24 de novembro de 2024
Brasil

Bic aguarda a volta às aulas para faturar com Bolsonaro

(Foto: Reprodução/NBR)
(Foto: Reprodução/NBR)

Ao alardear que está usando canetas Bic para assinar seus documentos, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se associou a um produto que é simples, democrático, acessível e confiável – atributos que a fabricante diz ter identificado em pesquisas com consumidores.
Para a marca de canetas de origem francesa, por outro lado, a associação à imagem do presidente brasileiro ainda não se traduziu em alta nas vendas. 
“Acho que é um pouquinho cedo para falar disso porque o momento mais importante de vendas, que é a volta às aulas, vem nas próximas semanas. Aí vamos ver se houve algum impacto. Até hoje não teve”, diz Olivier De Bruyn, diretor-geral da Bic Brasil.
Com mais de 320 milhões de canetas como as de Bolsonaro comercializadas por ano, o Brasil é o segundo maior mercado da Bic no mundo, que ao todo movimenta cerca de 2 bilhões delas por ano.
A empresa chegou ao Brasil em 1956 e tem seu parque industrial em Manaus desde 1973, única instalação do grupo que produz ao mesmo tempo as três categorias de produtos da Bic (linhas de isqueiros, barbeadores e papelaria). 
A fábrica abastece os mercados brasileiro e sul-americano, além de exportar para Europa e Estados Unidos.
Ao longo de sua história no país, a marca se adaptou profundamente à cultura brasileira, segundo De Bruyn, a ponto de se tornar “sinônimo de categoria”, ou seja, o nome Bic substitui a palavra caneta na cabeça do consumidor.
“Só em dois países isso aconteceu, na França, que é o país de origem, e na Bélgica, que é muito próxima da cultura francesa”, diz o executivo.
Bolsonaro foi aclamado nas redes sociais quando assinou o termo de posse de seus ministros, embora o modelo usado não tenha sido uma legítima Bic, mas a concorrente Compactor.
Aproveitando a popularidade do garoto-propaganda, a fabricante rapidamente se posicionou nas redes sociais. 
“Uma honra ver nossa marca ajudando a escrever um capítulo tão importante na história do país”, publicou a Compactor na internet. 
Bolsonaro, então, agradeceu de volta pela “ótima qualidade e preço da caneta”.
Apesar de não capitalizar impulso nas vendas, Rodrigo Iasi, diretor de marketing da Bic Brasil, diz que a empresa também gostou da citação feita pelo presidente. “A marca transmite valores com os quais eu acredito que o presidente queira se associar, como simplicidade, democratização, produtos acessíveis e confiança”, diz Iasi. 
Ainda antes da posse, quando Onyx Lorenzoni, escolhido por Bolsonaro para a Casa Civil, virou alvo de investigação aberta no STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de caixa dois, Bolsonaro recorreu à caneta para transmitir lisura, sugerindo que poderia demitir o ministro.
“Havendo qualquer comprovação, obviamente, ou denúncia robusta contra quem quer que seja do meu governo que esteja ao alcance da minha Bic, ela será usada”, disse o presidente na ocasião. 
 
CRONOLOGIA DE UMA CANETA
1944
Marcel Bich e o sócio Édouard Buffard compram fábrica em Clichy, França, para produzir componentes de instrumentos de escrita
1950
Marcel Bich lança a caneta com a marca Bic adaptando a esferográfica inventada pelo húngaro László Biró
1956
Chega ao Brasil
1970
Lança a Bic 4 Cores
1972
Passa a ser cotada na Bolsa de Paris
1973
Lança linha de isqueiros
1975
Lança sua lâmina de barbear
2001
A caneta Bic Cristal entra na coleção do departamento de arquitetura e design do MoMA, em Nova York (JOANA CUNHA, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) 


Leia mais sobre: / / Brasil