A bancada goiana no Congresso Nacional está articulada para evitar que Goiás perca a obra do 1º Centro Internacional de Distribuição dos Correios, anunciada em 2021, no porto seco de Anápolis. Nesta terça-feira, 10, o governador Ronaldo Caiado tem agenda na presidência do órgão, em Brasília.
A obra em Anápolis é vista como um ponto acima da curva para fortalecer ainda mais a vocação logística da região.
O motivo da tensão é que, sem citar que o projeto originalmente é para outro lugar, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, do partido do presidente Lula, o PT, anunciou que o quarto “Hub Internacional dos Correios” irá para o estado dela. O local seria São Gonçalo do Amarante.
Nota dos Correios
A reportagem do Diário de Goiás perguntou para a Assessoria de Comunicação dos Correios sobre a possibilidade de transferência do projeto, ou se o órgão pretende implantar dois centros de distribuição internacionais, sendo um no Centro-Oeste, em Anápolis, e outro no Nordeste, em São Gonçalo do Amarante. A resposta não descarta nem confirma os planos de mudança. Veja na íntegra abaixo.
“Eventuais prorrogações, adequações ou alterações temporárias de investimentos previstos em novas instalações conforme as tendências e necessidades do mercado são normais no meio empresarial. Assim como outras empresas que atuam no mercado concorrencial de logística, os Correios não divulgam detalhes sobre sua estratégia de negócios.“
Audiência para interceptar
Hoje, 09, a líder da bancada goiana, deputada federal Flávia Morais (PDT) informou que também foi solicitada audiência com o diretor-presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, para a próxima semana.
A intenção de todos é interceptar a manobra potiguar e tentar manter a obra em solo goiano.
Flávia Morais não vê outro motivo para um desvio de rota do projeto senão a ligação político-partidária entre a governadora e a principal força do governo federal.
Na presidência dos Correios, o DG apurou na tarde de hoje que a data da audiência ainda está indefinida, mas poderá ser na terça-feira, 17. A solicitação tem nomes de deputados e senadores goianos. Já o governador divulgou sua agenda com o compromisso em Brasília às 14h30, na presidência dos Correios.
União geral
Hoje o deputado federal Rubens Otoni, do mesmo partido que a governadora e o presidente Lula, primeiro disse que a “disputa não existe”. E declarou: “Pode ser até que tenha um centro lá, mas não quer dizer que seja o de Anápolis. Lá é outra região totalmente diferente”.
Depois, com a notícia de festa por parte de Fátima Bezerra para um Hub internacional dos Correios nos mesmos moldes que o goiano, ele reformulou a resposta. “O mais importante é que estamos unidos para garantir o investimento na cidade de Anápolis”. E acrescentou que isso envolve lideranças políticas de Goiás, independentemente de partido, as bancadas federal e estadual, “governador, prefeito, senadores etc”.
Perdas para Goiás
No domingo, reportagem do DG mostrou o deputado federal Ismael Alexandrino (PSD) condenando as articulações para transferir o projeto de estado. Ele citou os prejuízos para Goiás que já contava com a obra.
Tanto que, em maio, o governo goiano até assinou protocolo de intenções dando apoio institucional para a obra federal que tinha previsão de término até meados de 2024.
“São mais 300 empregos diretos e indiretos que esta unidade dos Correios vai gerar. Além do prejuízo financeiro para o nosso estado, já que a previsão de arrecadação com tributos é R$ 400 milhões por mês”, reforçou Alexandrino.
Histórico
No final de junho, o portal do governo do Rio Grande do Norte registrava que Fátima Bezerra comemorava o anúncio do primeiro centro internacional de distribuição de encomendas do Nordeste. O anúncio foi feito pelo presidente da estatal, Fabiano Silva dos Santos.
A descrição era que a unidade será a quarta do Brasil e o primeiro centro de distribuição de encomendas do Nordeste. Os demais estão no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.
Segundo a publicação, a governadora reivindicava a obra desde quando foi deputada estadual, e no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, tendo retomado o assunto há seis meses, portanto após a posse de Lula.
Depois disso, teriam sido feitos estudos e os Correios apontaram a viabilidade técnica da instalação do Hub no Nordeste, com sede no estado do Rio Grande do Norte.
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