24 de novembro de 2024
PANDEMIA

Aumento da obesidade entre crianças e adolescentes é reflexo de mudanças no estilo de vida, diz especialista

Levantamento do Observatório de Saúde na Infância aponta que obesidade entre crianças de até 5 anos foi de 6,08%
Entre pessoas de 10 a 18 anos, aumento observado foi de de 17,2%. (Foto: Reprodução)
Entre pessoas de 10 a 18 anos, aumento observado foi de de 17,2%. (Foto: Reprodução)

A obesidade e o sobrepeso entre crianças e adolescentes aumentaram significativamente no Brasil entre 2019 e 2021, período de isolamento da pandemia da Covid-19. O levantamento do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância – Fiocruz/Unifase) aponta que entre as crianças de até 5 anos de idade, o crescimento foi de 6,08%, e entre pessoas de 10 a 18 anos, de 17,2%.

O levantamento é baseado no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan-WEB), que consiste em uma ferramenta para monitorar os indicadores de saúde e nutrição. Os pesquisadores analisam que as causas para a obesidade e sobrepeso são a diminuição de exercícios físicos e desajuste na alimentação.

Segundo o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini, a obesidade infantil e de adolescentes no país é uma grande preocupação de saúde pública. “Apesar de observarmos uma queda nos últimos anos, o Brasil ainda possui números acima da média global e da América Latina. Nos anos de pandemia, observamos um aumento nos índices de obesidade infantil, possivelmente como consequência do aumento no consumo de ultraprocessados durante o período de isolamento”, explica.

O ponto foi reforçado ao Diário de Goiás (DG), pelo Médico Nutrólogo e Intensivista, José Israel Sanchez Robles, que afirmou que a obesidade durante a pandemia é um fenômeno “preocupante e multifatorial”. “Antes de tudo, é importante entender que a obesidade é uma condição complexa, influenciada por fatores genéticos, comportamentais, sociais e ambientais. Durante a pandemia, diversos fatores contribuíram para o aumento da obesidade infantojuvenil”, afirmou.

Possíveis causas

Segundo o Médico Nutrólogo e Intensivista, o primeiro aspecto que deve ser observado, em relação às possíveis causas da obesidade, é o confinamento e restrições de mobilidade, que resultaram em uma redução significativa da atividade física. “As escolas, importantes centros para a prática de exercícios físicos e esportes, estiveram fechadas ou funcionando de forma limitada. Além disso, parques, centros de lazer e outras áreas comuns também foram restritos, limitando as oportunidades para atividades físicas ao ar livre”, disse.

Além disso, ele cita as mudanças de padrões alimentares. “Com o aumento do tempo passado em casa, observou-se um aumento no consumo de alimentos processados e fast-food, muitas vezes ricos em açúcares, gorduras e calorias. O estresse e a ansiedade, comuns durante este período, também podem levar a comportamentos alimentares não saudáveis, como a alimentação emocional”, relatou.

Sobre a inatividade física, José também afirma que a exposição prolongada aos aparelhos eletrônicos, tanto para educação quanto para entretenimento, também contribuiu para a inatividade física, podendo gerar impactos negativos nos padrões do sono, que também pode ser associado ao ganho de peso.

“Portanto, o aumento da obesidade entre crianças e adolescentes durante a pandemia é um reflexo de mudanças profundas em seus estilos de vida. É essencial que as políticas de saúde pública e as estratégias familiares abordem esses desafios, promovendo atividades físicas regulares, alimentação balanceada e saúde mental, para combater esse aumento preocupante da obesidade nessa faixa etária”, diz.


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