O crescimento patrimonial do senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi informado pelo próprio parlamentar em sua declaração de Imposto de Renda do ano-calendário 2017, contrariando afirmação do tucano de que não houve qualquer aumento de seu patrimônio.
No campo destinado à “evolução patrimonial”, o senador preencheu seus bens e direitos e informou o aumento expressivo no período de um ano.
Em dezembro de 2015, ele disse que seu patrimônio totalizava R$ 2,5 milhões. Em dezembro seguinte, ele disse que saltou para R$ 8 milhões, uma variação de 320%, após uma operação financeira entre Aécio e sua irmã Andrea Neves envolvendo cotas que o senador detinha em uma rádio, a Arco Íris, conforme mostrou reportagem da Folha de S.Paulo nesta terça (13).
Em nota, o senador argumentou que reportagem é falsa e absurda, pois não teria ocorrido “a aquisição de qualquer bem pelo senador” desde 2014.
O crescimento de um patrimônio, porém, não é medido apenas pela aquisição de bens. Saldos em contas correntes, aplicações financeiras e dívidas a receber são também considerados patrimônio nas declarações de Imposto de Renda. Tanto que o próprio senador incluiu, também no campo da declaração destinado ao patrimônio, os R$ 6,6 milhões referentes à venda de suas cotas, para sua irmã Andrea, na rádio Arco Íris.
A Folha de S.Paulo não divulgou que Aécio adquiriu bem, ao contrário do que ele afirma, mas sim que o seu salto patrimonial se deve a uma operação que envolvia a venda de suas cotas na rádio Arco Íris. Dos R$ 6,6 milhões em cotas adquiridas pela sua irmã, Andrea, R$ 380 mil foram pagos naquele mesmo ano. O restante seria pago em 48 prestações, conforme declaração à Receita.
Na nota desta terça-feira, a assessoria também afirma que a Folha de S.Paulo confundiu crescimento patrimonial com valorização de um patrimônio pré-existente.
Aécio, entretanto, não continuou com seu patrimônio pré-existente, mas sim se desfez dele, em troca do pagamento de R$ 6,6 milhões. Esses valores financeiros é que foram incorporados ao seu patrimônio, conforme informado por ele no Imposto de Renda, e não cotas de uma empresa pré-existente.
A operação que gerou o aumento do patrimônio de Aécio não foi uma atualização de valores, mas sim o pagamento, pela sua irmã, de montantes que foram incorporados ao patrimônio do parlamentar, como ele mesmo declarou à Receita Federal.
A quebra do sigilo fiscal do tucano foi ordenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em uma ação cautelar que corre paralelamente ao inquérito que investiga o parlamentar por ter pedido R$ 2 milhões ao dono da empresa de carnes JBS, Joesley Batista. A Folha de S.Paulo teve acesso aos documentos da investigação. (Folhapress)
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