09 de agosto de 2024
Política

Balestra: “É mais fácil José Eliton permanecer na vice”

Em entrevista aos jornalistas do Tribuna do Planalto, o deputado federal Roberto Balestra afirma que o Vice-Governador, em hoje mais força para conseguir novas filiações. O deputado mostra que colocou uma pedra sobre a briga politica em relação a presidência do partido. Em relação a participação do PP na chapa da base em 2014, o deputado acredita que será mais facil Zé Eliton continuar na vice do governador.

Eduardo Sartorato, Filemon Pereira, Marcelo Tavares e Murilo Soares (Tribuna do Planalto)

Deputado Roberto Balestra mostra sintonia com o vice-governador e diz que meta é fortalecer a legenda antes das eleições

O deputado federal Roberto Balestra (PP) parece ter colocado uma pedra sobre o longo embate que travou pelo comando do partido. Balestra foi substituído pelo vice-governador José Eliton, que chegou ao PP recentemente. Balestra, porém, demonstrar estar afinado com Eliton e hoje apenas preocupado em fortalecer a legenda para a sucessão do ano que vem. O próprio deputado federal admite que nesse momento o vice-governador tem mais força para atrair novos filiados à sigla. Segundo ele, esse fortalecendo do PP ajudará a manter o vice-governador na chapa majoritária de 2014. Roberto Balestra reforça o apoio a uma nova candidatura do governador Marconi Perillo (PSDB) e critica a fragilidade da oposição. Roberto Balestra visitou a redação da Tribuna do Planalto na segunda-feira, 27.
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Tribuna do Planalto – Como fica o PP sob a presidência do vice-governador José Eliton?
Roberto Balestra – A vinda dele foi mais que providencial. Quando assumimos o partido estava reduzido a pó. O compromisso que tínhamos era de fazê-lo novamente, de juntar os cacos. E foi o que foi realizado com a ajuda de todo mundo, todos colaboraram e correram atrás. Foi possível alcançar os 246 municípios. Agora, vem a segunda etapa porque o ano que vem é ano eleitoral e o partido, entre os maiores da base do governo, é o que tem maior chance de fazer um quadro de deputados estaduais com bancada maior. Logicamente que minha limitação (alcance) é grande, tenho relacionamento bom, mas o peso de um vice-governador é muito maior do que de um deputado federal, pois ele está no Executivo. Como ele pretende continuar como candidato (à vice), quanto maior esforço fizer para que o partido tenha espaço dentro do governo, maior será as suas chances de permanecer nesse cargo ou em um outro cargo de igual tamanho. Esse é o lado positivo de tudo que está aí. Nós tivemos um crescimento do partido porque são muitos os companheiros que estão sendo filiados já com a intenção de se candidatarem a deputado estadual e alguns até a federal. Consequentemente isso vai dar a oportunidade do partido fazer de cinco a sete deputados estaduais, e possivelmente, aumentar de dois para três ou quatro os deputados federais.

Por que houve um ruído tão grande na definição de José Eliton como presidente do PP?
Isso é assunto passado. Você nunca me viu dar entrevista. Fizeram todo tipo de crítica e comentários e nunca respondi, a não ser, uma vez quando disse que quem falava pelo partido era o presidente. Então, enquanto o presidente não se manifestou nada foi feito. E entre o Zé Eliton e eu sempre houve um grande relacionamento, até porque ao convidá-lo tinha a responsabilidade de transmitir a ele toda realidade do partido, o que foi feito. Nesse diálogo, na construção da vinda dele, nunca houve qualquer assunto que condicionasse a vinda dele a assumir qualquer cargo dentro partido. Posteriormente é que houve a manifestação que ele assumisse a presidência. E da minha parte houve total apoio. Sei do meu tamanho, da minha capacidade e o momento que estamos vivendo, ele exige não só a minha continuidade na construção do futuro, como de forças maiores para somar, para criar uma resistência a qualquer invasão de território, ou de partido contra nós.

O sr. tem histórico de ter construído e reconstruído o partido alguma vezes, como o embate com o ex-governador Alcides Rodrigues. Esse momento é diferente, o sr. está ao lado do vice-governador construindo o partido?
Ao lado, de braços dados e imbuído do mesmo espirito. Antes de vir para cá, estava com ele (com o vice-governador José Eliton). Conversamos sempre a respeito das atitudes que devem ser tomadas, antes de chegar a uma reunião para discutir com os demais (partidários). Temos liberdade e confiança mútua.

O PP teve outro projeto em 2010 e depois de passada a eleição o sr. trouxe o partido para integrar a base do governador Marconi. Hoje o partido tem condições de pleitear estar na chapa de 2014? É natural que José Eliton se mantenha como vice?
Entendo que sim. Porém, não posso faltar com a análise crítica politicamente do processo. Ou seja, quem vive política o tempo que vivo, tem de entender que o cargo de vice, ou senador, é construído pela força política que o partido apresenta. Por que desde o início estou insistindo para que o partido tenha chapa pura para deputado estadual e aumente o número de candidatos à Câmara Federal? Exatamente para dar suporte ao candidato a governador, para ele fazer uma opção de partido que tem base e que vai ajudá-lo. Nós ajudamos o Marconi sem estarmos na coligação, agora nós vamos fazer participando da coligação. Nós temos o controle do partido, naquela época nós não tínhamos.

O sr. diz que é o peso do partido é que deverá indicar o vice-governador, mas o PP hoje só tem um deputado estadual. Não é difícil?
Não importa. Se nós tivermos chapa pura, qual o outro que tem condição de lançar chapa pura? Qual?
O PTB também deseja compor a chapa majoritária e indicar o candidato a vice. O sr. prevê embate por essa vaga?
Nós também não só indicamos, como já temos ele. É mais fácil ele permanecer do que ser substituído. Para isso nós temos de ter o apoio, uma base forte para dar suporte, se não tivermos não conseguimos.

Para manter o José Eliton como vice, não seria mais importante ele não estar na presidência para não ficar acumulando funções?
Tudo é relativo. Daqui até a eleição pode haver mudanças. Depois do prazo de filiação o presidente nacional deve apresentar uma data para realização das convenções municipais para escolha dos diretórios municipais. E é ato contínuo, primeiro você tem de fazer o municipal para depois fazer o regional. Os delegados municipais vão votar para escolher o presidente regional. Acredito que isso vai ocorrer e José Eliton, como candidato, não vai querer permanecer (na presidência do partido estadual), mas isso é uma decisão que ele é quem deve tomar.

A data para compor os diretórios municipais e o diretório estadual deve ser quando?
Isso só o presidente nacional pode determinar. Não há um calendário definido.

Então é possível caminhar até a eleição com esse cenário que está aí?
Pode. Na última eleição para prefeito, praticamente, quem comandavam os diretórios eram comissões provisórias.

O sr. defende uma chapa pura para deputados estaduais, mas para federal isso é mais difícil?
Acredito que até o momento não existe nenhum partido que tenha condições de lançar chapa pura para federal. O natural é aquele chapão, mas isso pode alterar daqui para junho.

O projeto do sr. é a reeleição?
Não tenho projeto. Meu projeto é o que os companheiros desejarem. Não sei se continuo agradando. Não tenho vaidades.

Mas se for o desejo dos companheiros o sr. Concorre novamente?
Não sei, eles é quem tem de falar.

O sr. tem muita experiência e conhece a base do governador como poucos, pois esteve desde o início. Como o sr. vê o cenário de uma nova candidatura do governador Marconi? Ele diz que não é candidato e que na base há outros nomes. Como o sr. observa esse momento?
Todo momento em política é de reflexão. Por mais bem posicionado que esteja o governador, vice-governador, deputados e senadores, todo momento é de reflexão, porque a política é dinâmica, todo momento precisa ser avaliado. O fato de você estar bem hoje não significa que estará bem amanhã. Ele está certo em colocar-se como um nome, porém sem definição, mas trabalhando. O fato de não declarar candidatura não quer dizer que ele esteja parado ou que não vai participar de nenhuma ação. Aí é que ele precisa participar das ações, porque uma avaliação a partir do sucesso da pessoa é muito mais fácil do que uma imposição partidária ou imposição de um grupo. Líder não é aquele que diz ser, mas aquele que o povo faz. Se ele conseguir chegar levado pela população – quando falo população são partidos que dão suporte, porque cada um tem sua ramificação dentro da sociedade – , ele pode ser perfeitamente o candidato.

O sr. avalia que com essa agenda que Marconi está fazendo pelo Estado, ele pode chegar como grande favorito em 2014?
Tudo caminha para ele ser um nome forte. Não só por ele estar desenvolvendo grandes obras, melhorando a infraestrutura, mas também pelo trabalho na área social, que ele não esquece e que é desenvolvido desde o primeiro mandato. O Bolsa Universitária é um exemplo, é um trabalho que merece reflexão profunda… A cada eleição que passa, a avaliação não é mais apenas partidária, quem vota partidariamente é um grupo muito pequeno, é uma minoria. Hoje, com as informações que nós temos a tempo e a hora, temos uma possibilidade de fazer um conceito mais puro das administrações, isento de vaidade, porque você dispõe de muitas informações que não foram repassadas pelo interessado. O que que existia antes? ‘Eu sou prefeito ou sou governador e metia informação que só interessava para mim’. Hoje, pelas redes sociais e a imprensa, você são se limita a isso. Você pode ser prefeito, governador, presidente da república, morrer de colocar matérias que só interessa a você, só que a rede social trabalha no sentido de esclarecer a sociedade, fazendo contraponto. Então dá a cada um de nós a oportunidade de ter um conceito bem puro de como deve ser o candidato que nós queremos.

No meio do ano houve muitas manifestações, impulsionadas pelas redes sociais e aqui em Goiás houve um descontentamento com Marconi. O sr. acha que até 2014 essa imagem pode ser mudada?
Nas redes sociais, como você não identifica (um líder), você pode ter ela como um trabalho que é isento, que é verdadeiramente de massa, e ter um trabalho de adversário com intenção de te prejudicar. Mas você só vai poder confirmar isso na medida em que o tempo passa. Porque se você não conseguir sustentar a acusação que foi feita ela sucumbe, ela acaba e ai prevalece a verdade. Por mais que você tenha muitos argumentos, se eles não forem verdadeiros, eles vão cair…. Temos de deixar o tempo passar para fazer uma avaliação no decorrer do tempo. Como nós temos até 30 de junho muitas coisas novas vão acontecer.

O sr. acha que o PSD hoje, pelo tamanho do partido, está garantido na chapa majoritária da base aliada?
O governador já disse, e o Vilmar Rocha tem falado também. Mas avalio que a montagem da chapa só vai acontecer na hora certa. Como o próprio governador está dizendo que não sabe se é candidato, tudo pode acontecer.

Qual seria essa hora certa?
Daqui até 30 de junho.

Não é ruim construir uma candidatura com tanta antecedência?
O Lula construiu a candidatura da Dilma, porque ele tinha segurança do que estava fazendo. Ele passava por um bom momento, tinha o poder na mão – e soube usá-lo. Depois usou a mesma competência na indicação do prefeito de São Paulo (Fernando Haddad). Não tinha nem o governo nem a prefeitura de São Paulo, mas soube trabalhar, porque ainda tinha prestígio suficiente para uma indicação. Isso tudo deve ser analisado na escolha de um candidato. Quem é que terá esse poder na hora? A oposição tem diversos segmentos e estão tentando buscar uma unidade. Se ela vier, será um cenário. Se não, pode vir fracionada, com dois ou três segmentos, e ninguém sabe qual será o destino que se dará: se vão lançar candidato, se não, ou seguirão apenas nas proporcionais. São coisas que só o tempo pode apresentar. O caminho é trabalhar, independente de ser ou não candidato. Deve-se plantar todo dia e, quando chegar o momento certo, receberá a avaliação. Quem bate muito no peito, dizendo que é candidato de qualquer maneira, corre o risco de não ser.

Em relação ao discurso, houve aquele mote do tempo que o PMDB ficou no poder, que será o mesmo tempo da base aliada no governo atual. Isso de alguma forma prejudica o discurso? Causa um anseio por renovação?
Acho que vai depender do mote que existirá no momento. Não sei qual será o mote que a oposição usará contra a situação. E nem vice-versa. Em 1998, falávamos de uma maneira diferente. Falávamos “familiocracia”. Quando montamos o projeto, sabíamos que, pela pesquisa que a Grupom fez na época, o que mais pesava contra a situação era a “familiocracia”. Não tinha candidato a governador, mas já fizemos um projeto e tínhamos uma visão clara do que seria.

O próprio governador tem admitido que os desgastes que ele tem em relação a essa questão de tempo no poder. Como amenizar isso?
Não tenho bola de cristal. Acredito que todo trabalho é sempre avaliado. E um trabalho bem feito supera muito as coisas erradas. Tem coisas erradas que superam tudo de certo que você fez, mas acredito que um trabalho, como o que está sendo feito, dificilmente será combatido ou terá argumentos para ser destruído. Outra coisa, a primeira atitude de quem erra deve ser a demonstração de humildade. Se você cometeu um erro, deve ter a coragem de se apresentar, com humildade, e pedir desculpas. Mas uma coisa é pedir desculpas, outra é falar enganado. Quem acredita que o Lula não sabia do problema do Mensalão? Só que ele negou a vida inteira e morrerá negando. Mas qualquer criança que tem conhecimento disso sabe que não tem como ter acontecido sem que ele não soubesse. Apesar disso já ser página virada, é um exemplo claro. Então, por maior o erro cometido, se continuar trabalhando e procurado redimir-se, com a humildade de pedir desculpas no momento certo, dificilmente será condenado.
‘Trabalho bem feito supera muito as coisas erradas’

Se o governador Marconi não for o candidato, há condições de a base achar um nome e trabalhar unida por esse nome?
Não consigo responder a essa pergunta, porque nunca pensei em outro nome. Não é por fidelidade apenas de comportamento político, é de reconhecimento do trabalho que ele faz. Vejo a capacidade dele. Também observo uma coisa: o homem tem seu maior momento de plenitude entre os 50 e 60 anos. Agora, imagine um moço que tem 50 anos e foi secretário aos 21, deputado estadual, deputado federal, governador duas vezes, senador da república, vice-presidente do Senado e é governador novamente. Se nós, que temos um décimo de tudo isso, às vezes as pessoas acham que temos capacidade, imagine a capacidade de um homem desses. Você não constrói um político. E ninguém consegue tudo isso porque alguém pagou para ele ser. Na Câmara, quando alguém chegou à vice-presidência do Senado em circunstâncias como aquelas?

Mas se Marconi não for candidato, o nome poderia ser José Eliton?
Não sei, porque essa é uma situação que só vai ser vivida lá na frente, se por acaso acontecer.

A população está querendo um nome novo, o sr. não acredita nisso? As eleições em Goiás sempre foram disputadas por dois grupos políticos. O sr. crê na possibilidade de algo diferente disso?
Se tiver um candidato diferente… Quando digo “diferente”, é na verdadeira acepção da palavra. Marconi era diferente do Iris e veio em uma circunstância que nos favorecia. Então, é preciso que tenha um nome novo e que as circunstâncias sejam favoráveis.

Mas foi um momento único?
Aquele foi um momento em que nós tínhamos um resultado antecipado.

Como o sr. avalia hoje a situação das oposições?
A oposição sempre foi isso: enquanto estiver discutindo quem deve ser, o candidato da situação vai levando vantagem. Se ela começar a discutir o que fazer e como construir, passa a levar vantagem. Eles deveriam focar no que estão errando. Já estão fora do poder há 16 anos.

Em relação a Inhumas, que é sua principal base, há diálogo com o prefeito Dioji Ikeda?
Nunca deixou de ter. No interior, essa relação entre prefeito, deputado e governador, quando são de oposição, não é uma situação cômoda. Temos princípios de responsabilidade para ajudar o município, e é o que estamos fazendo. Só não posso participar dos momentos políticos que ele constrói. Seria uma falta de respeito de minha parte querer que ele me convide para eventos particulares da prefeitura, ou outros que ele participa. Mas, dentro do normal, quando há uma solenidade, como quando o governador esteve lá, na semana passada, sou um convidado como qualquer outro. Os recursos que podemos colocar, temos colocado. Ele ainda tem recursos da época do Abelardo (Vaz, ex-prefeito), que deixamos lá e não foram aplicados. Semana passada, por exemplo, ele cortou a gratificação dos comissionados e dispensou os garis. Essa é uma situação que ele está criando. Não vou dar palpite. Se ele me perguntasse, até responderia. Mas, em questão de emendas, recursos vão para Inhumas normalmente.

O sr. citou o ex-prefeito Abelardo. Ele, que trabalhou em uma situação oposta ao sr. em 2010, foi um dos principais coordenadores da campanha do Vanderlan Cardoso. Como está a relação de vocês hoje?
Entre nós nunca houve problema, a não ser naquele momento da eleição. Quando terminou o primeiro turno, a primeira coisa que fiz foi procurá-lo para pedir que esquecesse o que aconteceu e chamá-lo para nosso lado, para não deixar o grupo se esfacelar. Juntamos forças. Marconi ganhou no primeiro turno e no segundo também. Estamos juntos até hoje.

Hoje há uma conversa de que ele pode deixar o PP. O sr. acredita nisso?
Ele nunca me disse nada sobre isso. E, inclusive, ele está na nossa relação de pré-candidatos a deputado estadual. A mim, ele nunca disse nada e, segundo ele, também nunca deu entrevistas comentando sobre isso. Mas, se há exploração política, desconheço.

 


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