O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com o Governo Federal, está desenvolvendo um estudo nacional de mobilidade urbana que pode resultar em investimentos de até R$ 500 bilhões ao longo das próximas três décadas. A iniciativa, apresentada por Cleverson Aroeira, analista do Departamento de Mobilidade Urbana do BNDES em entrevista ao editor-chefe do Diário de Goiás, Altair Tavares, prevê intervenções em 21 cidades brasileiras e mapeou 194 projetos de média e alta capacidade de transporte coletivo.
O objetivo é identificar empreendimentos estratégicos como corredores de ônibus, sistemas de BRT e outros modais e estruturar um planejamento de longo prazo para a execução das obras, que devem começar a sair do papel a partir de 2028. De acordo com Cleverson, o mapeamento vai orientar a seleção dos projetos mais relevantes. “A primeira etapa é selecionar os empreendimentos prioritários. Depois, a gente atua no detalhamento. Isso leva de um ano a dois anos, e só então os investimentos começam a acontecer”, explicou.
O levantamento identificou 194 propostas de impacto, distribuídas entre capitais e grandes centros urbanos, com foco em eixos de transporte que concentram maior demanda de passageiros. “O que esperamos é que essa visão sirva de parâmetro para vários ciclos de investimento ao longo de 30 anos”, completou Aroeira durante seminário nacional da NTU nesta terça-feira (12), em Brasília.
Obras que ultrapassam mandatos
Para o BNDES, o desafio não está apenas no volume de recursos, mas na necessidade de manter a execução independentemente de trocas de governo. “São obras para mais de um mandato. Cada conjunto leva cerca de dois anos de estudos e mais três a cinco anos de construção”, disse Aroeira. “Estamos falando de ciclos de quatro a cinco anos, o que significa duas décadas de investimentos.”
Ele lembrou que o banco já financiou dezenas de bilhões de reais em projetos de mobilidade, mas destacou que, nos últimos anos, houve ausência de coordenação nacional. “A responsabilidade é local, dos municípios e estados. Sem planejamento nacional, muitas vezes a União nem identifica oportunidades de apoiar investimentos.”
Apoio federal e retomada do planejamento
O estudo, segundo Aroeira, permitirá uma atuação mais ativa do Governo Federal. “Com esse trabalho, o governo poderá buscar os municípios, oferecer apoio e participar de forma mais efetiva na execução dos projetos mais complexos, que são atribuição legal da União.”
A previsão de R$ 500 bilhões é inicial e deve ser refinada nos próximos meses. Alguns relatórios já estão disponíveis no site do BNDES, mas a relação final, com estimativas mais precisas e um sistema georreferenciado, deve ser lançada no início do próximo ano.
O representante do banco também ressaltou que a iniciativa busca resgatar práticas de planejamento estruturado. “Nas décadas de 1970 e 1980, o Brasil tinha órgãos especializados em transporte e mobilidade. Com o tempo, esses braços se perderam. O que queremos é devolver ao país uma visão integrada e de longo prazo”, afirmou.
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