O presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), confirmou que o partido vai lançar a senadora Soraya Thronicke (MS) como candidata à Presidência da República. A decisão acontece depois de o próprio Bivar desistir de ser candidato ao Palácio do Planalto para tentar a reeleição como deputado.
Bivar afirmou que os ex-ministros Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), Mendonça Filho (Educação), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde), todos filiados ao União Brasil, colaboram com o plano de governo da candidatura presidencial da senadora. “Com ela vem um plano de governo feito por quatro ex-ministros, não é um ex-ministro, são quatro ex-ministros. Não existe entre as candidaturas alguém que tenha um plano de governo tão consistente, tão substantivo quanto o da senadora Soraya Thronicke”, disse o dirigente partidário ao Estadão. Bivar e Soraya vão anunciar a nova candidatura presidencial na sede do partido em São Paulo na tarde desta terça-feira, 2.
A parlamentar é vice-líder do governo Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, mas costuma adotar posições críticas ao presidente em relação à pandemia. Em entrevista ao Estadão em janeiro, ela não garantiu que iria votar em Bolsonaro e disse que era preciso construir uma “direita racional”. Diferentemente de Bivar, a senadora não precisa renovar o mandato e ainda tem mais quatro anos no Congresso, o que a permite entrar na disputa presidencial sem ter que abrir mão do cargo.
De acordo com Bivar, a decisão de recuar da candidatura presidencial aconteceu para dar atenção às propostas de reforma tributária que tramitam na Câmara. “É muito importante a gente ter uma força em defesa do Estado de Pernambuco, muitos pernambucanos achavam que era interessante eu ser deputado federal. Tem várias pautas sobre ICMS, sobre a independência, respeito ao ente federativo, o imposto único, a simplificação tributária é importante”, declarou.
Apesar disso, integrantes da cúpula do União Brasil dizem que o movimento de Bivar passou por um acordo de apoio informal ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Inicialmente, o diretório da legenda em Pernambuco calculava eleger os deputados federais Mendonça Filho e Fernando Coelho Filho. Colegas de Bivar no Estado dizem que ele vai tentar garantir a reeleição buscando se associar a Lula, que é popular em Pernambuco.
A maior parte do União Brasil, que é fruto da fusão entre o PSL, legenda que elegeu Bolsonaro em 2018, e o DEM, rechaça apoio ao candidato do PT. A resistência se concentra principalmente nos quadros oriundos do DEM. Mesmo em Pernambuco, Bivar tinha uma posição isolada sobre o diálogo com o PT.
O presidente do partido negou qualquer acordo com Lula. “Isso tudo é conversa. A gente tem base suficiente lá no Estado. Não existe isso, vamos fazer quatro federais no Estado de Pernambuco”.
Mesmo com a candidatura de Soraya, a legenda está liberada para apoiar informalmente outros candidatos a presidente. Em Estados como Rio, Amazonas, Mato Grosso e Acre, há um endosso público à candidatura de Bolsonaro. Outros candidatos a governador, como Ronaldo Caiado, em Goiás, e ACM Neto, na Bahia, procuram se desvincular da disputa nacional, sem apoio a nenhum candidato presidencial.
Rodrigo Garcia
O presidente do União Brasil também disse que a legenda se encaminha para indicar o deputado Geninho Zuliani para ser candidato a vice do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que tenta a reeleição. A vaga de vice é disputada também pelo MDB.
O dirigente, no entanto, diz ter um acordo com o governador tucano. “Temos um acerto com ele e o vice será do União. Rodrigo Garcia é um homem muito correto, muito íntegro, isso foi pré-estabelecido há muito tempo e não tem mais nenhum questionamento. Geninho deve ser o candidato a vice do Garcia”.
Questionado sobre o que faria se o MDB levasse a vaga de vice de Garcia, Bivar evitou comentar. “O MDB indicará o Senado, já ficou estabelecido isso. Se minha vó fosse mais jovem, andava de bicicleta”. (Por Lauriberto Pompeu/Estadão Conteúdo)
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