
Entre 2008 e 2014, o governo federal emprestou ao BNDES cerca de R$ 450 bilhões para que o banco pudesse injetar esse dinheiro na economia por meio de empréstimos subsidiados a empresas. Ao longo dos anos, foram dezenas de contratos e renegociações entre ambos.
Em fevereiro, o BNDES informou que, após quitar parte dos juros e principal das dívidas, ainda deve ao governo R$ 513,6 bilhões em valores corrigidos pela inflação.
Os empréstimos a juros baratos acabaram beneficiando grandes empresas em sua maioria e deixou uma outra dívida de subsídio estimada em R$ 214 bilhões que o governo paga por essas operações.
A devolução dos recursos ajudaria a diminuir a dívida bruta do governo federal e a expectativa da Fazenda com isso é melhorar a condições para o pagamento dos juros da dívida brasileira.
BNDESPar
A presidente do banco também falou que a valorização da bolsa de valores nos últimos meses proporcionou uma melhor condição para que o banco negocie a sua participação em empresas privadas através do BNDESPar.
Essa subsidiária do banco compra ações de empresas para investir em projetos em desenvolvimento. De acordo com ela, a intenção do banco com isso é ajudar projetos em sua etapa inicial e, por isso, a ideia é fazer uma troca de ações mais rápida, vendendo as de empresas com projetos já consolidados para investir em novas.
“Não é o princípio do BNDESPar ficar por muito tempo. A intenção é fazer um turn over maior da carteira”, afirmou a presidente lembrando que não pode adiantar negociações porque a maioria das empresas é negociada em bolsa.
De acordo com Bastos, a prioridade maior do banco no momento é investir em infraestrutura porque, segundo ela, a maioria dos setores da indústria ainda tem capacidade ociosa e o investimento em infraestrutura pode dar maior dinamismo à economia de forma mais rápida.
Folhapress
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